Janaina Dias (Nina)
Fumaça? Dispersa a solidão!
Eu, você, conhaque e vinho no chão
O bar, pessoas, sempre tudo tão banal
Promessas ilícitas que juram o irreal...
Mas não.
Você quer o mesmo que eu quero, meu amor.
Ilusão doída e graciosa, como espinhos em uma flor
Se entregar, se machucar e depois repetir à quem quiser saber
Que nunca houve nada entre eu e você
Filho ilegítimo
Sereis tu pois, dias de minha nobre decência,
enlouquecida, exagerada?
Sois vós esfera alígero, dardes dons de santa.
Imaculada aurora minha.
Palpita-me de anseios meus quereres dionisíacos
Sois como lírios venenoso, rosa pura de espinhos
Me enches impávido, desprezo ao fim
Que queres? Oh! Oriundos amores de mim?
Sabeis pois que sou solo, filho ilegítimo dos Deuses
Sou quereres proibidos, fruto de amores já vencidos
Somos desejos de carnes, fúnebres ao fim
Pecados eternos, se perdem por mim.
Não posso pois dar-me ao luxo de em teu seio mergulhar
Ainda que teu sorriso tenha o dom de eruditos, poetas,
homens de bem e de mal, despertar
Não posso me oferecer à ti
Tenho amor demasiado pulcro
Sou puro em dores
Sou virgem em amores
Sou Nietzsche, és Salomé
Mulher forte! Ledo açucena
Teus lábios são lírios
Demasiado lento me envenenas.