Jayne Silva
Ao fim do outono as árvores estavam despidas.
O solo, encoberto pelas folhas denotava a estação.
O insípido destino me trouxera aquele largo sorriso,
dentes brancos que revelavam calmaria,
um olhar expressivo que suspendia a respiração.
Ele mergulhava nas incertezas do desconhecido,
e eu... eu o observava transfigurar meu coração.
Constantemente visito o bem e o mal. Um rosto me coloca entre o certo e o acaso. Me encontro perdida, exposta aos julgamos de meu próprio consciente. Gerencio dúvidas e incertezas, sentimentos que irão sanar ao desabrochar da razão. Mas, como agir racionalmente, se durante devaneios delibero meu juízo ignorar, para que o ímpeto acalme minha alma atarantada. Meu corpo sede, mas a alma evita. O real é surreal, e em minutos numerados o infinito se esvai.
Há nele um misto de sentimentos.
Há nele carisma e simplicidade.
Há nele experiências desconhecidas.
Há nele encanto e graciosidade.
Há nele uma infinidade.
Há nele peculiaridade.
Há em mim, ele.
A simplicidade de seus atos me fizeram refletir sobre a teoria da relatividade de meus desejos. Seu sorriso despiu toda minha armadura, e aquele abraço me trouxe perspectivas adormecidas. É incerto afirmar se há propósitos nessa sequência de acontecimentos, mas é certo que há um horizonte imaginário, e se a teoria da relatividade é a chave do universo, você é a chave de meu mundo desconexo. Nesse horizonte alternativo, onde habita meu desejo relativo, te trouxe algumas cervejas, aguardarei aqui na porta, não convém permanecer, entretanto são sentimentos relativos, talvez me canse, deixe as cervejas e vá embora.
Anseio recolher-me dessa sensação superficial.
Você faz uso exacerbado de meus nociceptores.
Estimula meu trato espinotalâmico lateral de forma persistente.
E apesar de seus olhos me conduzirem a hiperestesia,
meu coração não é resistente,
busco reciprocidade,
reprimo qualquer relação latente.
RESPECTIVO AMOR
Amor pouco,
amor bobo,
amor louco,
amor muito.
É rápido,
é abstrato,
é barato,
é escasso.
Não aquece,
não acresce,
não floresce,
se esquece.
Amor pouco, é rápido e não aquece.
Amor bobo, é abstrato e não acresce.
Amor louco, é barato e não floresce.
Amor muito, é escasso e se esquece.
FICÇÃO CIENTÍFICA
Se o relógio regressasse
e aquela data voltasse?
Se sua vida com a minha cruzasse
e a gente recomeçasse?
Se o tempo passasse
e a gente certificasse,
que quando é pra ser,
o universo contribui com prazer,
sem questionar qualquer impasse.
Caça-Palavras
Sensatez,
Lucidez,
Fluidez,
Talvez...
Me vi em um interminável jogo de palavras,
Não sabendo como encontrá-las,
Ou administra-las,
Haviam intervalos de Lucidez,
Em que as frases seguiam com fluidez,
O silêncio era quebrado,
E em pouco, o medo desafiado.
Em um segundo de sensatez,
No qual recobrei a lucidez,
Com fluidez,
Olhei fielmente para teus olhos,
Vi um castanho claro de mel,
profundo,
Que ao desviar sem querer,
Me fez observar mais fundo.
Talvez quando estiveres longe,
Lembre-se dos meus olhos de mel,
Aqueles que ao cruzar com os teus,
Tentava disfarçar sem sucesso,
Com excesso,
A semana nos creditou certezas,
Dentre elas que o tempo é pouco,
o sentimento novo,
E o restante incerto.