João Aires
O destino brinca comigo como se fosse o seu brinquedo pessoal, na hora que penso que vou finalmente te ver, ele me coloca na sua caixinha e me guarda assim me impedido de encontrar meu bem amado...
Se um dia você acordar achando que o dia não sera dos melhores, pare um pouco e observe ao seu redor, talvez você esteja dentro de uma casa,deitado em uma cama quentinha, e pensando no café da manhã...
Mesmo sabendo da impossível,impossibilidade de ter você,continuo acreditando, no inacreditável, por que, não a vitoria sem batalha, e por você batalharei ate o fim, por que somente eu sei o quanto me doí, ter você só por telefone...
pai orgulhoso um dia o meu me pegou no colo e disse que eu era uma coisa que ele nunca tinha pensado. Se tivesse pensado não teria saído melhor. Ficam aqui as minhas primeiras preocupações
Caminhos dos antepassados Ao andar pela praia em um país novo da América do Sul, poderia ser em qualquer das Américas, mas pela herança ,pelos antepassados, está para este aqui , beirando o Atlântico Sul . No caso não tenho raízes aqui nos últimos 500 anos mas no povo sim, é familiar, é um jeito de ajeito,fazendo uma discreta acomodação, pronto, estou no meu meio. Sinto os meus antigos chegando aqui na praia ,descendo dos botes com os meus camaradas ,armados, espadas às cintas, punhais na alma,determinação de conquista.,me chamando de Pero Alfonso. Se procuramos e encontrarmos alguém, ali, acolá, talvez assustados, talvez os meus também, vamos catequiza -los, viemos em paz, caímos aqui, não somos maus, só vamos salvá-los, se não quiserem vamos ver direito, esperamos que aceitem. Temos conhecimento dessas coisas, Deus nos autorizou. Se precisarmos estaremos prontos para limpar os impuros, os amaldiçoados desta vida, fazer uma limpa.,resolver a terra .Somos amigos de todos, temos meios mas não há outro modo, se não nos quiserem ,a nós e ao nosso modo vai ser mais fácil,resolvemos e está resolvido Somos católicos e para que tenhamos nossa tarefa completa impõe- se a lei da igreja. Os judeus entenderam, foram- se ou somos nós, estão aqui no nosso interior, domesticados, assimilados. Então a praia é um começo, onde se chega, cabeça de ponte, se estabelece e se parte para dentro ,adiante. Até onde irmos, até nos pararem porque não passamos ou não conseguimos. A terra é nóssa. O que vamos fazer com ela, não consigo ver ainda ,estão mexendo os cordões dos personagens, só suspeito do que tenho que fazer. Seguir adiante, continuar, ter fé, esquecer as injustiças que fizeram, os autos de fé implacáveis, que não consigo aceitar que tenho culpa pelos malfeitos. Sou inocente. Trouxemos uma outra gente que aceitou o que falamos, facilmente . Receio que hoje e sempre, aceitam qualquer falatório, de outras gentes, já vejo isso. Então, chamarei os meus, aqueles novos, os antigos, mostrar o caminho meio que dificultado de enxergar na mata. É a sina, o destino. Precisamos completar o que é para se fazer . . João Aires
Toda vez que se faça qualquer promessa ou juramento, seja de lealdade, fidelidade, ou convivência em que há a participação de outro ser humano, é mera fantasia. Sendo assim o casamento é só uma cerimônia, uma inauguração
Família Damasco ,a Eleusina A Eleusina era natural de Goiás, lá do meio do cerrado e toda família com o tempo veio para São Paulo, só ficando os parentes afastados longe desse propósito. Nessa capital todas as seis irmãs se casaram, todas com homens vindo dos rincões brasileiros, um gaúcho, outro descendente de alemão, um italiano, outro ainda libanês, um espanhol ,outro ainda de São Paulo mesmo. As irmãs se falavam, todas tiveram vidas diferentes,as dificuldades eram para todas, as facilidades não. Poderia enumerar as tristezas que passaram, seria longo percurso e uma coisa ocorreu que juntou as irmãs num movimento constante ,o tempo. Este passa e pode se então dizer como foi a vida de cada uma delas, o que aconteceu de especial, como se comportaram em relação à vida que estavam passando, para todas o seu modo peculiar de resolver as dificuldades. A Eleusina, moça bonita, morenada, estava com o marido músico ,este tocava violino divinamente .Pudera! O pai era maestro, tinha uma escola de música, tocar instrumentos. Além de ser famoso,era bom para a nora a quem mimava muito e convidou o casal harmonioso para morar com ele, numa casa bonita, grande lá na Penha.,numa curva da Avenida Penha de França .
