J. Eliseu
Soneto aos poetas da madruga
Aqui vossa presença eu consagro
Às ervilhas podres da madrugada
Vaga quem porta um sentimento amargo
E tão frágeis são quanto uma maçaneta enferrujada
Peço perdão, pela métrica usada
Sei que não vos convém a academia
Pois a vós a ideia não foi doutrinada
Encaixamos a alma onde o imaterial se distorcia.
Com sucesso, lhes envio um salve
Se é poesia em imagem, letra ou movimento
Ou vida esculpida no incorrupto mármore
Hoje a noite não é de Vinicius, ou Camões
Da noite a poesia vive meus irmãos!
Sagrado é o caos, dentro de vossos corações!
Alerta
As madrugas são doces
O dia passa e nada acontece
Quando a escuridão chega e atropela
Aí sim tudo aparece!
Pode ser luz de lua
Pode ser abraço de estrela
Dorme bem meu amor
Amanhã cedo passo na feira.
Pode deixar que o almoço eu faço!
A louça eu lavo!
Mas me promete então:
Não vou descer pelo ralo
Não esqueça!
Sempre que te falo
Que quero é você
Na minha cabeça
Onde tudo dá pra ver
Mas só mesmo na cabeça
Para eu conseguir crer
Sua presença é fatal
Caí de uma montanha de algodão doce
Num mar de brigadeiro
Montei um barco de pizza
Naveguei estes sete mares
Procurando um sentido pro sonho.
Só por horas naveguei
Nada encontrei
Agora já sei!
Dorme bem meu amor
Sábado vamos ver
Se tingimos a alma da mesma cor
Dorme bem meu amor
Minha poesia vive da dor de te ter
Também de pensar na dor
De um dia te perder.
Dorme bem, flor
Mas eu vou ficar acordado
Revendo um particípio do passado
Imaginando ser teu enamorado
Mas será que é tão forte assim?
Não há derrota em se apaixonar
São novas prisões pra se desvendar
Com leveza, e porventura se libertar
Também, viver e deixar ser vivido
Numa noite, uma dor de ouvido
A rosa desabrocha o espinho do infinito
A graça é de uma lança áurea
Me perfurando enquanto olhando pro teto
Deitado na cama
Arrastando minha alma 12 andares abaixo
Não consigo parar de me mexer!
É o inferno?
Quero dormir!
Estou enfermo?
Dorme bem, flor do amor
Sábado veremos
Se teu espinho dissolve meu sangue:
Nos apaixonemos!
Que louvor!
Me convença a repetir a dor
Estou disposto a bater tal meta
Mas já aviso:
Tome cuidado que sou poeta
.. O épico ..
Existe entidade mais divina
Se não o sentimento?
Existe força tão esplendorosa
Capaz de atirar-se louca
Dentro do mistério?
E existe algo mais impossível
Que pisar sob o céu etéreo?
Já por ser algo que é de dentro
Ninguém tira, nem as costas vira
Nem àquela mentira
Ou o vacilo de um bêbado
Numa boate de rostos, dançando
Aversivo, gritando.
Ou o vacilo de um bêbado,
Que aguentou ser monstro
O maior monstro da noite escura.
Mas não aguentou ficar em pé
Desmontou-se e saiu de testa púrpura.
Quando amanheceu, conseguiu
O almejo se mostrou.
Sorridente, ela
Voz gentil.
Perguntou-me se
A noite demonstrou o afeto
De um sem teto por um pão mofado
De uma vó pelo seu neto.
Dum deus por seu herói
Submerso
Na vitória!
Vitória!
Épico é lírico.
Existe maior vitória,
Que escrever contigo,
uma história?
Choveu no oceano
Não podem dizer que não tentei
Nem que eu consegui
E nem que falhei.
Ah, e como vi
Suas lágrimas escorrendo
Longe no mirante
Já a espera
Um sentinela
Fez pose de almirante
Fitou o oceano
Acompanhando seu marejar
E virou as costas, sobre sólidos rochosos
Pesados, agarrando os pés no concreto
Da calçada séria
E virou mesmo as costas
Olhando todavia para trás
Fitando um futuro desconhecido
Mas já criado nas fantasias de amor.
