Israel Habib Elsuffi
Irônico foi quando vieram me perguntar se eu era bipolar.
Eu respondi: Sou, sim. E logo depois: Mas é claro que não.
Sabe aquele momento que parece que nada vai dar certo e as chances de vencer são bem poucas? Então, são elas que garantem minha vitória.
Corra atrás, à frente, ao lado, por cima, por baixo.. dos seus sonhos. O importante é que você corra, porque como ouvi por aí: "Ficar parado não vai lhe trazer nenhum resultado inovador".
Você tem que aprender que, por mais incalculavelmente engenhoso o seu plano seja, este não pode se comparar com o que Deus preparou para você.
Sei que os tempos são modernos, mas você pode entender?
Eu acreditei em amor à primeira vista no instante em que olhei nos seus olhos. Depois no amor à segunda vista, quando me deu bom dia e eu pude ouvir sua voz. À terceira vista, quando abriu aquele seu sorriso único, esse teu gargalhar que me fascina e teus olhos que se fecham como se fossem orientais. Depois disto foi só amor. Me apaixonei à décima vista quando teus amigos nos apresentaram. À quinquagésima terceira vista quando percebi que você era mais que apenas uma garota extremamente linda. À septuagésima oitava vista quando conversamos até realmente precisarmos ir embora, já era tarde. Eu acreditei em amor à centésima vista quando eu disse pela primeira vez que gostava de você. Ah, meu amor, e na centésima octogésima quinta vista - e agora solto risos - quando então me declarei e descobri que era recíproco. Você se lembra da ducentésima terceira vez que eu te beijei? Talvez não, eu me lembro. Me lembro de todas as vezes que me apaixonei por você. Está naqueles cadernos velhos que digo serem do tempo de escola. Nossos anos de namoro, o noivado e o casamento. Tem anotado todos os dias em que você carregou nossos filhos. Está escrito nossos risos, nosso choros, alegrias e tristezas. As viagens, as bobagens, os tédios e outras besteiras. Meu bem maior, tantos anos escrito e termino por resumir nesta única folha. Não há nada que defina tantos capítulos de nossa história que dizer que todas as manhãs eu ainda me apaixono como se fosse a primeira vez. E agora, vendo os netos correrem pela casa e temendo minha visão se tornar ainda mais fraca, pretendo pela última vez escrever. Bem agora, que minhas mãos trêmulas garrancham as letras, que minha memória ousa me trair ao querer lembrar da oito milésima nonagésima sétima vez que me apaixonei por você. Nossa juventude à muito foi embora, mas saiba que em hora, não há nada mais lindo que em um dia de domingo lembrar que eu tenho você. Ah filha, busque um disco do Fressato, traga algo do Chico Buarque para que eu possa escutar mais uma vez. Há uns cadernos embaixo da penteadeira, traga-os também. Agora, neste quarto de hospital preciso que você leia. Não tenho sua bisa aqui comigo, mas me lembro do seu rosto e o mentalizo o tempo inteiro. Me apaixono tanto quanto da primeira vez. Sei que os tempos são modernos, mas você pode entender?
Queremos namorados, mas não aprender a namorar.
Depois de um certo tempo sozinhos nos tornamos observadores de tudo e todos. O capim do vizinho na adolescência parecia mais verde, mas agora você descobre que poucos relacionamentos são realmente saudáveis - e estes relacionamentos são quase sempre os que não estão expostos nas vitrines das inúmeras redes sociais.
Tudo começa com as nossas idealizações: nós queremos a pessoa perfeita, esquecendo-nos que somos incapazes de presentear a mesma perfeição. Conhecemos alguém legal que se encaixa em um ou outro requisito e, pronto, é a perfeição esperada. Então gradualmente surgem os defeitos e você tem dois caminhos: amá-los tanto quanto as qualidades ou ficar se perguntando se a frustração foi com quem a pessoa é ou com quem você achava ser.
Se você chegou aqui sem idealizações errôneas ou se escolheu amar os defeitos tanto quanto as qualidades, parabéns! Já há algo de saudável nesta jovem relação amorosa.
