Jair Fraga V. Neto
Carta à Olga n°2
Porque choras, menina?
O sol nem bem se pôs no japão
Pode ainda em breve aquecer suas ideias
Posso ainda dizer, se me permites
Que tu é quem renega o que dizes teu coração
E qual touro em torneio
Tu tens chifrado o teu próprio destino
Óh pobre menina,
Não te rotules , que este rotulo
É quem te finda.
Praga Morta
Não me praguejes
Com essa praga morta
O que não me importa
Também não me atinge
E não me venhas
Com esta reza torta
A tua sorte é que
Minha fé resiste
Se não existe em ti amor humano
Já não me importo qual é o teu palpite
Meu querer
Não quero que me queiras como quero
Pois este meu querer sempre foi meu
É ele como a lua no sertão
Que rompe o véu e
Aumenta a madrugada
Mas ele para ti é nevoada
Que surge por acaso no horizonte
Que cobre, embaça e cega tua fronte
Te trás temor e medo de verdade
De um dia consumir-se e costurar-te
E acabar com aquilo que mais preza
A branda e suave liberdade
O meu amor tal qual uma moto serra
Pode triturar a tua sorte
Mas também dar forma a esperança
De um dia dançar livre qual criança
E viver bem longe da cidade
O destino tal qual uma aranha
Tece a própria teia e surpreende
E eu não interrompo, só anseio
Continuo a viver só de rodeio.
Gigante
Sou tão astuto que eu dou nó em faca
E coço os olhos no fio da navalha
E se me virem por ai mastigando
Tenha certeza que é a pólvora da bala
Eu me alimento das dores do mundo
E se me envolvo vou até o fundo
Mas só não pensem que isso é sofrimento
Meu codinome não é sofredor
Sou tão gigante, meus amigos
Que eu abraço o cristo redentor