Iule Domingues
Feliz Completude
Ao ganhar dinheiro, fico feliz. Se ganho um carro, fico feliz. Ter um gato, me faz feliz. Mas dinheiro, carro, ou gato não me fazem sentir completa. Dependo de mim para ser feliz, única e exclusivamente. A felicidade é singular e própria.
Exemplificando porcamente: Se eu estou no BBB e não saio no paredão, não importa se o outro está chorando, ou se todos na casa queriam que ele ficasse e não eu... Eu estou feliz.
Completude é algo muito delicado. Você existe ainda que incompleto, isso não faz de você inexistente ou inválido. Você apenas tem um espaço a ser completado dentro de si, por alguém que não vem a ser de sua escolha. São inúmeras as vezes que escolhemos alguém para estar ao nosso lado e ela não nos completa. Algumas vezes já sabemos disso, noutras descobrimos depois de bastante tempo com alguém do nosso lado, que simplesmente, não nos preenche, não nos completa.
Certas vezes, este alguém além de não nos completar ainda retira algo de nós. Às vezes a emoção, outras vezes a sinceridade. Todavia existem vezes em que não queremos de forma alguma certa pessoa pra nós, e esta, simplesmente nos completa. É ela quem não retira nada de você, e ainda preenche o que um dia já te foi retirado, e ainda completa seus espaços vazios, necessitados de um complemento.
Há certas horas, que nem você e nem o outro, querem um ao outro. Se odeiam, se repelem, se maltratam, se conhecem, se descobrem, se admiram, se entrosam, se adoram, se aceitam, se amam, e finalmente, se completam.
Construindo Conquistas
Eu tinha muito medo do futuro. Mas meu medo de verdade, sempre foi não ter um futuro, não ter conquistas. Vejo uma pessoa sem objetivos, como alguém em eutanásia. É tanto sem vida, quanto vazio.
Nunca tive medo de responsabilidades... Eu quero mais! Porque o reconhecimento, o conforto e as conquistas, nascem da disposição que temos disponível para encarar as nossas responsabilidades.
Mas não é preciso coragem só pra encarar as responsabilidades, é preciso algo muito mais do que a disposição. É preciso ter determinação para não abandonar as responsabilidades, e carregá-las até o final de suas conquistas... Mas acima de tudo, é preciso ter sabedoria para não perder aquilo que já foi conquistado.
Céu Azul Marinho
A grande menina
Sentia-se tão nada
Vestida de azul marinho
Sob a tarde ensolarada
Sentia o mundo mesquinho
E sua pálpebra molhada.
Imensa saudade
É o guardo de você
Tamanha é a verdade
De que não queres mais me ver
Meu coração foi de canoa
Conforme solicitação
Do teu cansado coração
Que cansou-se de mim
Não me queres enfim
Guardo uma lágrima à toa
E vou-me embora com minha dor na canoa.
Senhor
Você encheu os meus olhos de lágrimas, e preencheu meu coração com palavras de amor.
O amor que eu preciso ter todo o dia, que me levantou os olhos quando eu estive olhando para o chão e derrubando minhas lágrimas.
Deus tirou de mim aquilo que eu dediquei o meu amor, porque eu estava errada em dedicar o meu amor à alguém que não me amava, alguém mais do que se não ele e seu filho Jesus.
Hoje, eu entendo e obedeço. E mudanças tem ocorrido em minha vida. Pequenas coisas que juntas são tamanhas aos meus olhos, porém minúsculas diante tudo que Jesus tem preparado para mim.
Hoje me sinto feliz em dormir numa sexta-feira à noite. Me sinto feliz em ir à casa de Deus no fim de semana, me sinto feliz em encorajar meus amigos que escolheram o mesmo caminho que eu. Um doando coragem e força ao outro, para que nenhum de nós se desvie e seu nome seja esquecido, quando o Senhor abrir o livro da vida e as portas do céu.
Um dia, Deus vai me presentear com alguém que me ama de verdade, e quando esse presente chegar, eu cuidarei conforme os ensinamentos de Deus. Porque Deus me ama, e algum dia alguém nesta terra me amará também.
Menina Moça.
A cama está coberta com um lençol marfim, pequenos desvios do tecido declinam para o chão. Toda a casa parece cinza como as nuvens que estão no céu, exceto os olhos da menina, castanhos.
A árvore lá fora inveja a cor da sua íris, mas sabe-se nos últimos dias, a árvore tem exibido mais vida que seus olhos.
