JAILTON SILVA
A ferro e fogo.
Como seria se não tivéssemos o Estado?
Como seria se não houvesse o capitalismo, socialismo, comunismo?
Como seria se fossemos livres?
Se voto hoje, acho ruim, por que sou obrigado a votar, quando não votava, queria votar...
Como seria se não houvesse opção? Ditadura, democracia, existe um sem o outro?
Como seria se não existissem as experiências?
Se é bom, ou ruim, é em relação a que?
Em que circunstância identificaríamos o preto na ausência do que chamamos de branco?
Como seria se o mundo todo professasse a mesma fé? Quando tivemos essa situação?
Quando não existia o pobre, ou o rico?
Quem sou eu, sem você?
Quem me disse que sou explorado, ou exploro? De onde vem esta ideia?
O que diz meu intimo?
Quem sou sem tudo isso, ou o que sou nisso tudo?
Todos falam que um ou outro é ruim, o que há sem eles?
Sou filho do outro, do meio, permeio os próximos, mas, não sou original, se não descobrir minhas raízes, minhas origens.......
Por que me incomoda o que sempre existiu?
Quem sou eu....
O que seria de mim, de você, sem o estado?
O que quero, o que dou ao Estado?
Choro e digo, é por que sou pobre, se fosse rico faria como os ricos, ou choraria com os pobres?
Como seria se fosse rico? Seria um rico pobre, ou, um pobre rico?
Como seria se não houvesse o Estado?
Para não dizer que não falamos das flores, falemos dos catadores
Lá vai João.. .
Roupa velha, rasgada e suja , até cheirando mal;
João sempre quis ser alguém, nunca quis ser o tal;
Firme, decidido, vai ganhando seu pão;
às vezes saco nas costas, outras carrinho na mão;
lá vai ele levando tudo, sem prestar muita atenção.
Lá vai João...
dizem dele : vagabundo , drogado e até beberrão;
confundido, como louco, mendigo e ladrão;
ele não tem empregado, nem tão pouco patrão;
João, dá sua vida pra o mundo, é sua contribuição.
Lá vai João...
Leva pra casa o lixo: meu, teu e de todo bicho;
lixo de todo bicho homem,
que sai espalhando sujeira por todo lugar onde comem;
para não perder o freguês, leva tudo de uma vez;
leva o lixo e o reciclável; lá vai ele fazendo a política do amigável.
Lá vai João...
Homem de utilidade pública;
homem que seu ganha pão está ligado intimamente a sujeira, deixada pelo chão;
aquele lixo que iria pra o esgoto, pra mata ou ribeirão;
é bom aqui dizer com palavras mais amáveis, que João é catador,
mas é de recicláveis .
Lá vai João...
Esse moço não vai ao médico;
diz não ter tempo; finge não adoecer;
lá naquela UBS, nunca vai aparecer;
quando sente alguma coisa vai se virando com sua fé;
pede forças a DEUS, no outro dia está de pé.
Lá vai João...
Quando descobrem onde ele mora, de tudo tem que aceitar;
desde aquele sofá velho, até o televisor antigo, que não têm onde jogar;
depois esse mesmo povo poem-se a lhe denunciar.
Ai sim, vem a sanitária, o povo da zoonoses
e até a psicologa vai com ele conversar;
mas ninguém desse povo quer realmente ajudar.
Lá vem João...
João fora despejado até mesmo por sua gente,
agora só no meio do lixo é que feliz se sente;
Acabou o profissional, o colaborador;
aquele catador, virou um transgressor;
João agora é taxado como acumulador.
Pergunto agora a você que essa bobagem está lendo,
se continuará fingindo que os Joões não está vendo.
Já sei quanto é difícil, essa história mudar
mas o importante hoje, é começarmos a conversar
falando sobre a lida de joão, os joões podemos ajudar.
Se não gostou deste texto peço aqui seu perdão, porém
o mais importante é falar sobre João.
Jailton- 05/2015
"Não há outra saída. Somos envolvidos pelo pensamento do querer e ensinados a achar que podemos, que temos livre escolha, aprendemos a brigar pelo bom, pelo gostoso, pelo irrelevante a vida enquanto desvirtua-se o dom do discernimento entre salutar e supérfluo. Valorizamos o que é bom e abandonamos o que faz bem. Abraçamos o já obsoleto".
"Caráter é aquilo que retiram do povo brasileiro quando invadem as famílias carregam seus filhos e os entregam ao poder globalizado e capitalista. Quais valores assimilam?"
"A democracia dar a entender uma equivalência de poderes. como? se o mundo está impregnado de imoralidades, de egoismo, além da ausência de humanidade."
O grande desafio na contemporaneidade é como conviver com o capitalismo sem mecanizar-se, sem deixar de ser humano.