.. Medieval ..
Me vi ontem indo lá
Não voltei, porém
E nem refutei
Fui além.
Dia e pós-dia tentam
E de novo, tentam
Pulverizar o voo da alma
Detonando no fundo da caixa
Dinamites até o teto capilar
O medo de crescer
De ver o que vem
De perder
Ficar sem.
Daí sem crenças, pra frente
Despojam carniças
Nas diferenças
Nas que não podem ver
Nas que não podem crer
Alimentam-se de profunda tristeza.
Não deixa, nunca
Nem largar-se-ia da razão.
Se metem numas gemas reluzentes
E sentem-se suspensos num altar
Onde descem os deuses
E onde a poeira não chega
E a poesia não cheira.
Vislumbram um futuro
Cantado, encantado
Sobre ombros de pretos
Com o sorriso da terra
E mulheres
Com coração de ferro
Olhos de fera.
Invejam o calor específico
Quem têm estas vidas.
Rastejando na sujeira do universo
Com uma joia negra no dedo
E um carisma de curto verso.
... Viajei, não volto mais
Viajei por todas estações
E todas respiravam o mesmo âmago
E viajei mundo numa noite de quarta
Enquanto o grito desesperado ecoava intenso
Nos becos dum hospício solitário.
Viajei a primavera,
E desabrochei de vez,
Corri por campos belos e renasci
Das cinzas orgânicas fertilizando o jardim
E das cachoeiras de prantos derramados
Reluzindo o belo marfim das ruas intercaladas
Onde o som dos carros interrompe o silêncio das madrugadas.
Viajei o verão,
E me conheci de falsos calores,
Transpirei as infelicidades e nunca mais as vi
E me perdi em noites quentes mal dormidas
Do cerrado horizonte e das formigas.
Dormindo debaixo do meu travesseiro
Incapaz de sustentar meu pior pesadelo:
Minha solidão sórdida a cheiro de essências rosadas.
Viajei o outono,
Padeci milhares de anos até o triunfo real
Caí repetidas vezes ao solo seco e mortal
E sentia teu gosto doce até nos talheres de metal
O gosto das marcas e fluidos na cama,
E dos sonhos lúcidos de amor carnal
Viajei o inverno,
Congelei os dedos quando toquei a face.
E necrosei meus tecidos respirando o ar da aurora
Numa peregrinação pelo recomeço,
Procurando um canto quente de neve branca
Para reescrever minha estória melancólica
Em preto e em branco no gelo permanente.
Aço e graça final
Antes de dizer adeus
Ele procurou nas redes,
Cartas na mochila,
Em todo canto, onde seu nome
Havia sido citado alguma vez
Saturado e esperançoso com o milagre
Que viesse logo e o salvasse.
Com feixe de razão,
Que escapasse íntegro pela cortina
Quebrando a escuridão
Ponta a ponta do quarto
Amedronta todos os demônios parasitas:
Saim! E não voltem!
E Dorme de guarda numa noite cinza estrelada
De graça falha e beleza apagada.
Seria egoísmo? Seria tolice?
São alguns questionamentos. E disse:
Estou com medo.
Solidão não parecia ter fim
No planalto seco, cheiroso e coroado
Com amoras e amorim.
No cerrado chove pouco
Mas ora aqui chega a tempestade
E quando chega vem seca
Carregada aos confins da humanidade.
A glória seduz,
A graça de escrever na parede
Sua última poesia em sangue próprio dele
E cravasse com toda magia:
A faca que usaria
Para acometer o épico jantar,
A gosto de feitiço lírico e iguaria.
Psicopatia; Faz parte do ser
Se todos convém num esplêndido fim,
Por quê então sou diferente de você?
Tarde de terça
Perdi meu lírico numa tarde de terça,
Enquanto o sol ia no horizonte,
Os versos aos poucos tornavam-se elegíacos
Porém livres, num abraço duma nênia.