A menina se aquieta junto ao urso de pelúcia que ganhara do homem da sua vida. Mas existe um outro homem atualmente a entristecendo.
Suas unhas estão pintadas de azul, semelhante com a cor do céu de ontem. E a menina se recorda do ontem, com toda a dor de hoje.
A felicidade era de ouro, mas o ouro foi roubado dela. Agora a menina usa adornos na cor prata, pois sente-se de segunda mão, segundo plano, segunda vida, última escolha.
Se
Se eu não amasse,
Talvez o mundo me julgasse
Por estar me acabando.
Mesmo com teu verbo dizendo que é engano
Mesmo com tudo que vejo sendo desumano
Mesmo com todas as mentiras
Seus ataques de ira
Não me permito nem me irritar
Visto que preciso calma ficar
Aguardando tua revolta
De algo que desconheço
Se acalmar
Nem sei se mereço
Me judiar
Talvez num dia eu enlouqueço
E me esqueço
Da tua forma de me olhar.
Um Conto bobo.
Era uma vez em um reino
Confundido entre eterno e para sempre
Onde no reino há um bobo
Que diz o que pensa
E não pensa o que sente.
No reino não havia só bobo
Havia o rico
Chamado Eurico
E havia o herói
Chamado Leroy
E havia Anciã
Irmã de Jean
Mas entre toda população
Aquele bobo
Era o de melhor coração.
Como era certo e certamente todos sabem
Eis que o reino um incerto dia os males invadem
O reino distante confundido
Entre eterno e para sempre
Estava agora ameaçado e perdido
Entre toda confusão e os gritos da nação
Havia o rico
Eufórico e aflito
Corria e chorava Eurico
Gritavam ao herói:
“-Pega a espada e destrói!”
Este grande dragão
Mas nosso grande Leroy
Era frouxo que dói
E correu em outra direção
Então disse Anciã
Irmã de Jean
Que herói fanfarrão!
Dentre a correria e as chamas
Um rosto ao alto da torre nos chama
E vamos então apresenta-la:
Loura, linda, Kiara.
Seu rosto era tão belo
Mas agora esta chorava
Ao ver a chama brava
Temendo o destino de seu povo
Na torre do enorme castelo
E o bobo com suas bobagens
Escondido entre suas miragens
Tinha como plano planejar
Sem fraquejar uma idealização
Uma certa forma de lutar contra o dragão
Ou se possível contar-lhe uma piada
Para que o coração da fera parasse
Com sua forte gargalhada
Ou que ao menos se engasgasse
E caísse desmaiada.
Com suas piadas na cabeça
E seu coração na mão
Foi o bobo muito aflito
Ao encontro do dragão
Todo o reino escondido
Assistindo àquele conflito
Que parecia ser uma explosão
Eis que o bobo começa a falar
E o dragão a fogo soltar
O bobo correndo a esquivar
Engole o medo
Segura o choro
E decide ganhar
O bobo entra em uma casa
E o dragão o persegue cuspindo brasa
O bobo se esconde com um garfo de metal
O dragão o vê e cospe uma bola de fogo fatal
O bobo muito bobo se esconde atrás da parede
Mas o garfo fica em brasa em sua mão
Sem pensar em sim ou não
O bobo corre e espeta o nariz do dragão.
Choramingando foi embora o dragão
Muito contente ficou toda a nação
Aliviado por estar vivo sem um borrão
O bobo chora e ri de emoção
Porque não há má condição
Quando existe um bom coração
E o bobo agora herói
Riu da cara de Leroy
E a Anciã
Oferecendo um cesto de maçã
Com toda convicção
Gritou:
-Diga seu nome herói!
E o bobo disse:
-Meu nome não é bobo
E agora quero que berre
Para toda essa gente do reino
Que meu nome é Pierre!
E seu nome todo o reino gritara
E sorriu para Pierre, Kiara.
Menina Tristonha
Menina que chora e implora pra Deus ajudar
Retira o salto e pisa no chão tentando firmar o calcanhar
Menina cansada e tristonha prefere desacreditar
Em tudo aquilo que todos lhe dizem e lhe fazem chorar.
O mundo muda e as pessoas crescem e encolhem
As lágrimas rolam mas algumas se recolhem
O vazio preenche todo o coração
Enquanto o relógio conta o tempo que se passa em vão.
Davi e os Leões
Venha!
