J.R.Spinella
A vida de um guarda-chuva
A vida de um guarda-chuva fica complicada quando as primeiras chuvas da primavera começam. Após um longo e seco inverno, ele é colocado à prova na primeira garoa ou temporal. Hoje, enquanto caminhava com meu guarda-chuva (que está em frangalhos) para proteger-me de uma fina garoa, encontrei em meu caminho não apenas um, nem dois, mas três guarda-chuvas jogados (dois na rua e um no lixo). Abandonados pelos seus donos que, provavelmente em um momento de fúria, os atiraram ao chão, chegando à mesma conclusão que eu:
GUARDA-CHUVA É UM OBJETO QUE SÓ FUNCIONA ENQUANTO NÃO PRECISAMOS DELE!
O novo
Sábado, 17 de Março de 2012
E o outono anuncia sua chegada. Dia nublado, vento frio, fina garoa. Moletom, meias, edredom, chá. Ele ainda nem acabou e já sinto saudades dele: o verão.
A mudança das estações é algo natural e que temos que aceitar. Embora não goste muito, tenho que me adaptar a nova estação. Na vida também é assim. As mudanças são naturais e inevitáveis. Sinto que o outono se aproxima, não só pelo arrepio causado pelo vento, pelas janelas fechadas ao entardecer, mas sinto o outono se aproximar na minha vida também. O outono é uma oportunidade da natureza para chegarmos ao inverno de maneira gradual. Mas só de pensar que tenho que enfrentar o inverno em breve, fico desejando pular as estações e chegar logo à primavera. Mas isso é impossível e antinatural.
As plantas e os animais vivem seus ciclos. Nós também.
Sentir o coração mais acelerado pode ser um sinal do corpo tentando se aquecer, mas também pode ser um sinal de que uma grande e irremediável mudança está porvir.
O outono anuncia: “O inverno logo vem... aproveite a oportunidade para se preparar. Se esconder embaixo do edredom não vai evitar sua chegada”.
Então é isso. Vou levantar do sofá, esquecer o chocolate, abrir a janela e enfrentar o outono. E que venham as mudanças. E que venha o inverno.