Jéssica Dayane
Não ficarei triste por ir embora, afinal, você não me conheceu com o coração, foram apenas momentos forçados em que você tentou arrancar de mim coisas apenas de seu interesse, e não conseguindo, foi-se sabe Deus para onde.
As vindas tornaram-se menos frequentes, nas poucas em que esteve presente, parecia estar tão distante, e foi então que percebi que pior do que a saudade mediante a distância é a solidão de uma presença vazia, e nunca algo teria feito tanto sentido como o poema de Pablo Neruda onde dizia " Saudade é solidão acompanhada, é quando o amor ainda não foi embora, mas o amado já".
Eu poderia ter dito tudo, tentado explicar de várias maneiras até você entender, ou se interessar pelo assunto em questão, mas não valeria apena, nada fazia mais sentido, você já havia jogado todas as suas coisas pelas janelas e jurado não mais voltar, eu quis tanto, só Deus sabe como eu quis que você regressasse dizendo estar arrependido e que a vida sem mim não estava fácil e as noitadas de nada lhe serviam, eu guardei saudade a semana inteira pra domingo você me dizer que não quer mais saber. Eu quis lhe contar tudo, mas você não quis ouvir-me. O fim do amor é um tanto quanto caótico, um sempre fica, enquanto o outro segue em busca de uma ilusão que no momento é mais palpável que o sua presença durante anos.
Mal sabia ele que, a pessoa com a qual eu me casaria em um domingo a tarde, para morar em uma casinha, em qualquer lugar bucólico, com vista para o jardim e um pequeno lago, estava descrito em minhas palavras e jeitos, todos os dias, em todas as conversas e saudades expostas. A pessoa para a qual eu faria café todas as manhãs na espera de ver seu lindo sorriso ao acordar, com qual eu sentaria em uma cadeira de balanço para tomar um bom vinho após uma longa jornada de trabalho, por fim, a pessoa que eu levaria uma vida tão feliz, isso se não houvesse o maior empecilho de todos, a distância, a maldita distância.