Isis Gabriele
Eu prefiro não acreditar no amor, acreditar nele seria o mesmo que me jogar em um abismo sem fim. Já que o reservado à mim, é também minha maldição.
Eu só queria poder viver sem essa dor constante, sem esse vazio, sem lembrar que meu menino se perdeu achando que havia se encontrado. Eu sei que o que eu amo de verdade é uma lembrança, que eu amo quem você foi e não quem é agora. Mas foi tão meu... que me atormenta a toda hora.
Não consigo me apegar a ninguém (não mais). Caminhar sozinha tem seu lado bom, quando você descobre. Encontrei muitos amores por este caminho, mas nenhum ganhou meu coração. Talvez porque essa ideia de ganhar um coração não passe de uma hipérbole de alguém que se apaixonou um dia. Todas as minhas emoções são tão efêmeras e profundas, uma contradição de fato. Intensa e momentânea, não levo meus amores pro futuro porque meus sonhos não deixam vaga. O fantasma que antes assolava minhas noites hoje não passa de uma dor de cotovelo. Agora, mais do que nunca, penso em mim, e em tudo que me espera sozinha. Autossuficiente? Não, sou apenas blindada, e todos deveríamos ser, já que existem tantas pedras sendo jogadas em nossos caminhos.
Eu me preocupo, eu penso, eu me lembro. De você, de nós, de tudo. As vezes tenho vontade de te perguntar “como esta?” “Como vai a família?” Só que isso seria o mesmo que assumir que esta tudo bem entre nós, que não existem mais magoas, e que o caminho está livre caso queira voltar. Mas as coisas continuam iguais, as mágoas ainda estão aqui, e o caminho pra voltar?! Você perdeu. Esse desamor já me doeu tanto, já me fez morrer em vida, definhar em tristeza me acabar em solidão. Mas estou me refazendo e a cada dia que passa dói menos. O final de um grande amor, não acaba com ele, acaba com duas pessoas, longe o bastante uma da outra e por muito tempo na companhia de outros corações.
Às vezes tenho a sensação que te perdi, outras que têm alguém te roubando de mim, ou que alguém está vivendo o meu amor. E é aí que eu erro! Ninguém disse que esse seria o meu amor, nem que você seria o único a merecê-lo. Tenho mania de querer controlar a vida ao invés de apenas deixa-la me levar.
De repente as coisas vão voltando pro seu lugar e vai ser como se não houvesse existido toda essa dor. Eu estou voltando a ser quem eu era só que agora mais forte e claro com mais cicatrizes. É, eu continuo sim achando que do nada vai aparecer alguém que vai mudar minha vida pra sempre, continuo acreditando no amor verdadeiro e que existem sim homens bons (apesar de cada dia ter menos fé nisso). Eu conheço a realidade, mas gosto mesmo é de viver sonhando, é o que me mantém viva.
- Você me ensinou a me acalmar ouvindo Jack Johnson e a me deixar levar pelos beatles, naquelas rápidas e momentâneas horas de sono dentro do carro, perdidos em terrenos baldios, escondidos do mundo, onde só o que importava era quanto tempo ainda teríamos. E mesmo exaustos nos recusávamos a ir dormir, nos recusávamos a dizer "boa noite" porque o dia seguinte seria incerto demais para nós. Essas musicas costumavam embalar meus sonhos fazendo-me reviver aquele doce e irresistível passado varias e varias vezes. Porém os sons que me acalmavam, hoje gritam e me ensurdecem nos acordes mais singelos, porque cada vez que os ouço, ouço você também, cantando através deles e sussurrando que somos "better together" ou apenas "let it be".
O que acontece comigo agora? Eu estava bem obrigada; mas hoje eu acordei como ultimamente tenho acordado, vazia. Não tinha nada em mim antes, aí você chegou e encheu de amor e alegria e eu tola, me acostumei. Quando você foi embora levou junto tudo de bom de tinha me dado, e eu pobre menina mimada não quis e nem quero aceitar. Como se fosse uma escolha; eu vi você lá, ontem, dando o que era meu pra outra, que estranho né, rotularmos amores como “meu e minha”, besteira, porque quando cada um vai pro um lado a gente vê que ninguém foi de ninguém.
Eu pensei que seria rápido, pensei que não gostava de você, e pensava que mentia quando dizia que te amava, mas todo esse tempo menti foi pra mim. As verdades e mentiras se confundiram, o meu “eu te amo” que eu achava que era de mentira, é de verdade, e o seu “eu te amo” que achava que era verdade hoje eu descobri que é mentira. Minha dor ainda não passou, meus dias ainda estão frios, mesmo fazendo calor. Dias nublados sem cor. Depois de ter ido embora, chorei dois dias, depois parei. Pensei que eram só aquelas lágrimas e jurei que não ia mas chorar, jurei que aquela seria a última vez, e de novo menti, quanto mais dias se passavam, mas meus olhos inchavam, mas lágrimas eu chorava, mas dias eu depreciava, mas dor eu sentia, mais me tornava amargurada. Nunca vou conseguir te esquecer, disso eu tenho certeza, mas um dia vou conseguir ouvir seu nome e simplesmente não me importar.
As vezes no silencio do meu quarto, eu ainda choro, não porque quero voltar, não por que te odeio ou porque que eu ainda te amo; Mas porque doe saber que não daria um passo, por quem andaria quilômetros por você; porque doe saber que fui só mais uma. Me falaram que vida é feita de momentos e que eles passam, que as pessoas mudam, e que não adianta reviver o passado. Mas o que me corrói, o que me machuca, é saber que nada foi verdade. Saber que todo o tempo ao seu lado foi em vão me faz querer voltar ao passado e fugir, fugir das mentiras, do mau humor, e do seu sorriso. Eu sabia que o fim chegaria, mas não pensei que ele viria a galope. Mesmo sabendo que não era você meu grande amor, ainda choro as vezes. Nunca me tirou pra dançar, nunca me mandou flores. Doe sabia?? Saber que parte da minha vida foi em vão, e que o que achei que vivia nunca existiu, nem um dia, é por isso que ainda choro.