Caminhe os pés no caminho
Não fique triste e parado sozinho
Ponha os pés para correr
Corra para apanhar
As metades alheias
Do mundo e das coisas
As danças que seu corpo ainda precisa mover
Precisa se conceder
Para começar a receber
Aquilo que faz o ser
Crescer
Aprenda a revigorar-se na luz da lua
Aprenda a anestesiar a dor
Com a sua própria cura
A vida é leoa na rua
Eu sou Davi
Seja Davi
Enfrentando os vilões
Vamos entrar juntos
Dentro desta cova de leões.
Viva!
Corra com os pés no caminho
E tire-os do caminho
Quando se atirar em águas
Rasas ou fundas
Mas claras de conhecimento
Salgadas de divertimento
Mergulhe sem consentimento
No misterioso mar que é seu ser.
Venha Viver!
Viva minha vida comigo
Me faça sorrir no abrigo
Mesmo embaixo do sereno
Sou teu amigo
Teu amigo mulher
Faça do teu riso o que quiser
Desespere!
Sorria e nunca espere
Que o riso venha com o vento
Pois o vento só leva as razões
Que existem para sorrir
Faça no teu rosto um cata-vento
Junte os meus sorrisos com os seus
Eu sou Davi
Seja Davi
Mesmo que que queiras chorar
Por inúmeras razões
Venha sorrir comigo para os leões.
Moça
Havia algo naquela moça que me polia...
De tão rude que eu era
Perto daquela vela
Ser algo melhor me valia.
Moça serena e severa
Doce sereia com olhos de fera
Teu sorriso de areia derretia no mar
Espumava ao me encontrar...
E quando me invadia o teu mar
Eu sentia forte rebentação
Dentro do meu coração
O mar é fundo e misterioso
Esta moça também
Era turva e misteriosa
Mas tinha a vista bondosa
Pois enxergava em mim algo além
O que ela via em mim
Não via mais ninguém.
Com passado salgado e oneroso
A moça tinha olhar piedoso
Como quem por piedade
Vestida da própria deidade
Desfazia meu sinuoso
Caminho pouco majestoso.
Menina boa
Há se ser o vento que leva aos ares
Que sopra aos lugares
Que diz às pessoas
Que hoje não estou tão boa.
Me soa a toa
Que quer que seja
Seja qualquer pessoa
Pra mim é presa
Dentro de uma canoa
Vai com as marés
Insulta quem és
Mesmo boa pessoa
Quando por coisa à toa
Magoa a menina boa.
Encanto.
Aqueles que me conhecem
Sabem que perdi o encanto
Sinto dizer que não tenho o canto
Como flor de acalanto
Que por esta voz todos padecem
Minha voz é singela e sem doce
Quem dera meu dom fosse
Ouvido pelos ouvidos
Daqueles querendo abrigo
Meu dom é vela
Que acalma a fera
Que embala o pranto
Sem acalanto.
Amor e ódio
Amor e ódio andam lado a lado
Hoje, dou as mãos ao meu
Este de cavalo alado
Que na fé neste amor faz de mim ateu...
Fico no breu
Deixo-te a passear com teu inverno
Dentro de mim aquece o inferno
Que a tua palavra acendeu
Neste conto o vilão não fui eu.
Foda-se eu!
É o que diz a tua voz cabida
Rude e descomedida
Soa frase navalhante
Quando soou fez em mim ferida
Nada de importante
A ser curada num instante.
Prefiro ser emotivo!
Do que um ser inexpressivo
Há algo de abusivo
Nesse seu ar opressivo
Nada mais está igual...
Hoje rompe-se o laço leal.
O amor é livre.
O amor é livre pra ir e vir.
O amor é livre para ir e nunca mais voltar.
O amor é livre até enquanto ele durar.
E quando o amor acaba, é prisão.
Prisão de saudade, prisão de lembranças.
A pior coisa que existe é o amor singular.
Quando apenas um ama, quando apenas um chora...
Quando apenas um tem saudade.
O amor é livre pra fazer o que ele quiser
Mas a saudade tem vontade própria.
Chega e vai...
Chega e fica, chega e nunca vai embora.
Independente do amor
Independente de qualquer coisa, independente da vontade.
O amor surge dos gestos concedidos, permitidos.
A saudade e involuntária como os músculos que se movem involuntariamente.
A vida não nos presenteia com nada que seja perfeito.
A perfeição não existe.
Pessoas perfeitas não existem.
Mas existem pessoas agradáveis.
Pessoas significantes.
Pessoas que fazem falta.