Era muito satisfação para as irmãs verem que a Eleusina estava se dando bem ,crescendo no conforto , Mas o que parece bom, maravilhoso, tem os seus esqueletos, a sogra fazia jus à fama de malvada, não que fizesse algum mal para ela,não, é que do momento que a Eleusina entrou na casa após a lua de mel de seis dias, nunca mais lavou louça, limpou chão, lavou roupa., dizia-se cansada, que nada mais suportava ,sobrando então todo o serviço doméstico da casa .Jamais era exigida pela sogra que subrepticiamente fazia isso ,não a afrontando com mandos e desmandos, no final era mesmo mando. No começo ia tudo bem mas casal novo, arrumam filhos rapidinho , mais trabalho ,fraldas e noites e noites sem dormir direito. Mas afinal estava acostumada como as irmãs também a dar duro na vida, a enfrentar problemas, e receber pouco.
Tudo ia bem, o sogro bonzinho apitou na curva do trem ,desceu aos interiores da terra num caixão de madeira de lei, a sogra despencou descarregada de motivação para viver, ficou numa cama exigindo agora aos berros e manias um tratamento de atenção e cuidados. O filho Hypólito então começou a beber, chegando meio calibrado, depois descalibrado ,finalmente trebado ,e tarde da noite. A Eleusina fazendo de tudo para suportar resignadamente o trabalho todo e agora o afastamento quase que diário do marido,incapaz de ver a tempestade se firmando no firmamento. Até que a sogra num caso de crise cardíaca foi-se desta para melhor. Afortunadamente as canseiras da Eleusina diminuíram, ao mesmo tempo que umas dores abdominais, umas cólicas frequentes levaram a um ponto de diagnóstico cirúrgico de ttumoração no colo intestinal. Feita com sucesso,principalmente devido ao empenho do Hypólito que moveu céus e terra para que um cirurgião famoso fizesse,a cirurgia lá no hospital Santa Catarina. Resolvidas essas questões, a Eleusina já farta de ver o Hypólito sempre de pileque, resolveu aderir à bebida. Quem sabe melhoraria a sua paciência para com esse rufar contínuo de alegrias e tristezas alternadas. Foi até o fundo do poço, dando mais trabalho do que a sogra dava. Um inferno em vida para os filhos já grandinhos, adolescentes. Começou a ter convulsões, tomava remédios como mantimentos, bebidas alcoólicas como água benta, da salvação. Pelo contrário, num domingo pela manhã foi encontrada no banheiro afogada na banheira cheia de água, As portas dos banheiros e dos quartos não tinham trancas, chaves, devido a Eleusina ter se fechado várias vezes antes nesses cômodos e também nos banheiros. O Hypólito procurou vários amigos médicos pedindo o atestado de óbito, negaram logicamente. Só um tio dele, examinou o corpo e deu o atestado. As irmãs suspeitaram de um crime , não podiam afirmar , provar mas nunca se depararam com uma certeza, a irmã afinal não sofreu a mão do legista esgravitando o corpo. Nada fizeram contra o Hypólito mas quando rapidinho após a Eleusina ser enterrada no jazigo de outra irmã por falta de possuir uma campa e lá ficou vinte anos, o violinista mostrou-se em companhia de uma pianista, fazendo saraus e realizações conjuntas. Continuava bebendo o músico e num dia foi encontrado morto no elevador, o corpo caído do lado do instrumento, a mão procurando a companhia do instrumento. Com esse ele estava sempre à disposição, dormia com ele ao lado, ,como um enamorado, a competir com a Eleusina. Os olhos estatelados, fixos a frente talvez não acreditando que era a vez dele. Ele deve provavelmente dar explicações bem justificadas lá no etéreo para a Eleusina, pelas bebidas, contumaz no hábito ,pela vida folgada que teve até um certo tempo quando ela também entrou na roda dos egoístas que chegam a uma certa idade João Aires
Humanos e insetos Certo homem das ciências começou a estudar a sociedade das formigas e chegou à uma conclusão não final, seria necessário muito mais tempo para chegar na derradeira conclusão e ele talvez perdesse o ponto necessário para isso. Dizia essa não final, incompleta talvez que todas as formigas tinham o seu afazer, nenhuma vivia nas costas do outra, não havia presídio, nem cemitério. Viviam assim tocando a sua condição. Os sentimentos do amor, do ódio, da inveja não foram captados e não se percebeu nenhuma formiga matando o seu rival ou desafeto ,
