John MacArthur Jr.
Mesmo crentes nascidos de novo devem tomar cuidado para não roubarem a glória que só a Deus é devida. Certa vez um jovem aproximou-se de D.L.Moody e declarou: "Sr. Moody, acabamos de passar a noite inteira numa reunião de oração. Veja como brilham os nossos rostos! "Ao que Moody respondeu: "Moisés não sabia que seu rosto brilhava". É um fato. Não procure tirar qualquer glória de Deus, pois você só sairá perdendo, e nada conseguirá.
Se aquilo que eu disser não for para a glória de Deus e sim para a minha própria glória, seria melhor calar-me. Se eu der um estudo bíblico para minha própria glória, não tenho a bênção de Deus sobre ele. Devo preferir Sua glória acima de todas as outras coisas.
A confissão do pecado glorifica a Deus, porque se desculpamos nosso pecado, estamos acusando a Deus. Estaremos dizendo que somos incapazes e que Deus nos deixou num impasse. Adão ilustra esta atitude. Quando Deus o repreendeu, qual foi a desculpa? "A mulher que tu me deste..." (Gênesis 3:12). Como se dissesse: "O Senhor fez isso, Deus. Se não tivesse me dado essa mulher, isto nunca teria acontecido". Se fizermos assim estaremos levantando a possibilidade de haver injustiça em Deus. Mas Ele não tem culpa alguma. Deus nunca age com injustiça. Quando um individuo procura esquivar-se da responsabilidade absoluta pelos próprios atos pecaminosos, está culpando o caráter de Deus. Temos uma ilustração elucidativa em I Samuel. Há anos os filhos de Israel não obedeciam a Deus, e agora travavam uma enorme batalha contra os filisteus. Alguém disse: "Estamos em apuros! Vamos trazer Deus para o nosso lado. Vá correndo buscar a Arca!" A Arca representava Deus. Quando ela chegou na linha de frente os israelitas aclamaram com vivas como se a luta já tivesse sido ganha. No entanto, os filisteus capturaram a Arca e levaram-na ao templo de Dagom, o falso deus dos filisteus. Deus não gostava daquele lugar, e por isso derrubou o ídolo (I Samuel 4:2-5:1 Samuel 5:1-4). Deus não havia terminado. "Porém a mão do Senhor castigou duramente os de Asdode, e os assolou e os feriu de tumores..." (5:6). Todos os homens da cidade tiveram tumores horríveis em suas partes íntimas. Deus os castigava pelo destrato com que lidaram com a Arca. A resposta desses filisteus foi muito interessante. Gamaram ao céu, ao Senhor (v.12). O capítulo 6 relata que decidiram devolver a Arca e aplacar a Deus com uma oferta pela culpa. Aparentemente uma praga de ratos atingiu os filisteus na mesma época. Seguindo o costume pagão, fizeram uma oferta que incluía imitações em ouro dos tumores e ratos, a fim de dar "glória ao Deus de Israel" (v.5). Este ato deu glória a Deus porque constituía uma confissão de pecado. Foi o reconhecimento de que o mal que lhes sobreveio resultou de sua ofensa a Deus. E uma vez feito o ofertório e a confissão, eles "exoneraram" a Deus e exaltaram Sua reação santa contra o mal que haviam feito. Diziam, com efeito, "Deus, Tu tens o direito de agir assim por causa daquilo que nós fizemos". Isso deu glória a Deus. Quando o castigo vem como disciplina do Senhor, reaja dizendo: "Deus, mereço todo esse castigo. Sei disso porque o Senhor é santo, e precisou fazer o que fez". Isso dá glória a Deus.
Não temos que implorar o perdão de Deus. Confessar significa concordar com Deus que o pecado é culpa nossa, e arrepender-se. Isto glorifica a Deus. Glorifique-o através da fé.
