Isalena Medeiros
Bel-prazer.
O querer do coração
Não é um apelo,
E sim uma ordem.
E mesmo quando a matéria
Não realiza o desejo,
A alma é vencida.
Quando estou só escrevo.
Imagino mundos que não habitei,
Histórias que não pude viver.
Às vezes, me basta sonhar.
Os sonhos são sempre felizes,
Fáceis de conduzir.
Personalidade.
Na minha vida, já provei muitos dissabores:
Dos risos zombadores,
Sobre as opiniões que tinha.
Por algum tempo, diminuída, me senti impedida de saborear confetes.
Muitas vezes, me calei.
Deixava o silêncio interrogar o meu pensamento
À procura de algo que ainda não soubesse...
Vi, constantemente, meus discursos derrotados
Como lamúrias obsoletas.
E mesmo incompreendida fui além.
Levei adiante meu sistema de idéias,
E me deixei pronta para intimidar desafios.
Passado o tempo
Não consegui transformar as pessoas,
Nem mudar seus pensamentos.
Mas, consegui modificar suas importâncias
No que faço e no que penso...
Paradoxo.
Calco os pés na terra dos homens,
E preparo a armadura.
As guerras me assustam.
Uns com medo de outros.
Invejas.
Tal de mentir,
De enganar.
E um rude contraste:
É nessa terra,
Absurda,
Que enfloraram as mais belas flores!
Além.
Estou longe. Longe dele.
O amor que o destinei não foi suficiente
Para que ele ainda estivesse aqui.
Na verdade, ainda está. Mesmo que abstrato.
Este é o modo mais difícil de ter alguém:
Contemplativo.
Surreal.
Há quem goste de ilusões, viver.
Aparências manter, mesmo que disto
Não usufrua nenhum encanto verdadeiro.
De certo, muitas vezes, são esses,
Os que menos sofrem.
Disparatado.
É só um poema,
Pensamentos que vêm e vão.
Alguns desses, trazendo uma saudade consigo, ficam
Um pouco mais de tempo que o necessário.
A saudade é, algumas vezes, de algo que ainda não conheço.
Existem poemas sem nenhuma coerência,
E pensamentos sem nenhuma chance de acontecer.
Outonal.
As flores morrem,
Lentamente morrem.
Quanta beleza, quanto encanto
Possui uma flor!
Mas, as flores morrem.
Engano.
Nunca o perdoei.
Sou neste amor, a amargura.
Mataste a verdade.
Goraste o futuro dos sonhos
Com tuas incúrias.
Sou neste amor, a amargura.
E não há um insignificante brio
Nas tuas frases falhas -
Essas, quais sempre acredito.
Extrínseco.
Durante anos
Olho-o;
Não és mais tu.
Cansei-me!
Fadei-me! Não de te,
Mas de procurar-te
Nesse em que te tornara.
Patético.
Tu podes dar alguns passos de volta
Todos os dias.
Podes tentar aliviar a saudade.
Se esquivar das perguntas.
Podes suportar o frio...
Tentar e tentar esquecer onde estou,
Por onde ando, se estou mudada...
Tu tens esse direito, retomas tua vida.
Não retenhas os teus sonhos em troca deste coração;
Em troca do sentimento que compartilhamos;
Das canções que plagiamos para falar de nós...
Segue a tua vida sem que minhas lágrimas interrompam
O teu assovio de alegria teatral.
Vai.
Um Momento.
Cá estou,
Guardando memórias...
Ás vezes, preocupando-me
Com coisas já passadas.
Cá estou,
Guardando palavras duras.
Essas que deixamos de dizê-las
Quando há, ainda, esperanças
Em torno de nós.
Deve Passar.
Ontem ele me teve nos braços.
Ontem fui a mais amada.
Hoje eu o tenho no pensamento.
Hoje sou a mais só das criaturas.
Existimos,
Mas, em mundos diferentes.
Amor:
Essa liberdade de existir além de mim;
Existir no outro;
Estar noutra pessoa;
No coração dela mais que ela própria.
O amor realiza as idéias
Sem nada diminuir.
Torna-me capaz,
Consegue ampliar os limites dos horizontes meus.
E nele eu reúno as minhas convicções!