Jack Donovan
A masculinidade paga um preço pela civilização: o preço da selvageria, do risco, da rivalidade. O preço da força, da coragem, da destreza. O preço da honra. Quanto mais avançada a civilização, maior o tributo cobrado em virilidade e mais a masculinidade se vê tangida para novos redutos de vicariedade e abstração
Livre de veleidades morais e despida das características locais, a masculinidade em estado bruto, que todo homem reconhece instintivamente, tem a ver com ser bom em ser homem no contexto de uma reduzida gangue de homens, prontos a combater pela sobrevivência.
Força, coragem, destreza e honra são as virtudes “alfa” dos homens. São consideradas as virtudes masculinas fundamentais, pois sem elas não se pode nutrir nenhuma das virtudes “superiores”. É preciso estar vivo para filosofar. Vocês podem acrescentar outras virtudes a elas ou criar regras e códigos morais que as restrinjam; mas se as excluírem por completo da equação, não só estarão deixando para trás as virtudes específicas dos homens, mas abandonando virtudes que tornaram possível a própria civilização.
Quando os homens avaliam uns aos outros no papel de homens, ainda buscam as mesmas virtudes de que precisariam para guardar o perímetro. Eles são suscetíveis e sentem admiração por aquelas qualidades que tornam os homens úteis e confiáveis numa emergência. Eles sempre desempenharam um papel à parte, e ainda julgam uns aos outros de acordo com as exigências daquele papel de guardião numa gangue em luta para sobreviver ao avanço do destino. E todas as coisas especificamente relacionadas a ser um homem — não meramente uma pessoa — têm a ver com esse papel.
Os homens não podem ser homens — que dirá homens bons ou heroicos — a menos que suas ações tenham consequências significativas para aqueles com quem eles verdadeiramente se importam. A força física exige a reação a uma tensão oposta, a coragem exige a exposição ao risco, a destreza exige o trabalho árduo, a honra exige a disponibilidade para os outros homens. Sem essas coisas, não seremos muito mais que pirralhos brincando de ser homens — e não tem retiro de fim de semana, nem mantra, nem rito de passagem meia-boca que mude isso. Para ser mais que um teatrinho, é preciso que o rito de passagem reflita uma mudança real de status e responsabilidade. Não tem masculinidade reformada de conveniência capaz de ter orgulho de si mesma enquanto a terra continuar sendo o túmulo de nossos ancestrais.
Os homens de ideias e os homens de ação têm muito que aprender uns com os outros, e aqueles verdadeiramente notáveis são os homens tanto de ação quanto de abstração.
A coragem é um triunfo sobre o medo. A coragem está associada ao coração, à disposição de espírito, à impetuosidade, mas é também um estímulo à luta e à vitória.