por uma outra formiga. Não quer dizer muito em relação a uma sociedade de formigas mas elas continuam existindo nas cidades dos humanos, adaptando-se aos tempos. Já os humanos, mais complexos, tem esses sentimentos elevados mas os distúrbios, os aborrecimentos e as confusões causados por eles fazem grandes estragos na vida dos humanos. Se uma formiga vive cerca de dois meses, por aí, imagine então que a vida é rápida, certeira e não tem sentido algum perceber que um inseto tem que ter uma explicação ou um sentido na vida. Extrapolando para o lado humano, diriam que por viver mais tempo buscariam um sentido para a vida e morrendo, um sentido de ter feito uma existência plena, mas qual um sentido de um médico protelar a morte se perto desse local de salvação estão executando humanos por quaisquer motivos, todos torpes.. Se a própria sociedade faz existir diversas formas de abuso dos outros humanos caso de cobrar taxas ,impostos, licenças. Então o amor, diria existir somente numa mãe ou pai recente cujo rebento seja indefeso. De resto na sociedade humans evolutiva só há o interesse ,seja qual título, qualquer tempo, qualquer família,qualquer casal . Tudo volta para as formigas ,o sentido da vida de uma formiga deve ser necessariamente igual a de um humano, só que este mais bem elaborado João Aires
Família Damasco, a Ernestina A Ernestina era uma das irmãs Damasco,a mais versada em contas e números, era esperta e mal chegou em São Paulo conheceu um gaúcho, lá das cidades obreiras e industriais do Sul do Brasil. Foi conhecer o rapaz, em três meses resolveram casar, engravidou rapidinho e nasceu um menino .Não demorou um mês ,engravidou novamente, mais outro menino . A vida estava difícil para os dois,.com as criança e com a saudade da família do Almir. Foram-se embora de volta onde nasceu a terceira criança, uma menina .Lá mesmo no Sul perceberem que o primeiro filho tinha uma sequela do parto difícil, com comprometimento neurológico. Isso mudou radicalmente o comportamento da Ernestina que não querendo engravidar evitava o contato com o Almir ,mesmo assim engravidou. Fez uns três ou quatro abortos Nesse ínterim voltaram para São Paulo, a um convite mal interpretado pelo Almir que se viu após essa confusão, passando dificuldades chegando inclusive a ir morar com a sogra que os acolheram de bom grado mas visivelmente uma situação complicada pelo número dos moradores. Montaram uma pensão na avenida Rangel pestana, onde tentaram mais uma vez continuar nessa atividade uma vez que já tinham tido uma pensão na avenida do Estádo essa com quarenta pensionistas onde a Ernestina trabalhava intensamente, aínda cuidando dos filhos, que aumentavam os problemas conforme cresciam Além disso o Almir andava muito triste desanimado cheio de problemas difíceis e tão jovem ainda. A Ernestina o evitava de uma maneira franca e direita ,e quando já estava nessa segunda pensão, casa velha, antiga, cheia de manutenção o Almir esgotou-se e abandonou a família. Deixou a mulher e as crianças, provávelmente após uma conversa de reclamações porque quando o Almir sumiu, procurado pelas crianças, a Ernestina não se apavorou, não enlouqueceu, não foi à polícia, nem falou para os familiares dela..Ela ficou sabendo após esses dias passados, mal explicado a ausência do Almir, que ele iria no domingo seguinte no Largo da Concordia, onde ficaria umas horas.,domingo na Praça. Ela vestiu-se com a melhor roupa, foi à pé, encontrou com o Almir sentado num banco,vestido também com sua melhor roupa. Ela não teve dúvidas, de pronto após umas aproximações educadas, disse-lhe que ele podia contar com ela, para as dificuldades presentes e que seria a mulher sempre da vida dele, para a frente. As crianças estavam muito saudosas e tristes com a ausência dele. Após essas palavras da Ernestina , o Almir levantou-se do banco ,pegou a mão dela e caminharam juntos de volta para casa. Lá ficaram mais um tempo até que venderam a pensão, compraram outra ali perto e daí as coisas sorriram para eles.A pensão pegou fogo, chamaram os bombeiros, tudo muito arrasador. O que o fogo não consumiu, a água dos bombeiros