Janis Lana
Mudança, morbidez
risos, insensatez...
transcendentalismo visceral
frustração emocional,
equívocos apropriados
com teor de suor amargo,
nem doce, nem salgado...
gelado, vasto, árduo.
Resquícios do nada
que nunca imperou,
como lâmina afiada
que rasga sem dor,
que corta sem marca,
machuca, maltrata,
corrompe a alma...
amor, rancor, fervor...
inexistente e presente
sem fábulas, sem graça!
O que será do futuro?
Um horror!
O pensar tornou-se um martírio,
as atitudes não tem coesão!
E onde fica o aprendizado?
Na alma ou no coração?
Explicações soam vazias,
nas paredes tingidas pela falta de educação.
A realidade sem poesia
é a própria morte rotineira.
Se nada se faz com alegria,
o ser definha, com certeza!
De nada vale uma vida
onde se exista pela metade,
mas se a alma de beleza for desprovida
resta apenas tristeza e calamidade.
Em passos equivocados no decorrer da vida,
de vez em quando, nos encontramos da forma correta.
No entanto, sou extremamente agradecida
com tudo, ou quase tudo o que me cerca...
Peço-lhe que compreenda minha singela indagação.
Questiono-me pela necessidade de entender,
se a dor é subjetiva ou se tem a ver com a razão,
ou apenas é fardo, intenso, cruel, em vão!
O fim é o princípio,
uma ferramenta para a vida
que precede o fascínio.
Por fim fica a dica...
de forma fiél, é preciso força e fé
e algumas frenéticas sensações
fala, frio, fúria, fervor e feições.
Enfim finalizando...
um final não precisa ser um fim!
Neste abrigo que estou criando
Não há espaço para dois,
Se ainda deseja meu acalanto
Que venha agora e não depois!
Se manter vivo é a prioridade
quando se está no inferno.
Onde tudo o que há é maldade...
Mas não existe mal que seja eterno!
A dança das folhas
por entre os galhos
derruba as gotas,
gotas de orvalho.
O néctar da vida
escorre pelo tronco.
Da seiva à saliva
o natural equivale à sonho.
O ruim sempre pode ser evitado.
Dê um suspiro, coma um suspiro
E assim verá que o gosto amargo
desaparece, pois não encontra abrigo.
O doce sobrepõe o amargo
deixando sabor de maracujá
que deixa aberto um vasto espaço
A fim de conhecer a satisfação de amar.
Nesse jogo de aparências,
sempre guardo meus segredos.
Pois não tenho competência,
para expor os meus medos.
Eu caminho pelas sombras para não ser observada, assim oculto numa redoma o que escorre da minha alma.
As vozes estão obsoletas.
No mundo não resta nada.
Os anjos tocaram suas trombetas
e consumiram toda desgraça.
Almas guiadas pelas sombras
chegaram ao portal do inferno,
onde se despiram de honra
para queimar no fogo eterno.
É chegada a hora dos reencontros, a vida agora não permiti sorrir, mas no fim o pesadelo vira sonho.
Se o importante é ser feliz
vou fazer o que me der na telha
nunca me importando com o que se diz,
pois não me interessa a vida alheia.
Quem sabe amanhã
eu mude de opinião,
mas, enquanto isso não ocorre
sei que não vivo em vão!
O ovo remete várias perspectivas,
ele representa o início e a natureza,
por ser similar ao ciclo de vida,
no mesmo elemento há força e fraqueza.
Sua fraqueza está na sensibilidade da casca.
A única proteção para todo seu conteúdo.
Se sua camada exterior for quebrada
deixa de ser a redoma do núcleo.
A sua força vem do fator autossuficiente.
Enquanto ovo, sobrevive a tudo.
não necessita de um outro que o alimente
e é fonte de vida em todo mundo.
As descobertas mudam as mentes.
Que sina viver a se questionar!
Criticar e raciocinar frequentemente
e algumas vezes de opinião mudar.
Por longos anos ali ficou trancado,
condenado a infinita eternidade.
Espírito e corpo amaldiçoados.
Um ser eterno, sem liberdade.
A cova rasa foi violada,
libertando o ser condenado,
mas sua maldição arruinou sua alma,
desejava estar morto e enterrado!
Os esgotos estão transbordando,
vomitando toda a maldade,
os ventos frios correm assoviando,
premeditando a calamidade.
Numa poça
Numa poça surgiu algo,
uma imagem curiosa...
esta poça parecia um lago
que guardava uma história.
Na água se via o céu
azul e esplendoroso,
gotas de chuva caiam
como lágrimas pelo rosto.
Lembranças foram surgindo.
Imagens desfocadas, tortas.
Em pouco tempo se percebia
que eram rascunhos na memória.
Depois de horas ali olhando
aquela poça como um espelho,
com as imagens se encaixando,
percebe-se um grande medo!
É o medo do passado,
das coisas deixadas para trás,
dos sentimentos mais profundos,
dos anseios que não existem mais.
A vida parece não ter razão
e o pior de tudo isso
é a ausência de uma solução.
O amanhã é uma tortura,
sentimentos são pedras duras
que deixam a visão obscura,
tudo isso é uma grande loucura.
A sanidade se intercala
com palavras embriagadas.
O mundo para por um segundo,
num instante tudo fica mudo.