João Antonio N. Palmeira
Conhecimentos herdados condicionam a mente, adquiridos solidificam o ego, e os revelados transformam o ser.
Eu sou um rio que margeia livremente o curso existencial, cujas correntes ocultas norteiam com harmônica leveza seu caminho em direção ao oceano do Todo
Nenhum relacionamento sobrevive com imposições, acrescente regras e mais técnico se tornará o transgressor.
Não se engane, os atributos externos entorpecem os sentidos, mas é a essência interior que faz palpitar o coração.
Conheci o inexprimível por meio dos Vedas, a fé por meio da Torá, o silêncio por meio da Doutrina de Buda, o amor por meio dos Evangelhos, a devoção envolta em poesia por meio do Alcorão, a sabedoria por meio dos sábios, místicos e profetas e o mistério por transmissão Divina alcançou meu coração sem a necessidade de palavras.
Os grilhões da libertinagem camuflam-se sob os ímpetos instintuais, seus elos por serem invisíveis dão uma falsa impressão de liberdade.
Quando a verdade penetra o âmago do ser, a cegueira é revelada e um modo sublime de abrir os olhos é descoberto.
Ressentimentos, frustrações e ansiedades são fenômenos psíquicos que perturbam a paz interior fazendo a alma fibrilar, todavia, uma consciência que livra a mente das expectativas é o antídoto contra os frêmitos anímicos.
Quando as nuvens dos pensamentos se dissipam, o céu límpido da consciência torna-se ensolarado pela compreensão.
Transcendendo a dualidade do Tempo
Neste momento a mente humana divide-se em dois polos, passado e futuro, velho e novo, o que foi e o que está por vir. Porém o que muitos não percebem é que esse frenesi é constante, contínuo e permanente. Muitos se instalaram no ontem e outros fixaram-se no amanhã, e se alimentam de memórias ou de imaginações sem discernirem que ambos os fenômenos priva-nos de vivenciarmos o presente. Espero que nesse ano que se inicia haja uma evolução na consciência humana, e que todos os humanos que povoam a orbe terrestre possam transcender os movimentos pendulares da mente no aspecto temporal, para experienciarem a liberdade de vivenciar o presente. Vivam intensamente o dia chamado hoje, pois o agora é real, o que passou uma recordação e o que virá um delírio.
Natal
Muitos comemoram, porém pouquíssimos são aqueles que possuem a real percepção deste extraordinário evento. Muito aguardado pouco discernido, o natal se transformou no arquétipo de uma cultura supérflua, supersticiosa, cronológica, condicionada, consumista e religiosamente materialista. Todavia sob o substrato desses pseudos significados natalino jaz a real significação desse acontecimento que transcende a historicidade e a tradição preestabelecida. Na perspectiva histórica Natal foi o momento em que o Atemporal se sujeitou a dimensão espaço tempo, o Desconhecido se fez conhecido, o Inacessível se tornou acessível, o Mistério dos mistérios desvelou-se, o sem imagem revelou a sua “face”, o não humano tornou-se demasiadamente humano para que em sua humanidade o homem descobrisse a sua divindade. Quando o amor se personificou seu magnetismo foi tamanho que magos foram atraídos e vieram do oriente para adorá-lo, pastores abandonaram seus rebanhos e impelidos saíram ao encontro do Pastor de suas almas. Esses eventos nos dão um vislumbre de que ele veio trazer saciedade aos anseios insaciáveis do espírito humano. O nascimento do não nascido também evoca o desejo do Eterno de ser gerado em nosso interior e que o fruto desta gestação seja o surgimento de um novo homem pleno em amor com uma consciência Crística. Esse é meu Natal!
“Restam-nos sofrer as dores de parto até ser Cristo gerado em nós”.
Os que mais contribuíram para o progresso da consciência humana tinham algo em comum, não viveram padronizadamente.
A conscientização ambiental resultante da percepção de que somos parte de um todo e não meros entes supostamente superiores, alheios e exploradores, modificará nossa relação com a natureza, nosso "próximo" não semelhante.