Deus é glorificado quando confiamos nEle! Se eu fosse perguntar a você se acha que Deus cumpre a Sua palavra, provavelmente responderia que sim. Depois, se perguntasse se você vive como se Deus cumprisse Sua palavra, provavelmente responderia: "Bem, eu..." Essa é uma razão pela qual o mundo não tem muita certeza do tipo de Deus que nós temos. Vamos glorificar a Deus confiando nEle. Se não confiamos, fazemo-lo mentiroso (1 João 5:10).
Lembre-se como Joabe lutou contra Rabá e ganhou a vitória? Quando conseguiu a coroa do inimigo, mandou-a para Davi (II Samuel 12:26-31). Penso que esta é uma boa ilustração de como age o cristão - ou deve agir. Você ganha uma vitória em sua vida, mas não usa a coroa. Você a oferece para o Senhor que lhe deu a vitória.
O descontentamento é uma característica do mundo em que vivemos. Podemos estar descontentes conosco mesmos e com nossas circunstâncias. Mas quem é que nos fez da maneira que somos, com excessão dos nossos pecados? Deus. Assim, devemos estar contentes conosco. Quem nos colocou na situação presente com todas as suas circunstâncias? Somos o que somos, seja lá o que somos, porque Deus nos colocou aqui. Quando se está contente, reconhece-se a soberania de Deus na vida, e isso glorifica a Deus. Se estamos descontentes ou insatisfeitos, nossa reclamação verdadeira é contra a sabedoriade Deus.
"Se tenho que gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza (v.30). Ele não disse: "Glorificarei a
Deus apesar da minha dor". Ele disse: "Glorificarei a Deus
por causa da minha dor". Este é um homem contente.
O descontentamento é pecado porque rouba a glória de Deus. Um cristão descontente, seja qual for a razão — lar, emprego, localidade, marido ou esposa, filhos - é péssima propaganda para a soberania de Deus. Que espécie de Deus nós temos? Ele merece confiança? Podemos estar contentes com as circunstâncias em que Ele nos coloca? Davi disse: "O Senhor é a porção da minha herança..." (Salmo 16:5) e ainda continua: "Caem-me as divisas em lugares amenos..." (v.6). Davi estava dizendo que já que o Senhor é a porção da minha herança, já que tenho recebido o Senhor, as minhas divisas, as divisas que ele me dá são aprazíveis" — "é mui linda a minha herança. Bendigo o Senhor que me aconselha..." (w.6,7). Glorificar a Deus significa louvá-lo com coração pleno de contentamento absoluto, sabendo que nossa porção é o plano de Deus para nós, agora. A aceitação disso com contentamento dá glória a Deus.
A igreja está repleta de impostores como Mateus 13 nos adverte na parábola do trigo e do joio (36-43). Surge então uma questão interessante e importante. Como se pode saber se uma pessoa é cristã genuína ou falsa? Há diversos critérios, mas entre os mais importantes está a questão da obediência. Uma pessoa pode dizer: "Ah, sim, eu creio, eu creio." Mas se sua vida não for de obediência Àquele a quem professa como Senhor, algo estará errado - horrivelmente errado. Não combina. Nosso Salvador perguntou: "Por que me chamais Senhor, Senhor e não fazeis o que eu vos mando? " (Lucas 6:46). As pessoas têm direito de suspeitar de alguém que diz crer em Jesus mas não revela nenhuma transformação em sua vida, que sustente a genuinidade da sua chamada fé. Tiago declarou que a fé tem que resultar em certas obras a fim de ser visivelmente válida. Se você realmente acredita em Deus, haverá evidências na sua forma de viver, nas coisas que você diz, e nas coisas que você faz. Há uma relação inseparável entre obediência e fé — quase como duas faces de uma moeda. É difícil falar de uma sem incluir a outra. Você cresce espiritualmente quando obedece — como filhos obedientes que crescem para ser adultos maduros, obedientes e produtivos.
"Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele verdadeiramente tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele"(I João 2:5) e também, "Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos" (2:3). A palavra "guardamos" leva consigo a idéia de obediência vigilante, observadora. Mas não é uma obediência ligada à pressão ou força. Não dizemos: "Bem, eu tenho que obedecer porque se não o fizer serei aniquilado por um martelo divino".
