Ita Brasil
Se ora estou aqui, ora estou lá. Hoje sou mãe, amanhã sou amante, depois de amanhã sou filha, para logo mais ser amiga.
Deparo-me a indagar, o que vejo é o que almejo? O que sinto é o que me perpetua? O que tenho é o que me pertence? O que sou é o ideal? Onde estou é o real? Não sei, nem tão pouco saberei, pelo menos por ora.
Sempre que me olho no espelho, o que vejo não é o que almejo, as transformações de meu corpo que teima em acompanhar a cronologia do tempo fere-me a alma.
Amor e ódio se completam e interagem formando sentimentos entrelaçados, angustiosos e terrivelmente insuportáveis!
É necessário voltarmos nossos sentidos para a real vida, para a nossa essência, para que quando chegarmos ao crepúsculo de nossas vidas, olharmos no espelho e contar as marcas fincadas em nossa face e enumerá-las uma a uma, como um troféu de honra ao mérito, por ter vencido essa longa batalha chamada vida.
A vida periclita, ferve, borbulha, anda em ritmo acelerado, somos formiguinhas operárias do grande universo.
O que nós mulheres precisamos é nos conscientizarmos que na luta da sobrevivência dos milhões de espermatozoides, nós fomos vitoriosas, essa foi a nossa primeira vitória, vencemos na corrida da vida!
A angústia existe, sempre existirá, o que nos resta é driblá-la, não deixar que ela apague nosso brilho, nossa força e vontade de viver.
Estamos esquecendo o que é, e o que representa o amor em todos os aspectos de nossa existência. Estamos ficando afetivamente cegos devido a ganância que move o mundo moderno.
Nós somos o que somos e nossa luta pela liberdade necessariamente deveria passar pela dinâmica da lucidez mental.