João Frade
O meu maior medo não é perder coisas, mas sim esquecê-las.
Porque só quando nos esquecemos, é que elas deixam de existir.
Não é dificil escrever tudo num só livro. Dificil é escrever tudo numa só frase.
Que se fodam os livros, eu só leio frases.
Sofrer faz parte da vida. Não tenhas medo de sofrer. Tem antes medo, de que os outros sofram por ti.
O meu círculo de malucos está fechado e com dificíl acesso. Só me dou com malucos com poucos distúrbios mas de maluquice assumida e sem medos. Não me arrependo, porque os malucos são os que fazem ou não outros malucos, como eu, não se sentirem de todo, malucos. No final de contas só me quero dar com malucos, porque para mim, se não fores maluco, não passas de um maluco.
Nunca sei se quero ou não. Quando digo que não quero é porque quero mas quando mais quero mais me assusto e então deixo de querer. Se deixo de querer, volto a sentir que quero, mas quando quero mesmo é quando deixo de querer. Dói me a cabeça.
O nosso caminho já está traçado, somos demasiados pequenos e insignificantes para achar que temos opção sobre o que quer que seja. Somos apenas um espectador resultante da constante evolução infinita à nossa volta. Somos uma gota de chuva que se dilui e desaparece num oceano interminável. O conceito de tempo sempre me fez confusão, é só mais uma maneira de injustificar tamanha impotência, tamanha inrrelevância, tamanha pequenez. Mas ainda assim, no meio de tamanha insignificância, existem sempre gotas que refletem a luz do sol e brilham acima de todas as outras sem noção do brilho que transmitem e rapidamente vão deixar de transmitir sendo substituidas pelas próximas. Tudo é passageiro. A vida, tal como a morte é passageira. Já estavamos mortos antes de termos nascido e já estamos nascidos antes de ter morrido. Somos o que somos e nada mais que isso. Dos astros viemos e aos astros vamos parar. Sou feito de tudo o que existe e tudo o que existe é feito de mim. O ar que respiramos é o mesmo do inicio. É o mesmo de todos os que aqui passaram. A matéria é a mesma. O sangue é o mesmo. A carne é a mesma. Apenas a mente se pode alterar. Apenas a mente nos pode libertar. Apenas a mente se pode diferenciar, na saúde ou na doença, até que a morte, finalmente, nos separe.