Isadora Não Entende Nada
Tu
Tava escrevendo um poema triste
Mas lembrei de ti, amor,
Tu existe!
E parei na hora com a dor
Pra falar, quem sabe,
Agora de flor
Que é o que tu parece
Quando bem me quis
Quando me aparece
Quando tu fica nu
Quando tu mal m’esquece
E me deixa feliz.
Tu fala bem a minha língua
Com tua língua tu me cala
E dança pra mim na sala
Só pra ver eu te querer
Fez bem do jeitinho certo
E agora, amor, tô perdida
Tô presa na tua vida
Quero ver tu desprender
Pedi por favor por você pra uma estrela cadente
É que eu, cega, nunca dei por perceber
Que sempre foi tu, amor, que tava ali, na minha frente
Quando eu te enxerguei, fui logo ser tua
Que bom!, enfim encontrei - culpa da lua!
Não faça do amor algo tão sofrido
Que ele não passa de um dia bom
Susurrando besteiras ao pé do ouvido.
De tanto que eu girei contigo essa noite, tô tonta!
Então deita aqui comigo, amor, e me monta
E faz da minha rotação constelação na tua boca
Depois dorme bem juntinho que é pr'eu não ser tão louca
Foi de muito te olhar que o meu olho embaçou
Nunca deixei de te amar - meu mundo pra sempre rodou.
O mundo sempre foi assim de girar
Mas desde que te vi foi eu quem começou a rodar
Virei órbita fazendo rotações no teu umbigo
E tu meu satélite, largou tudo e veio comigo,
Quando tivermos a nossa própria lua a gente enlouquece
Uiva na rua, agita as marés e do resto, amor, se esquece.
E se me perder no teu abraço
Quem será que me encontra?
Fico feliz, a vagar pelo espaço
Tempo passa, não me dou conta.
É que eu cabia no teu colo direitinho,
Sumi no mundo quando achei o teu carinho.
Girava pela tua cintura, bailarina,
Feito anéis de saturno.
Contando estrelas, nas tuas costas,
Constelações de um céu noturno.
Congestionamento no teu trânsito ativo,
Sempre que eu ia à Marte
Na era de aquário, amor,
Nadei contigo por toda a parte.
Na conjunção de Vênus com tu,
Fui no zodíaco te buscar,
Que a carta de tarô, louca,
Insistia em dizer pr’eu te amar.
E quando nós juntos, corpos celestes,
Expandindo pelo espaço
Choveu meteoros naquele dia, de noite,
Culpa do nosso abraço.
Se desse jeito eu te amava inteiro
Que nós etéreos cria nevoeiro,
Pra que nos fumem até ficarem loucos,
Verem que no mundo, amor,
Os problemas são poucos
Que se resolvem dentro do chuveiro.
Quero entrar bem fundo dentro desse teu carma
E quando estiver sem ar,
Dar um beijinho nessa tua alma.
Nadar despreocupada contigo
Em meio ao cosmos do teu umbigo
E fazendo coreografias no céu, amor,
Quem sabe tu gosta da vida comigo.
Inverso do avesso
E um verso.
Todo meu amor nasce bem dentro do meu estômago
Ali se brota feito uma flor,
Ou borboletas me causam incômodo.
O frio na barriga me faz geleira
Até quando estou em Marte,
Na Lua me falta o ar, amor,
Mas falta mais quando tu me parte.