Porém ainda há um problema: não se saber se o "eu te amo" é um sentimento dotado de reflexos no dia a dia ou uma simples emoção que, como porta dos fundos, serve de escape para diversos problemas quanto estão a dois. Ter em alguém a saída para o caos não é procurar nela um ponto de paz, mas sim encontrar pra onde fugir. Quando surgir, entre vocês, tempestades, possivelmente você fugirá para outras montanhas. Passará a vida fugindo, pois o problema não está nos problemas, está em você.
É, mas você é inteligente emocionalmente. Encontrou o ponto de paz, mas encarou o mundo lá fora de maneira a não descontar no seu precoce amor o peso que carrega e nem encarregá-lo a missão de ser sempre a cura pra suas dores, pois as vezes ele ou ela também machucam assim como algumas rosas tem espinhos. Não fugiu, se permitiu amar em tempos de cólera. Você está preparado para as tempestades, por isto aproveita cada dia da primavera.
Ah, a primavera! Você dizer "eu te amo" é antes sustentado por mínimas ações que tornariam dispensável as palavras. Mesmo com todos os gestos e iniciativas, estas saem de você quase que espontaneamente. Ah, amo! E durante a primavera todo amor parece ser mais amor. Flores não tem espinhos, frutos não tem caroços, bagagens não tem pesos e no céu sequer há nuvens.
Você pode não ter idealizado a pessoa, mas idealizou que primaveras fossem eternas. Terrível erro, quem dera. Então surge a tempestade e você foge achando que a relação deu errado. O problema não está no problema, está em.. ah, já falamos disto, né? Aprendeu. O que importa aqui é saber que está chovendo, mas ainda é amor. Parece estar frio, mas o desafio está em saber lidar com o frio e não com o frio em si. A vida é feita de estações. Nos dias frios, devemos estar prontos pra acender lareiras.
O tempo passou e vocês estão intimamente ligados um ao outro. Não é preciso ser saudável para se colonizar um amor. Há quem goste de prender e se prender a relacionamentos doentios por estarem também doentes. As frustrações geraram acidez e ainda sim você empurra com a barriga. Não decidiu amar os defeitos, mas imagina que todos eles se consertarão com o tempo, com o noivado ou o casamento. Quando chegar lá talvez você descubra que a maior parte das coisas se consolidam, não se consertam.
"Colonizar". Amar é verbo, não pronome possessivo. A sensação de posse gera ciúmes e o ciúmes desconfiança. A desconfiança traz a existência a injustiça - as vezes disfarçada nas acusações, as vezes escancarada nas suas vinganças sem fundamento. Viver um relacionamento doentio traz consigo o risco da traição, da mentira, dos maus tratos e de tantas outras coisas ruins que fazem você descobrir que poucos relacionamentos são realmente saudáveis.
É, há outras lições, mas o facebook é para postagens, não para publicar livros. Não sou o especialista do que é certo e errado, saudável e doentio, mas acabei aprendendo que em meio a tanta carência, ainda mais próximo a um dia como amanhã, queremos namorados, mas não aprender a namorar. E se não sabemos, melhor estarmos sozinhos do que ser má companhia e estar mal acompanhados. Até que o amor gere primeiro em nós mudanças para sermos os casais que felizes, não estão nas vitrines.
De todas as lições aprendi que aqueles casais velhinhos felizes, aparentemente perfeitos e que duram uma vida inteira não são melhores que outros casais, mas fazem a relação de um modo diferente. O segredo é que as pessoas bem sucedidas em seus relacionamentos pensam diferentes das que não são. Isto significa que se você fizer diferente do mundo doentio assim como elas fazem, alcançará os resultados que elas alcançam: a felicidade.
Queria escrever um livro de nós dois. Não começaria com o clichê "era uma vez". É bem possível que o primeiro parágrafo já seja uma descrição de tudo o que eu vi em você. O segundo parágrafo então diria sobre a minha admiração e o terceiro sobre "emoção a primeira vista". É, exatamente, não foi amor. O amor nasceu lá pro quinto ou sexto capítulo, depois de muitas histórias. O amor não foi algo planejado, nunca é. Só aconteceu. De uma hora para outra o leitor enxerga nas entrelinhas um "eu te amo" e a gente ainda nem disse um ao outro. É que um bom leitor não se engana! Notou a ausência do "era uma vez" e percebeu que não era um conto de fadas. Não está tudo perfeito. É uma história bonita, mas retrata tantos defeitos. Não tem mágica, mas tem amor e a vontade de fazer direito. Suor, abdicação, esforço e sacrifício. Foi assim desde o início. Tem mudanças de hábito e muita empatia. Estamos escrevendo uma história de nós dois todos os dias.