Numa tarde de terça,
Fui atingido pelas sombras de um passado
Tão meu quanto a solidão,
Deste ser contemporâneo que a mim foi forçado.
Numa tarde de terça,
Sou tão livre quanto artistas do barroco
Que entregam toda criatividade,
A homens de coração oco.
Sujam a arte com sangue chumbado.
De trabalho forçado,
Em uma mina de lágrimas e coração d’ouro
Que sustentará o céu angelical,
Para que não desabe sobre mim a desgraça.
Numa tarde de terça,
Sou tão livre quantos os parnasianos,
Que são cegos e veem apenas carne.
Mas são tão naturais e sinceros,
Que despertam em mim os louvores de Eros.
Me sustentam tanto quanto céu d’ouro
Da minha própria insuficiência espiritual.
Numa tarde de terça,
Sou tão livre quanto um racionalista,
Que medita sobre os padrões,
Vende a alma à verdade.
Deixa escapar a vida pelas mãos perfeitas.
Quadradas e regulares
Idênticas.
Numa tarde de terça,
Sou tão livre quanto uma lágrima
Que foge em fluxo no verso que rima
Que umedece o chão e lubrifica
Prepara o fechamento dos portões do coração.
E se desfaz na queda eterna.
Numa tarde de terça.
Sou tão livre quanto sou real.
Meta-amorfose
Não me pertence a certeza
Nem viés de razão, que ora cresça
Que ora levante-se e padeça.
Me reservo à lúgubre defesa,
De breve e informal verso:
- Poesia matinal, que morre
- Poesia maternal, que nasce
- Poesia radical, que opõe!
Desafia o pranto e discorda o canto.
São diversas as incertezas.
Dúvidas de vida não vivida,
Incontroláveis correm, vezes repetidas.
Reina e manda!
Vosso imperador, rei dos poetas
Dos contistas, dos romancistas,
Que conhecemos íntegros
A amargo sabor vigarista:
O mistério!
Tão pendular, temporário!
E ao poeta, um eterno vazio honorário
Se não tens fé que não sabes
Não alcançarás fertilidade.
Não desvendarás os âmagos da sociedade,
Nem da autêntica autoridade,
Nem que queiras de fato.
E se morre aos meus pés?
O conhecimento insurgente,
Mórbido e indiferente.
Estás longe demais da meta,
Já era! És um poeta!
Decadência insurgente
Está aí?
Preciso que me alimente hoje
Enxugue minhas lágrimas
Despoje suas bençãos inúteis
Meras empatias
Que apagam o mundo
Reconstroem com meu perfil ao riso.
Sou poeta, mas não sou eu.
Sustentei ideologias em cabides imaginários
Pendurados sob o céu que criei
E sob o céu que reinei,
A meu egoísmo e miséria.
Já não durmo como dormem os anjos,
Nem como dormem os demônios, nem os homens
Nem as mulheres, nem as crianças, nem os morcegos
E nem mesmo as criaturas soturnas que perambulam noite
Em uma peregrinação incerta em busca do pecado.
Não durmo, pois é infinita a dor do saber:
Amanhã acordo de novo, e tenho de reconhecer.
Nem mais sonho, meu subjetivo vive!
É meu ideal, o correto que vive em meu corpo
Minha alma está aprisionada em fogo infernal
Dilacerada pelos ricochetes de culpa e verdade.
Onde estão os remédios?
Esse caminho me guia ao fundo da insanidade.
Na vida, dizem ter altos, baixos e médios
Mas só o que vejo é a guerra por uma irmandade.
Que me faça dormir, que me faça acordar então!
E me faça ver também, que não fui largado de mão!
Pois esse é o meu crítico óbvio e vital,
E preciso que tu digas a mim
Não acredito em minhas próprias palavras
Não posso, a mim não cabe
Como soubestes? Como saberei?
O divino cuja máscara criei, é o juiz da vez
E me julgará em sono e em desperto,
Em pesadelo celeste ou sonho esperto, político.
Hoje serei ovelha!
Hoje serei lobo!