estragou na tentativa de apagar o incêndio Chamaram e mostraram a casa queimada para ó proprietária que quis vender daquele jeito mesmo não queria aborrecer-se ,só queria se livrar dessa encrenca, ela topou comprar e desse modo facilitado, conseguindo então um teto só dela ,finalmente.. IQuem imaginaria que de uma coisa ruim saísse uma coisa boa ,fora o genro que também saiu para outra casa, levando os quatro filhos e a filha dela Só vivendo para sé ver una coisa dessas, poderia se dizer que foi um fogo salvador. o filho dá Ernestina separou da mulher dele ,tambem ,parece que aquele problema do Almir estava ocorrendo com o filho tambem, tinha se espalhado mas o resultado não foi tão bom como a Ernestina tinha resolvido. Num desses dias terríveis, o Almir descobriu uma doença do sangue que o levou em três meses apesar do tratamento intensivo.A Ernestina já com 9 netos, sempte muito preocupada com o filho deficiente, também chegou aos 92 anos e partiu. Lógico,.com grandes lutas, não íria se entregar assim fácil..Por incrível que pareça o segundo filho cuida do primeiro como se a Ernestina estivesse cuidando ela mesma, com desvelo e carinho.Dá a impressão de que afinal conseguiu resolver o problema que teve ao longo da vida e que por ele modificou totalmente o seu percurso de vida João Aires
Caçadas ais pombos Quando era garoto lá no Brás o Jorge fazia atividades mil, era muito intensa a vida , tentava arrumar mais e mais coisas e uma era caçar pombos. Jorge os via para todo lado ciscando, voando em grupos e imaginou que seria bom come los.porque não?arrumou um estilingue e não foi fácil pq até descobrir ou melhor fazer um bom levou um certo tempo , depois treinar e muito para acertar o alvo pretendido
O Jorge tinha que conciliar a escola ,os afazeres e o tempo para o treino. Mas essas suas pretensões não eram espalhadas aos 4 ventos , tinha desde aquele tempo uma intuição de esconder o jogo pq fatalmente alguma coisa ou alguns contribuiriam para o fracasso da empreitada,percebia que tinha que ser ardiloso não expor totalmente as ideias Depois ainda precisava achar um campo de caça percebeu que um bom lugar era a zona cerealista ali nas imediações do Mercado Central na Rua Cantareira,que já conhecia de suas incursões para visualizar as vizinhanças do território em que morava .Achou melhor ir num sábado à tarde depois do expediente normal, ,após o meio-dia,arrumou um bornal pequeno que naquele tempo era uma sacolinha para a caça. Foi com o seu fiel escudeiro ,o irmão menor que parecia estar indo sempre a contragosto mas ai dele se não fosse. A coisa estava difícil
O Jorge corria para lá ,os bichos para lá, ,ele ia e vinha e nada. Errava e errava. O irmão também não. Numa dessas o Jorge parou num lugar desses com inúmeras portas de aço abaixadas ,formando uma verdadeira muralha da China , sentiu nesse lugar uma sensação única , extasiado por aqueles ruas vazias de gente e de veículos , todas aquelas portas fechadas e abaixadas. Uma visão diferente e fantástica. Essas visões espetaculares que nunca tinha visto ou percebido. Ficou ali contemplando ,junto com o irmão menor ,sentado, encostado numa porta de aço igual aquelas que estavam à sua frente e então escutou um choro de mulher ,misto de reclamação e choro, falando, chorando se explicando num sotaque diferente, estranho. . Uma voz de homem bravo, xingando.e a mulher choramingosa. Tudo no sotaque pouco do Jorge conhecido. A porta fechada e ele ouvindo tudo. Estavam lavando o estabelecimento , colocando os problemas na ordem do dia
O choramingas aumentando,a briga tomando o ar com gritos e choros, tomou -se de coragem ,chutou a porta com toda a força para chamar a atenção, ser ouvido e disse alto em bom som : idiota!!porquê bates no que é teu? Em quem te ajuda!! Seu burro ! E saiu correndo com toda velocidade ,seu irmão atrás. Sebo nas canelas. E sem olhar para trás. Aquela cena da briga, do sotaque, da vida de trabalho foi demais semelhante e se achou num espaço cósmico inexplicável , não se conformaria com uma atitude frágil para situações semelhantes que pudessem se repetir e a caça se acabou ali .Foi caçar e acabou sendo caçado nas armadilhas da vida João Aires