Vitoriosos são aqueles que convivem com o capitalismo sem tornar-se predador do outro, ou viver sem ser consumido pelo sistema!
Às vezes penso que nossas leis não dão certo pelo fato de hoje, estarmos mais voltados em falar mal, ou indicar erros, que fazer acontecer.
Sou filho do outro, do meio, permeio os próximos, mas, não sou original, se não descobrir minhas raízes, minhas origens.......
Temos leis que julgamos completas, entretanto, assistimos essas mesmas leis, tornarem-se inócuas, quando na presença de ideologias.
A virada do ano não passará de um início de calendário, para aqueles que inertes esperam pela vitória!
Existem discursos que somos obrigados a concordar, mas a depender de quem o esteja pronunciando torna-se um risco!
TUDO COMO ANTES
Como sonhar não se paga, então eu sonho. Estava eu, sonhando um sonho muito sonhado, Não sei, não lembro o lugar, mas era presente e passado.
Sonhei que ser gente era coisa trabalhosa, mas para aqueles que conseguia, era ação muito honrosa.
Então eu sonhando, fui também achando que gente ia se criando, sem muita dificuldade, assim como os bichinhos, e nisso não via maldade.
Seu moço, fiquei surpreso nesse meu sonho sonhado, quando um dia vi gente por ali, que nunca havia encontrado. Perguntei logo ao dono do sonho: Pode isso?
O que havia acontecido com o moço, estava todo atado, dos pés ao pescoço. Se dizia vestido…
Seu cabelo estava lambido, os dentes luzidos, o pé atolado num calcante.
Aquilo, enrolado numa coisa, seu cheiro era tão forte, que toda venta ardia,
até os mosquitos por ele não tinha simpatia. Parecia com gente, mas era diferente.
Eu, acostumado com fala de gente, achava que conhecia de tudo, mas era inocente.
Fiquei todo arrepiado, quando aquilo começou a bradar: pega, pega temos que domesticar!!
Era eu, que ele queria pegar, o meu nicho ele queria dominar.
Saí correndo, fui minha família avisar, que aquela coisa estranha, estava vindo pra cá.
Com o passar dos tempos, entre mortes e açoites, invasões e opressões, fomos nos acostumando com os ferrões e porões. Nós cuidando da vida, eles por aí matando.
Veja só que situação, nós cuidamos da vida, mas eles é que são cristãos, eles de pés calçados e nos de pés no chão.
Como não podia ser diferente, minha gente começou a se misturar, com gente que não era como a gente.
Trouxera costumes, e com o olhar fixo em nossa nudez estava. Diziam que por estar nu, eu e meu povo pecava.
Aqui tudo natural, combatia a morte, mas não era imortal. Gente e natureza, união perfeita, eles civilizados, olhando nossos corpos, com seus pensamentos bestas, logo começaram a dizer, que não tínhamos religião, mas uma seita.
Ele e seu povo, que se diziam gente, trouxeram pra essa terra pano colorido, pau- de- fogo e aguardente.
Com isso vestiram minha gente, domesticaram os leões e mataram TUPÃ
Trouxeram outras fés e outros ritos, mataram a tudo com doenças, com fogo, com balas, nos cansaram de tanto correr, correr pela vida, correr para viver.
Então sonhei que era um morto vivo, mataram aquilo pelo qual sobrevivo, minha fé, minha forma de vestir, ou não vestir……. fui ci-vi-li-za-do.
Acordado não consigo me sentir vivo, é sempre um bate e apanha. Alguém enganando alguém pra ver se arrebanha.
Sempre há alguém cultuando a morte pela revolta, não há entendimento, falam em igualdade, mas no fundo o oprimido quer sobrepor-se ao opressor, busca eterna por poder, às vezes por um favor..
Sonhava que era fácil ser gente.
Olha só, disseram que era pecado viver nu, adorar a Deus, com o nome de TUPÃ.
Pensei em meu sonho, ponderando sobre onde estava o erro de viver nu ou vestido, mostrar o …. ou o umbigo. Fato é que ficar vestido em dia de frio é bom, e livre em época de calor é divino, ambas as culturas têm suas vantagens, não sei porque a briga por essa bobagem. Queriam vestir, agora brigam pela nudez, terão que voltar no tempo, quero viver outra vez.
Eu nunca sonhei em impor o meu querer, ou ceder a outra vontade.
Não sonho mais, pois vejo um mundo liberal, hipócrita. Prega direitos e não prega dever, fala de igualdades, mas quer ensinar religião, isso faz mal ao meu coração. PARA O BARCO QUE EU QUERO DESCER!
Jailton Silva
A verdade é uma opinião engendrada por costumes, individualismos e acima de tudo a representação fiel do meio, ou, em outro momento é apenas um consenso. Verdade plena é aquela que serve para você e exclusivamente para você. O mais são conjecturas!