Isabela Guaranys
A VOZ
O tempo passa,
As pessoas mudam,
Mas a voz...
A voz é como uma digital,
Sendo única.
Parece ecoar dentro da gente por uma vida inteira.
Quando de repente...
Ela se cala,
E adormece num sono profundo.
Deixando ali a saudade que abate e faz doer.
Mas conforto há,
Pois sabemos que apenas dorme,
Descanso existe.
MÃES
Parabéns para todas as mães dedicadas,
E que sejam sempre honradas, respeitadas, e amadas.
Parabéns para as grávidas,
Que contam com as diárias e noitadas,
Grávidas preparadas para a batalha.
AO CONHECIMENTO DE DEUS
Ao conhecimento de Deus nada é oculto.
Diante da grandeza e das minúcias da criação de Deus, estamos nós, cobertos de curiosidades, duvidas, anseio pelo que somos, vemos, sentimos e constatamos.
É a mente do homem, compreensível e ao mesmo tempo desconexa, que busca razão e entendimento sobre tudo e todos. Descobre sim as miudezas da matéria, mas a vida, o ciclo finito do homem passa, e as grandezas de Deus, a palavra, os ensinamentos e promessas seguem e permanecem sem muitos conhecerem o querer de Deus.
O QUE SOMOS?
Somos uma só raça, uma só espécie.
Somos destruidores.
Destruímos a natureza, destruímos emoções, destruímos princípios.
Em que lei vivemos nós?
Vivemos pelas leis das próprias mãos.
Direitos coletivos?
Jamais!
Regras aqui?
Faço eu, cumpro eu, puno eu!
Mundo psíquico alterado.
Grilado, fico eu.
QUEM DISSE?
Quem disse que ser deve ser?
O ser deve ser quem deseja ser.
Compreensão nunca é em vão,
A Criação não tem dimensão.
E por que limitar-se com um chão?
Liberdade, sem pressão;
É assim que quero viver então.
Mas nunca sem gratidão.
Gargalhar por que não?
Se o chão me serve para impulsão.
A FORÇA QUE EXCEDE O ENTENDIMENTO HUMANO.
Quem entende?
É grande quando o homem se acha grande,
Maior ainda quando reduzido, rastejante.
Homem;
Força não tem.
Vergonha, rejeição é o que dão.
Que ingratidão! Um homem tão puro, um erro e o chão!
Busca a perfeição e causa destruição.
Suplicio oculto; aparência estável, belo homão!
Estrutura permeada, vazada e o homão vai ao chão.
Puro pó. Que ilusão?
Mas um vento poderoso reergue o tal homão, sopra em seus lábios novas canções.
Seus gestos e ações frutos dão; ao colher é só gratidão!
AMOR/PRISÃO
Não me chamo Prisão.
Escuto por aí me chamarem Liberdade, mas de fato, chamo-me Amor.
Tolos são os que assemelham as grades, as trancas sem chaves, ao meu belo e doce nome.
Sou livre, alegre e regozijo-me ao ver espelhado meu nome por todos os lados.
Vida, amiga minha. A ti, tolos chamam-na morte.
Semelhança não há!
Vida, solte os grilhões, abra as cadeias, e deixe o meu nome se refletir!
OS LOUCOS
De olho bem aberto...
Os loucos querem amor.
Da loucura quero distancia.
Já deste tal amor...
Não sei onde procurar.
Aonde buscar?
Só louco sabe amar?
Se for assim nem pensar!
A sanidade toma seu lugar, e só prefiro ficar.
SALVAÇÃO
A idade se apresenta na face...
Mais ainda no corpo lesado pelas drogas.
Bebida, cigarro...
Licitas, não?
Sim! Símbolos da ganancia do homem.
Prazer, descontração, até quando então?
Digo-vos que até levar-lhe ao chão.
Foi assim com meu pai, e por que não com você que fuma e bebe?
O rumo que tens é o caixão.
Posso ser dura, por que não?
Se a dor que me corrói me leva ao chão;
Não para dentro do caixão,
Mas sim com joelhos no chão me ponho a orar então.
O que busco?
A Salvação!
FRUSTRAÇÃO
Esperam uma ação.
A mocinha da cena sabe bem a expectativa,
Sabe também que não agradará.
