J Manssur Sapag
IRÔNICA LIBERDADE
Preso à janela do trem,
Observo uma paisagem.
Estranha para mim.
Chamo-a, natureza,
Chamamos-la, Deusa.
Entre tanto primitivismo,
Descobri um pouco de vida
Nas pequenas plantas
Que margeiam a estrada,
Por onde passa esse trem.
Há no campo, lá distante
Uma pequena e rústica casa.
Rústica como o que a cerca.
Porém, os ventos sopram,
Carregando um imenso amor,
O amor do mundo todo, para lá...seu lugar
Como eu gostaria de poder ficar...me deixar ficar.
Ficar como ?
Sou um homem da cidade,
Transbordando direitos e deveres,
Imerso em obrigações engravatadas,
Com códigos e posturas...para ir ao banheiro
E ainda chamam-me de livre.
08/03/1975
Mundos são insanos...indomáveis.
Nunca saberemos com certeza para onde ir
Mesmo assim sempre vamos.
Onde queremos chegar?
Será que sabemos de nós...agora? aqui?
Por maior que se torne o dragão,
Um dia estaremos diante dele
E aí terá também, chegada a hora de mostrar que valeu.
Enfrentaremos e poderemos até vence-lo, por que não?
Importa sim, é termos tido a corágem de enfrenta-lo.