Javier Paquito Herrera
CARACÓIS
pinceladas do vento
ondular
emaranhado dançante
pulsante
cumplicidade coreografada
psicografada
na qual sem um não há
cachos cacheados
desenha o ar
enredando movimento
suspiro de brisa
brisar
em espirais paralelos
disformes iguais
pensamento voado
presenciado
feito ar
tá aqui
A CERCA
uma leve e tênue linha
a separar.
limite
para a imensidão sem fim.
frágil separação
imposta
mas sem força para conter
CONSTRUÇÃO
e assim vamos construindo, colocando peças que servirão de sustentação e base para que outras também cumpram o mesmo papel para outras e assim por diante, mesmo que nem todos estejam da melhor maneira dispostos,
assim são as coisas e sentimentos, construídas a seu tempo, para que depois de bem sedimentadas, lá possam habitar as possibilidades.
CADA
cada um com seu sentir
cada um com seu se saber
cada um na pele em que habita
cada um com o seu
cada seu
CAMINHO
sim, há luz no final do túnel,
mas... no caminho
há uma janela maior,
paisagens e passagens que fazem do túnel
vitrine
CAXIAS
do sul, do trabalho, da fé, do olhar
caxias do crescer
do ser
dos trilhos, das horas, do gol
caxias de quem vem
LUNA
Ainda lembro
Lembro das malas carregadas, embarcadas e seu roçar.
Lembro dos rostos em máscaras do esconder o sentir para não piorar.
Lembro dos degraus que arremessavam o corredor e os lugares.
Lembro do vidro que já dividia o lá e o cá, transparência física da despedida.
Lembro do ronco do ônibus saindo, dos bancos reclinando.
Lembro do fungar embaçado.
Lembro dos acenos, como se fossem mãos a querer se tocar na distância cada vez mais desfocada.
Era o destino vindo, indo.
Lembro principalmente da Lua
A Lua que acompanhava na noite viajada, rodada na calada estrada.
De Montevideo para um novo Porto, alegre Brasil.
Não conseguia dormir, então... a Lua,
lá estava como que entendendo que precisávamos levá-la, pelo menos ela não ser só uma lembrança.
Nove anos já passavam e não entendia como ela, a Lua, podia correr tão rápido quanto aquele ônibus.
Por detrás das árvores e nuvens, ela vinha junto, parecia fazer graça, parecia que não andava, brincava de correr sem se cansar.
Fez grande parte da viagem junto comigo, atravessou fronteiras, limites que o homem determina, sem precisar se registrar adentrou um novo sotaque e aqui também aportou.
Aquela Lua, aquela ainda aqui está.
Na verdade, ela sempre esteve, assim como cada coisa, ela está no seu lugar, como tudo.
Ela veio “embagajada”, nós ficamos, nos mudamos e continuamos feito Lua.
Ainda lembro.
LAS MAMÁS DEL SOL
Los días de sol, son los días de las Mamás.
No que los otros no sean, és que en los días de sol, las ropas lavadas secan mejor.
Tá... diran: machista!
Bueno, no hablo de etiquetas pegadas, hablo de alegría y recuerdos.
Las mañanas de costar a despertar, invadidas por el sol y aire más frio que la cama,
tenian el perfume ventilado de Mamá.
Sus palavras cantadas de levantar eran sonido
que todavia despiertan en anhelo musical adentro del tímpano.
Era día de la tropa hacer su parte, ensuciar para volver el sol a secar.
El agua en la cara, el aleteo de la ropa, el agua hirviendo, el agua y el viento jugando a hacer olas.
Y así eran los días soleados, tal cual hoy,
solo que ahora con mamás diferentes, las mamás que somos gracias a ellas.
Los días de sol, son más divertidos, porque en las sabanas blancas luminosas, las sombras dibujan el tiempo.
LÁBIOS
Que gosto teria?
De palma de mão, espelho, travesseiro?
Ou...
de lua estrelada, banana flambada?
Seria rio fluído ou canto de pássaro emitido?
Pétala de rosa ao vento, sem atrito, apenas movimento.
Teria gosto de azul celeste ao sul
Ou..
de novos rabiscos de renda ao sol?
Tantas possibilidades e idades
tempos, estações de um só instante.
Ahhh sim... o gosto,
pergunta para o inverno quente de agosto.
11/09/20 abri a sacada da produtora, e fiquei a ver a árvore balançar, pequenos pássaros coloridos de amarelo, verde e cinza saltitavam a frente, o vento movia a árvore, fiquei observando os movimentos e vendo a flexibilidade da vida, onde ali tudo passa, aquela árvore imponente que viu muitas histórias passarem, viu edificações a emoldurarem, e ela na sua sabedoria continua sua jornada, viver e ser vida para outros, valeu o dia, escrevi:
Ramo Somos
estavam eles pousados, aterrizados, pés ao solo
na pátria que agora gira
o ver apenas
sentidos despertos ao sentir o mover
o entorno e sua flexibilidade
voos soltos
saltos nas ramificações flexíveis, trampolins
a vida a mostrar e ensinar
tudo se move, foge de nós,
nós apenas somos um a mais
mais um ponto do ver pausando fragmentos
ponto, não final, apenas pontuado
rever o quão tão e tanto é
movimentos revelados ao flutuar
num simples olhar