Ítalo do Couto Feereira

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⁠Ele caminhava pelas sombras do que um dia fora o brilho de seu próprio coração, crendo que a entrega completa lhe havia cobrado um preço alto demais. Sentia-se despido de armaduras, como se cada pedaço seu já não lhe pertencesse. Talvez acreditasse que, ao entregar o coração, também entregara sua última chance de ser amado, como se, ao esvaziar-se, perdesse o direito de se preencher novamente.

Em noites de silêncio, perguntava-se se o amor realmente existia para ele, ou se não passava de um sonho distante, tão frágil que a própria entrega o tornava inalcançável. Mas foi nesses momentos de solidão que começou a enxergar o amor com uma nova perspectiva: amor é entrega, sim, mas não é posse, nem fim. É sopro, é fluxo — vai e volta, renasce e surpreende.

Entendeu, enfim, que amar é também ser amado, mesmo quando o coração parece partido. Cada pedaço entregue era também uma semente plantada em solo fértil, esperando o momento de florescer outra vez. O amor, ele aprendeu, não se limita a um destino, mas se faz caminho, um convite contínuo para acreditar, para sentir e, sobretudo, para se permitir ser amado de novo.

Ele sorriu, com um novo olhar para si mesmo, para o vazio e para o desconhecido. Afinal, amar, ele descobriu, é a arte de sempre reencontrar o próprio coração nas mãos de quem, inesperadamente, escolhe cuidar dele.

Inserida por italo0140