Isadora Fagá
Não deu certo com a minha mãe, né. Mas isso é tão comum, já reparou? Eu tive um monte de colegas com pais separados. Mas, felizmente, poucos com o pai ausente. Às vezes, quando vou jantar fora e vejo o pai sozinho com as crianças, tenho vontade de ir lá perguntar o que fez ele ficar. Assim como queria te perguntar, um dia, o que te fez ir.
Pai, que estranho falar essa palavra. Eu não sei se já disse ela algum dia, mas devo ter dito, porque tenho uma ou duas memórias nossa. Eu sinto muito por você, pelo que a vida nos pregou. Pelas escolhas que um dia não foram as melhores. Eu sinto muito por você não ter me visto linda no vestido de formatura da escola. Por não sentir ciúmes do meu primeiro namorado. Por não pular de alegria junto comigo no dia em que passei na faculdade. Sinto muito por você não ter me acompanhado até o altar um dia. E por você nunca ter conhecido sua neta.