Jeniffer Souza Brito
...E o simples fato de pensar em você, faz com que eu perca toda a noção do que devo ou não fazer.
Chega a ser repulsante o fato de sempre colocar você em
minhas frases...
De te usar como um modelo de vida e de morte.
Como pode um ser tão comum ser tão diferente aos meus olhos?
Vício
VÍCIO
É um vício...
Uma cocaína que faz o coração bater acelerado;
Um êxtase de beleza e ternura que faz os meus olhos saltarem;
Uma maconha que me faz viajar dentro do seu coração, e sentir
cada suspiro seu mesmo tão distante...
É o gosto de álcool durante uma noite iluminada... e a sensação
ligeira de dor ao levantar;
É um cigarro que me queima os pulmões e a boca, e que me
trás esta sensação de prazer e alívio.
É o amor, o amor mais fugaz, tênue e substancioso que me faz
perder toda a sanidade e a sensação contínua de desordem que vive em mim...
É tão difícil manter um pensamento
Quando tudo a sua volta te leva a crer que está errada.
Mas o que é um pensamento se não a sua verdade?
Eu tenho as minhas crenças, os meus delírios, o meu pensar...
A maneira como me comporto é o meu comportamento e de ninguém mais...
Minha felicidade é composta de momentos...
É como um orgasmo, que me toma de prazer e em segundos tudo acaba...
Minha tristeza é meu estado normal de conformismo;
Meus ideais se resumem em planos mal acabados,
que eu mudo aqui e acolá conforme tudo dá errado.
E assim permaneço nesta rotina cansativa
Ouvindo de qualquer um que tudo vai mudar
Tentando acreditar que seja verdade
Quando na verdade todos sabem que eu não creio mais...
É como se eu vivesse apenas por obrigação;
Por medo de saber o que tem do outro lado;
Por ser como sou, o outro lado pode ser ainda pior
Então é mais cômodo não arriscar.
E por isso que eu ainda me arrasto dia após dia,
sem esperar nada desse futuro;
Onde me vejo sempre me perdendo em meio aos desconhecidos,
E tentando aliviar a dor de cada soco na cara com uma bebida, um cigarro, um rock and roll, um livro...
A ficção é o que me conduz;
Sem ela, eu não seria, eu não sou.
Acho que vou colocar um aplique nos cabelos, afinar minha cintura, e me sufocar com um salto alto...
Talvez assim eu consiga fazer tudo o que eu quiser, e calar a boca de quem eu quiser...
Pois só uma mulher assim, é mulher o suficiente para conquistar alguma coisa...
Estas pessoas caladas me apavoram...
Percebem cada passo dado por terceiros,
Sabe exatamente o que os outros estão fazendo...
Porém, sempre muito caladas...
Não quero estar por perto quando o calado decidir falar...
Á medida que crescemos, percebemos que nada é tão bom que possa nos satisfazer;
E nada é tão ruim a ponto de não suportarmos...
Todos são nada;
Impessoalidade é um dever...
Não entendo como é fácil para muitos entrar e sair de qualquer lugar sem ser notado.
E ainda que sejam... não fazem questão nenhuma de que seus nomes ou rostos sejam lembrados...
Nem mesmo para serem chamados de filhos da puta.
Em um final de tarde qualquer... todos saem... você fica.
E a babaquice maior ainda não é essa...
É que estas pessoas são as mais felizes!
Falta entusiasmo,
Tempo,
Força de vontade...
Ou exaustão de modo que me prende dentro de um quarto onde não há janelas, não há vento, não há pessoas, e nem vontades...
Não há vozes, medo, ou qualquer coisa assim.
Não tem ninguém...
Nem eu estou lá dentro.
Eu, que muitas vezes me vi, hoje não mais.
Eu que tantas vezes gritei pra que todos se libertassem, hoje fico á mercê da caridade e da prepotência de quem não precisa de mim,
e que apesar de tudo, eu, simples e justamente eu...
Preciso de tudo isso... tudo o que eu não vejo, que eu não sinto, que eu nem sei quem nem o que é.
E assim, caminho entre uma porta e outra de um lugar escuro, onde não existe matéria, nem sentimento, nem nada...
Apenas uma mente malograda, e um cigarro queimando entre os dedos.