Um bom marido antes é um bom filho. Trata bem as meninas de sua família e aprende a lidar com todas as suas características tão peculiares, dentro ou fora da tão culpada tensão pré-menstrual. Respeita a sua namorada tanto quanto gostaria que sua irmã fosse respeitada. É fiel como quer que seu pai seja fiel a sua mãe. Rejeita a mentira, o ciúmes doentio, a possessividade e todas as outras ações que diariamente são fatores de desgaste em qualquer relacionamento amoroso. É, um bom marido tem muito que aprender antes de finalmente casar-se, pois se alguém pretende tornar-se um bom marido, mas sequer aprendeu a ser um bom namorado e antes disto um bom filho, terá na aliança apenas a consolidação de toda a sua frágil condição: ser alguém que poderá trazer pontualmente alegria e prazer, mas dificilmente ofertará até que a morte os separe o objetivo de vida de todo ser humano, a felicidade.
Peça a Deus um amor mútuo. Nem tolerar, nem ser tolerado. Peça isto pro seu relacionamento amoroso, peça isto para sua inclusão dentro de uma igreja, empresa ou outro lugar de convívio, peça isto em relação a sua família e amigos. Peça sempre por amor. Pois o amor é tão sublime que torna-se incondicional: você ama os trejeitos, ama as qualidades, ama os defeitos e no fim descobre amar por inteiro. Tolerância é deixar passar, mas o amor aceita, abraça e continua a querer sempre perto.
Se amou para se defender
Se armou e sem perceber
Feriu quem o amaria
Com as armas que o feriram um dia
O amor que eu sempre quis?
Era um daqueles amores
Que quase sempre são indolores
Mas que por trás dos bastidores
Apertam o nosso coração
Sim, um daqueles amores
Que eu assistia nas novelas
E ao imaginar ser eu e ela
Perdia a respiração
Um beijo simples
Sentimento mútuo
Vontade de estar junto
Não ir sozinho o mundo afora
De vez em quando
A gente finge estar brigado
Mas de um jeito humorado
Eu não te deixo ir embora
Faz de conta
Que eu sou o teu melhor amigo
E eu vou caminhar contigo
Olhando cada passo teu
No fim das contas
Sei que sou o teu namorado
Sim, eu nunca fui obrigado
Mas decidi ser todo seu
O amor que eu sempre quis?
Aos poucos nasceu.
Oh mundo cão, estraga a canção que
um dia o sagrado compôs para si
Pra ti, pra mim, pra todos nós pra numa só voz entoar:
a arte da vida é amar
Mas quase ninguém amou,
quase ninguém cantou,
quase ninguém refez
E por mais que haja alguém
no mundo gritando por mais uma vez,
quase ninguém escutou
O que há de mais valioso
é aquilo que não se pode achar
a infinitude da vida daqueles
que estão ou que já se foram
e a gente insiste em lembrar, em amar, em pensar
A canção não acaba, o autor não desanda
Mas antes que aja silêncio
no corpo que agora tu vestes
perceba e vê se não esquece
o artista da vida é quem ama.
Em dias cinzas, daqueles que a gente se sente começando a acionar o piloto automático, devemos nos concentrar ainda mais para assumir o controle da própria vida. Arrumar a própria vida requer arrumar o quarto, o guarda-roupa, abrir a janela pro sol entrar, sair de casa pra uma caminhada. As coisas simples do cotidiano que a gente procrastina quando entra em um cárcere mental, preso ao passado ou as coisas que já sofreu. O caminho pro amanhã é a gente que faz com aquilo que somos e temos aqui e agora. Se tua vida tá no piloto automático, então tá na hora de retomar o controle e guiar os passos pra onde você sempre sonhou. Teu sonho é complexo demais? Saiba que todo complexo é um conjunto de coisas simples. Olhe ao seu redor, aproprie-se da realidade, comece pelo simples. Tudo a sua volta é caminho pros seus sonhos.