Jenny Guimarães
Não sei por que, mas a matemática da vida não funciona muito comigo. Não tem como colocar meus problemas numa maquina de calcular, extrair a raiz quadrada ou calcular o percentual para resolvê-los. Eu os encaro como um desafio, mais uma etapa da minha evolução. E meus sonhos, sendo realizados ou não, continuo acreditando. Porque sonhar é elevar a alma a um nível não natural. Meus erros e enganos do passado, durante muito tempo me martelaram a cabeça, e usando da matemática preferi subtraí-los da minha mente. Sei que muita coisa ainda está por vir, pra supostamente somar às minhas conquistas. Sei também que o pior pode acontecer espero estar preparado pra sempre me manter de pé. Matematicamente é impossível expressar minhas exatidões de maneira clara, porque eu sou sempre assim, meio surtada, que odeia a falta de oxigênio das obrigações. Talvez por isso, me reinvento sempre que a vida me exige um pouco mais, mas espero me reinventar quando eu mesma precisar de mim, porque um dia eu me olhei no espelho e vi refletido nele a única pessoa capaz de me fazer feliz em meio a tantos problemas.
Durante muito tempo busquei meus sonhos andando sempre por atalhos que no final não davam em lugar nenhum. Buscava realizar planos e sonhos através do meu próprio esforço, seguindo apenas instintos e desejos do meu coração. Agora seguindo por um caminho preparado especialmente pra mim, vejo possibilidades de concretização de cada sonho que há dentro de mim. E cada lágrima que escorria, sem que eu me desse conta, foi cuidadosamente planejada pra que me tornasse essa eterna aprendiz das escolhas que eu fiz. Mas quem sou eu pra merecer tanta atenção, logo eu que pareço tão inconstante e facilmente mutável, que possuo idéias próprias, mas que chega a mudar de lado em uma conversa casual. Mesmo assim, sinto-me protegida. Passando pela cruz estou dando-me a oportunidade de crucificar meu eu, condenando de modo implacável minha vontade própria. A cada escolha uma renúncia. E o contexto que tento viver hoje é de extrema redenção, um preceito que me permite distinguir o erro da verdade, não me conformando com o que supostamente é real, mas com o que se diz sobrenatural.
...Eu não me contento com metades, gosto das coisas completas porque eu me dôo por inteira a uma nova sensação e não mereço em troca disso, sentimentos quebrados...
Game over for you.
Você foi mais um que quase conseguiu me ter na sua lista de conquistas e vitórias por nocaute. Sendo que desta vez eu fui a campeã e o jogo acabou pra você!
Nos momentos finais e mais eletrizantes da partida, quando eu já estava quase te declarando vencedor, quase me rendendo à minha derrota, você preferiu pular fora ! Não que isso tenha sido ruim, eu até achei bom, pela primeira vez eu não perdi nesse jogo de sedução. Pela primeira vez me dei por vencedora e não me rendi aos seus pés como você esperava que eu fizesse.
Tudo bem, eu acabei sozinha mais uma vez, mas não te dei o gostinho de sentir o prazer da vitória, esse prazer é todo meu ! Não te ofereci a chance de desfrutar de mim e de toda a minha alegria, não teve a chance de ver o meu sorriso sincero de felicidade nem pode sentir a primeira sensação do meu cheiro de bergamota e pêssego após o banho nem a minha intrigante personalidade de noz moscada com aquele toque final de sândalo com baunilha.
Não. Deixei se contentar apenas com a minha indiferença. O que me tornou seu vicio. Eu sou seu ópio, e por mais que você não admita isso, isso te corrói. Me querer e não me ter. Você não aguenta a sua solidão e o meu desprezo e se refugia nos braços daquela que te faz de cachorrinho. Aquela que por coincidência tem o mesmo nome que o meu. Que coisa não? Duas mulheres, duas que te deixam louco, duas que brincam com você, uma que você quer por orgulho e outra que você ama.
Duas mulheres e um nome. Mas eu, a que você teria por orgulho, não me contento com sentimentos fracionados, eu sabia que teria que te dividir com minha xará e preferi não me doar a você. O que te fez subir pelas paredes. Porém agora, te desejo felicidade. Não a felicidade que você teria ao meu lado, mas aquela que você anseia em ter ao lado dela e que nunca consegue alcançar. Aquela felicidade que ela nunca vai te proporcionar.
Se eu vivesse um pouco menos meus sonhos e passasse a viver mais o sonho dos outros, eu não me sentiria tão só.
...O tempo é um remédio muito do amargo. Só sabe passar por entre a gente, bem lentamente, tornando cada dia um sacrifício maior que o outro...
...Eu te perdoo por todas as palavras grosseiras e estúpidas que eu ouvi di você naquele dia, te perdoo porque manter dentro de mim este rancor só faz me deformar mais ainda como gente, te perdoo porque quem sabe isso me faz lembrar o resto humano que ainda existe dentro de mim, e perdoo porque diferente de você eu cumpro dignamente um dever que é meu.