Não é nada disso. É mais como: "Estou ansioso por fazer isso!"
O Novo Testamento Grego de Alford define guardar como
vigiar, ou guardar, ou manter algo precioso". O verdadeiro crente demonstra que conhece a Deus por um profundo desejo em seu coração de ser obediente. A guarda habitual, a cada momento, da Palavra de Deus num espírito de obediência é sinal do cristão maduro. Quando as pessoas dizem ser cristãs mas vivem como bem entendem, completamente desinteressadas em obedecer os mandamentos de Deus, elas debilitam aquilo que dizem.
Quando uma pessoa se torna crente, reconhece abertamente que Jesus é seu Senhor. Se ela realmente O entroniza, ela se submete com alegria à autoridade de Cristo. Se a pessoa diz a Jesus: "Tu és Senhor!" a questão está terminada. Os que continuam a guardar os Seus mandamentos são os que estão realmente conhecendo a Deus, seguros nEle.
E se procuramos ser obedientes, mas falhamos - somos condenados? Tenho lutado com este problema há tanto tempo que creio poder ajudá-lo a entender como é. Temos que distinguir entre obediência legal e obediência graciosa.
A obediência legal exige obediência absoluta, perfeita, sem falha alguma. Se uma vez a lei for violada - morte! É essa a dor e a falha da obediência legal. Mas existe a obediência graciosa, onde as próprias palavras têm um som melhor. A obediência graciosa pertence à aliança da graça. É um espírito amoroso e sincero de obediência que, embora repleta de defeitos, é aceita por Deus, pois suas máculas são apagadas pelo sangue de Jesus Cristo. Percebe a diferença? Na aliança da graça, Deus olha o coração, não as obras. Fico contente com isso — e você? Se Deus me julgasse pela obediência legal, eu passaria a eternidade no inferno. Mas Deus olha para mim e diz: "MacArthur, com todos os seus defeitos, você tem um coração que tende a me obedecer. Você possui um espírito que deseja submeter-se ao meu senhorio, mesmo que você falhe com freqüência". É por isso que nós somos abençoados por nos encontrarmos deste lado da cruz. Jesus morreu para que Seu sangue cuidasse dos defeitos da obediência. É muito melhor estar sob a obediência graciosa do que sob a obediência à lei.
Deus não espera perfeição absoluta. Se você fizer alguma coisa errada ou tiver alguma falha, Ele não diz que você está acabado e não é mais cristão. Não, pois Deus olha para o jorrar constante de um coração que tem em si o espírito de obediência. O verdadeiro cristão tem o desejo de se submeter a Jesus Cristo mesmo que nem sempre ele consiga cumprir o desejado. Mas Deus lê por trás das meras ações e o aceita. Tal obediência não se baseia na lei, mas no amor; não no temor mas na amizade. Vários versículos de João destacam isso. Quando Jesus falou que voltaria ao céu, Ele não disse: "Guardem os meus mandamentos - senão..." Ele disse: "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama..." (João 14:21). Assim, obedecemos, não por temor, mas por amor.
Estar cheio do Espírito Santo significa estar totalmente sob Sua influência de forma a sermos enlevados pela Sua direção, Seu poder e Sua energia. E quanto ao
meio pelo qual isso ocorre? Como acontece a plenitude? É muito simples: uma questão de entrega de nossa vontade, mente, corpo, tempo, talentos, tesouros, cada área de nossa vida ao controle do Espírito Santo. É dizer apenas: "Quero que o Espírito de Deus seja o primeiro, a influência sobrepujante e controladora de minha vida"
Estar cheio do Espírito significa viver cada momento como que estando na presença de Jesus Cristo. Pode-se levantar de manhã e dizer no coração: "Bomdia, Senhor! É o teu dia e quero que o Senhor continue me lembrando de que está ao meu lado". É bem prático isso. Quando Satanás aparecer, você poderá dizer: "Cristo, sei que o Senhor está em mim. Impeça-o, Senhor. Estou sendo tentado e preciso de Tua força agora mesmo!" É também bem prático quando se chega na hora de tomar decisões. "Senhor, não sei para onde ir. Tenho duas escolhas, dois caminhos. Mostra-me o certo, Senhor". Se você estiver realmente consciente de Cristo em sua vida, Ele entra e escolhe por você durante todo o dia.
