Ivanúcia Lopes
Sensação estranha essa aqui. Vontade de entrar pela passagem secreta (não entrar pelo cano) e me esconder por lá até que esse medo passe. Porque agora eu não passo de uma menina covarde. Que chora e se esconde pelos cantos, e se faz de forte com um riso que vai até o canto da boca. Não é que eu seja fingida, mas é que não acho justo que as pessoas sintam-se culpadas pela minha falta de vontade, pelo meu desâmino, pelo meu medo de seguir.
"Fantasiou-se até o dia que cansou de bailar. Já não tinha a leveza de antes e seus pés formigavam sem ritmo. Com o olhar cansado e sem cor nos lábios, estava irreconhecível. Deixara a máscara cair. Feito flor que se permite despetalar pelo vento e exalar perfume no ar."
"Não tenho mais doce aqui comigo. E talvez por isso eu esteja um tanto amarga. Mas pelo menos agora, com as coisas menos açucaradas deve ser mais fácil ir adiante, sem deixar pistas – uma fileira de formigas que me roubam doces no meio do caminho."
Porque inconseqüências são assim: Reduzem-nos. Destrói-nos. (...) Eles dizem que nos trazem aprendizados e nos expande, mas isso só tem como saber depois. Agora não. Estamos inconsequentemente confusos, sufocados, sem espaço pra aprender.
Eu só queria que você soubesse que não é porque eu amo que o medo não existe em mim. Às vezes chego a pensar que ele só existe por causa desse negócio fora de medida, chamado amor. É como sentir um frio na barriga à beira de um precipício, mas não soltar os balões coloridos. E acho que amor é isso, permitir-se correr os riscos para encher os pulmões de vida.