Joaquim Neto Ferreira
Quando escrevo, escrevo o que o escrito que ser dito e ás vezes tento convencê-lo do contrário e mais me convenço que estou sendo manipulado.
FELICIDADE É DESCREVER...
Felicidade é ter
o seu amor junto a mim.
É descrever ao mundo
de pincel colorido.
Felicidade é amar
sem nunca ter sofrido.
É descrever a todo
o sentimento assim.
Felicidade é ter
o pensamento como loucura.
É descrever o sentimento
sem saudade.
Felicidade é ter
o amor sem maldade.
É descrever as emoções
com ternura.
Felicidade é viver
a vida eternamente,
É descrever momentos
sem passados.
Felicidade é ser alegre
sem ser magoado.
É descrever
a amizade sorridente.
Felicidade é ter
a amada do lado,
É descrever o amor
nas nossas mentes.
CÂNTICO DOS ABUTRES
Cântico imundo
de choro virulento.
Das malícias
ermas pútridas desprovidas,
Abutres de refúgio.
Nas carnes, consumida,
Lacaios cadentes
de fome no momento.
Ser surdo na orla
do ciclo tragando,
Focos das lágrimas
ufanas no além.
Nas ruínas macabras
que te mantém.
Nos terríveis
esgotos fecais, defecando.
Renuncias de fezes
e vermes germinando.
A ave nebulosa
do excremento obsceno.
Do nojo reprimido
que escarro e aceno.
De pena e pesar
na secreção saboreando.
Na soberba à vontade
da reação faminta,
Das vísceras necrosadas
e fétidas rasgando.
AMAR
É sentir o que o outro está sentindo.
É ouvir a canção docemente.
É falar tudo o que se sente,
É dizer ao mundo sem está fingindo.
Amar é sentir a voz do coração.
Amar é falar com gritos do amor,
Amar é pensar sem ter temor,
Amar é dizer com emoção.
É silenciar o ódio e o ciúme.
Amar é dar glória ao perdedor,
É saborear o beijo num perfume.
Amar é viver com sabedoria,
É esquecer o orgulho sem ter dor.
Amar é ser sempre um vencedor.
ANJO NEGRO
Anjo negro da noite
caído no palco.
Enterrado pulsando
fétido e negado.
O manipulador da vida
no teatro
E nas veias
Incessante e vivenciado.
Amargo néctar
Sereno no descuido,
Machucando alucinado.
E seduzindo.
Ser atrevido
Insaciável em fluido,
Egoísta meloso
Carnudo e vindo.
Anjo sem pudor
Regressando disfarçado.
Nas asas tristonhas
Silabas de alívio,
Anelante
Que inclina dilacerado.
Ser inebriante
Difamado e exilado.
Na cova de vigília
Faíscas da compaixão,
Consumado e confundido
Na transgressão.
DOR DA SAUDADE
A saudade causa
Distúrbio no coração.
Quando se ultrapassa
Os limites do amar.
Quando se cala
No grito e na solidão.
Aquela vontade
De se querer encontrar.
A saudade sangra
As lágrimas do amante.
Num sofrimento
Escuro e disfarçado.
De um entristecer
Nu angustiante.
De um sentimento
Vencido escravizado.
A saudade é medo
De perder que silencia.
É inquietação
No profundo da mente.
E vencimento
Negado e insolente.
De uma dor
Comprada a prazo e oriundo.
Que nos parcelando
Á vista as utopias.
Sucumbe e infinda,
Nosso crédito no mundo.
SEM TEU AMOR
Sem teu amor,
Sou um verme triste e vazio.
Um germe em busca
Do sórdido alimento.
Um protozoário vivo,
No vil pensamento.
Sem teu amor,
Padeço ao relento
E no frio.
Sem teu amor
Sinto a solidão
No arrepio.
A saudade é lagrimas
E um tormento.
De suspiros e gemidos
Do sentimento.
Sem teu amor,
Da desventura não desvio.
Sem teu amor,
Não enxergo e nem desconfio.
Do insano escravo
Do meu descontentamento.
Da inefável malicia
Do fingimento,
Sem teu amor
Meu mundo é sombrio,
E as tristezas
Vagam sem convencimento.