A gratidão enche a alma com o sol de Deus, enquanto a ingratidão fecha as janelas da alma, não permitindo que brilhe a luz de Deus, transformando a vida em neblina. Para o crente, toda circunstância deverá ser causa de louvor.
Na vida cristã é possível apenas ser controlado pelo Espírito ou ser controlado pela carne. O Apóstolo Paulo usou os termos espiritual e carnal. O crescimento de conformidade com a imagem de Cristo ocorre somente
quando se é espiritual, quando se anda no Espírito, quando se está cheio do Espírito. Quando a pessoa é carnal, é neutra, está em ponto morto e não chega a lugar nenhum. "Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim, como a carnais, como a crianças em Cristo. Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido, porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais" (1 Coríntios 3:1,2). Paulo diz aos coríntios que não pode dar-lhes comida sólida que os faça crescer em maturidade, porque a carnalidade deles eliminou seus dentes espirituais e eles deverão mamar apenas leite. O crescimento fica retardado pela carnalidade. Só pode haver crescimento quando se permite que o Espírito produza energia. Assim, quanto mais freqüentemente se está sendo cheio, mais rápido é o índice de crescimento. A maturidade resultará da diminuição da freqüência das horas carnais e do aumento das horas espirituais. Abasteça-se, amigo, e prossiga para o galardão — para ser feito conforme Cristo.
Como redimidos pelo Senhor Jesus Cristo, somos purificados. Como somos purificados, confessamos nossos pecados. E como confessamos, conquistamos a vitória. Não importa quão profunda seja sua culpa, nem quão freqüentes as suas falhas; venha a Deus em confissão contrita e permita que Ele faça Sua obra em sua vida.
Como Jesus demonstrou-lhes Seu amor? Lavando seus pés sujos, tomando o papel de um escravo, fazendo o que era desagradável - o que era sacrifício. Amar ao próximo não é sentir impulsos emocionais. É servir. Quando sacrificamos voluntariamente o que queremos, pelo bem do próximo, quando escolhemos suprir a necessidade de alguém em vez de satisfazer nossa própria necessidade, então, realmente amamos (não importa quais sejam nossas emoções). É isso que Deus espera de nós. O Apóstolo João resume o amor como chave para o crescimento espiritual com palavras simples e conhecidas: "Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade" (1 João 3:18).
O cristianismo é a melhor coisa que existe no universo! No entanto, a maioria de nós tem que ser lembrada constantemente de como é maravilhosa a vida cristã. Precisamos apenas dar uma olhada no livro de Efésios, que nos diz que somos superabençoados (1:3), superescolhidos
(1:4), superaceitos (1:6) e superperdoados (1:7). Em Cristo somos sábios (1:8), ricos (1:11) e seguros (1: 14). Estamos vivos com vida nova (2:5). Somos objetos da graça eterna (2:7).. Somos a obra prima de Deus (2:10) e estamos próximos de Deus numa união misteriosa com Ele e com todos os outros crentes (2:13). Somos um corpo (2:16) com acesso a Deus por um Espírito (2:18). Somos o templo de Deus (2:21) e a habitação do Espírito (2:22). E somos poderosos (3:20)
A oração é natural para o cristão. É a respiração vital do crente. A razão pela qual alguns crentes andam tão abatidos e exaustos é que prendem sua respiração espiritual quando deveriam estar abrindo seus corações para Deus e recebendo a atmosfera divina que os cerca — Sua divina presença. Aquele que não estiver fielmente em oração, luta constantemente contra sua natureza espiritual. Está segurando seu fôlego espiritual.