Hoje estarei enterrando a verdade em lodo,
E meu sangue podre, escorrido pelo esgoto.
O mundo podia ser de chocolate
De fato podia, mas não é
Nós que os ensopamos com a massa doce,
Molhadas à sujeira escravista,
A exploração de almas ainda esperançadas
Almas não perdidas, não semelhantes a minha
Que vem de outro mundo, e tenta voltar pra lá todo dia
Mas está acorrentada em areia escaldante,
Do deserto mais seco do universo.
Se tens imagem de algo livre, é o inverso
Repetirei então que a liberdade é outra prisão
Condecorada de arco íris e telefonemas ilimitados
A atores mascarados ausentes e inexistentes.
Nem sinto, agora
Nem nunca senti,
Mas cada vez piora
Essa desventura assombrosa de conhecer a mim
Ver que minha poesia é presa a liberdade
E vale tão pouco quanto capim
Protagonizando uma peça
Fingindo ser um dourado alecrim.
Então de cena em cena me recuo agonizando,
Seguindo em direção ao inédito fim.
Ah mas já sinto falta do teu cheiro,
Meu belo e estreito, com aquele recheio
De abacate, e o gosto e a dança
E a poesia, que me alcança em cada beco
Estreito como ti chile!
Em forma de chave, que encaixa direitinho
Que abre meu pensante, meu coração, com carinho
Ah chile! mas já sinto falta do teu sabor,
O clássico frio, os ovos pela manhã
Aquela que yo me encontro procurando calor.
Gracias, gracias
Teu vento me renovou
Em noite aloucada e tarde sã.
Teu vento me encontrou.
Chile, sinto falta do sabor da maçã.
Ah chile! onde está a eterna brisa de valpo?
E onde está aquela agitação no centro de santiago?
Onde estão todas as faces latinas que me rodeiam
E gritam, e gritam mais
O grito do povo, enquanto torno e
Enquanto estou indo
O grito do povo latino!
Viva chile! e tuas cores de céu estrelado e sangue
E de branco inerte, puro e libertador
Com graça de recomeço,
Gracias por su beso!
Y su abrazo
Quero dançar em tua noite exasperada
Cheia de cores e vistas apaixonadas
A PEC passou
O tempo passou
O moleque não estudou
E o moleque também não passou
Nem vai passar
Nem vai estudar
Nem vai poder pensar
Nem aquele que um dia vai ensinar.
Ah não! Pois eu vou!
Meu pai é funcionário público
Tem benefício, tem condições
Executa bem o ofício.
Mas pra tu vai ser difícil, fazer o quê?
Faz parte, nasci com mais sorte que você
Vamos ironizar, pois acaba sendo difícil de crer
E temo que a melhora, ainda não possa ver.
De desespero são meus versos
A mim os motivos são dispersos
Mesmo assim em luta, estaremos imersos.
Até que você estude
Até que eu estude
Até que nós possamos ter a liberdade
Para vencer nossos próprios testes
Sem que resmunguem da roupa que vestes.
Estou de pé, e vou continuar!
Pois enquanto eu puder me movimentar
O moleque não vai deixar de estudar
Mesmo que a escola tenha que ocupar
Já saibam eles:
Meu apoio vou dar!
Vai passar se tiver que passar.
Pois enquanto eu puder lutar
Não me privarão da liberdade de expressar!
Excelência de Baudelaire
Existem versos mais sólidos?
Mais loucos e mórbidos?
Se este verso existe tens razão:
Não importa a razão, sim a intuição
Tu traçara a linha do sentimento
Ante nenhum outro havia sido capaz
Enfim fora chutado por um bilhete sagaz
Numa sociedade isenta de consentimento.
Pois não te preocupes, Poeta Maldito
As Flores do Mal desbrotam eternamente
Pelo campo tens teu intelecto reescrito.
Então desbroto pela torre de marfim
Creio além, pois lá enxergo a decadência.
Poeta Maldito, sob sangue regarei teu jardim.
Mundo doce
Meu devaneio mora nesses becos,
Devasso até aos pontos mais secos
De olhares informais dos mais belos
Recheados das cores do teu batom.
Variando entre esse e aquele tom,
Se conjugam às gotas de suor da minha pele.
Transpiradas no teu abraço desesperador,
Tatuando no meu corpo um espectro de toques eternos.
Meu devaneio mora nesses estreitos,
Entre o vinho rubro luxurioso e o sangue escarlate.
E o mundo podia ser de chocolate,
E o mundo poderia me dar o dom
Para te sentir até o fundo da alma
Numa noite de mercado sul
Meu devaneio vive nesses muros,
E também nessas paredes úmidas
Que se contraem em uma viagem temporal
Num passeio desenfreado de desejo
Precedente da ressaca e dos tremores
Imerso entre temores e amores,
Precedentes do óbito de longínquo almejo
Meu devaneio vive nesse escuro,
Tocado por sentimento maturo,
Transcendente de alma,
E com calma,
Tecem o véu da alvorada
Nas vibrações na cama
Confusas e perdidas entre as paredes
Vindas de um monstro doce,
Tão doce quanto suas carícias,
Seus dedos deslizando minha pele,
Tão escassos quanto essas reflexões de outrora,
Que te fazem voar e perder a hora.
Meu devaneio vive nesse romantismo atípico
Que idealiza a vida mas prefere a morte
Vive nesse parnasianismo orgulhoso,
Produto de uma vaziez assombrosa
Vazia, sem libido, sem sentido.
Vive nesse simbolismo lírico descontrolado
Que acaba que só eu entendo,
E de resposta nem tomo tento,
E Fico atento ao realismo
Pois a verdade em excesso pesa meus ombros
Peso que nem todos meus personagens líricos
Suportam sem a insanidade
E o mundo podia ser de chocolate.
Florestas
Caminho na sombra desse verão mórbido
Que encharca-me de suor e lágrima
Não está aí minha poesia, mas vive.
Meu verso é de lágrima e pranto,
E também é de riso e encanto.
Aprisionado à floresta que me assombra o canto,
E o faz voar, meu poeta do mar.
A via crucis do poeta é a trilha que o nomeia.
Porventura condenado ao sufrágio divino e exaustivo
Da floresta negra, onde caminho
E com vocábulos cortantes que ora encaminho:
Exprimo.
Não lavo os sapatos quando sujos de lama,
E rego as flores, mas não as adoro
Quando me reencontro com o lar e sento no sofá.
Se me nego a cumprir os rituais
Se escondem as palavras principais,
Mais essenciais
Ou deslizam secas pelo papel.
Pois a cor destes versos estão lá!
Na floresta maldita
Vibrando frias, tragando arte perdida
Poesia que uma hora, foi dita
E esculpida em cor:
O azul do pranto
O vermelho dos olhos abatidos do sufoco
O amarelo do sol escaldante,
Do verão mórbido
E o preto, do limbo amniótico.
Das cinzas.
Das cinzas da alma aprisionada,
Reduzida a pó nas chamas da paixão
Nas chamas da liberdade pós prisão.
Que queimam o árduo desejo impossível
E ferve-me o sangue escarlate,
Do poeta do oceano
Sangue corrompido de pureza,
Que inventamos para explanar
A grande vergonhosa fraqueza.
Ao poeta fraqueza não é vergonha
É corrente que leva e inspira renascimento
Como uma marcha aérea das cegonhas.
O poeta cego ainda é poeta,
Se o que escuta ainda pode lhe trazer a tristeza
Ou se com as mãos ainda pode tocar o aço da morte
Mesmo que na floresta divina,
Limpa de escuridão
Os galhos não são mais os mesmos
Retorcidos e sombrios.
Mas ainda são tão galhos quanto, e sua beleza
É sobreposição; contraste.
Embora agora galhos mais jovens, lúcidos
São só detalhes, e digo:
Sua beleza sobrevive de outros,
Galhos loucos, que vivem expostos
Contorcidos numa dança de fuga de suas próprias raízes.
Dentre a fenda dimensional que parte,
Dois mundos cósmicos sagrados:
A insanidade e a verdade.