O dia passa, as horas correm, e a mocinha ao lazer a brincar.
Porem se conhece bem,
Para de brincar e põe-se a estudar.
Sabe bem a hora de parar.
O som da voz passa ecoa no lar,
Não tem ninguém para atrapalhar.
Será que os tais;
Os das expectativas compreenderão a mocinha que se põem a estudar?
Ou será a mágoa vai reinar?
A mocinha então com angustia no coração
Para para pensar e se põe a orar.
“Eu te amo.”
Frase com dimensões inalcançáveis.
São liberadas como espirros, mas vos digo... isso não é um vírus!
Há quem acredite ser, pois não alcançam seu poder.
Desvalorizam ao descrer e reproduzem sem compreender.
ANIVERSARIAR
Me peguei a pensar...
Onde está a velha animação em aniversariar?
Logo cheguei a conclusão: queria brincar, rever parentes que nem sempre podiam estar, amigos de todo dia, sorrir e gargalhar.
Todos que de alguma forma se encaixassem na minha forma de amar.
E o melhor, este reencontro tinha data certa, o dia de aniversariar!
Encontrei a justificativa. O tempo passou, os familiares e amigos se espalharam na história, uns continuam bem perto, outros fazem parte de encontros esporádicos, e outros deixaram apenas uma marca, a saudade!
Como me animar? Hoje, o melhor é viajar.
TRISTEZA JUSTIFICADA
Tentei ocultar... mas a tristeza batia à porta.
Não sabia ao certo o porquê e calada tentava entender.
Saindo do meu silencio pude então compreender.
A saudade estava a me abater!
Aquele abraço, peito seguro em que recostava,
Não precisava mais nada!
Era ali que chorava e gargalhava,
Como eu amava!
Dizia de tantas formas...
A melhor delas era enchendo-o de beijos como uma boa beijoqueira o faz.
Era assim com meu pai.
LINHA DO TEMPO
Nossa linha do tempo está cheia deles,
Grandes marcos registrados como...
Momentos com Deus,
Momentos em família,
Momentos com amigos,
Momentos a dois.
Um sorriso marcante,
Um beijo desesperado;
E então, o encaixe perfeito!
Dos ardores
Dos sentidos,
Dos impulsos,
Dos frutos e desfrutos,
Laços e deslaço.
REJEIÇÃO
Não importa!
A rejeição vem.
Espere. Ela vem rasgando!
Violenta.
Sim, destroça tudo.
Tira o sono, é agressiva...
Voraz!
Faz chorar, faz doer, faz minguar.
Minguar fantasias, esperança, desejos.
E tudo simplesmente se apaga.
E no escuro se entende;
Game over!
QUE SAUDADE
Que saudade do cheirinho do filtro solar,
Da brisa fresca do mar,
Do som das ondas a estourar,
E do sol suave a dourar.
Que saudade!
FICOU NA MEMÓRIA
Pai...
Ficou na memória a temperatura quente. Sempre bem quentinha para esquentar minhas mãos com frequência tão geladas.
O perfume masculino sempre de muito bom gosto deixado no ar ao sair do banho.
As puxadas para dançar sem hora ou lugar programado.
Ficou na memória...
A companhia, os ares dos bares e restaurantes do Rio, de Minas.
Era com ele que a música tocava.
Era com ele.
E hoje...
É memória.
EU SONHAVA
Eu sonhava e o bom era que parecia estar tão perto, tão ao alcance dos dedos.
A felicidade parecia estar ali;
Se construindo, gerando o tal belo amor.
Mas do nada, o “eu sonhava” se apagava e só chorava.
QUE MERDA
Tomei uma porrada aos trinta e cinco.
Fiquei dormente.
Depois de anos superados, coração sarado
Voltei a rir, sonhar sem par.
Até que um dia ao estudar resolvi paquerar.
Que merda tentar!
Ao me atrasar, só fiz desagradar.
Nos afastamos sem palavras trocar.
Até que voltamos a nos falar depois de anos a rolar.
E veja só...
Que merda tentar!
Recebi a proposta de recomeçar.
Fiquei feliz com o silêncio quebrado e o desculpar daqueles lábios pronunciado.
Começamos a namorar e veio a questão...
Um filho porque não?
Um sonho a prova, e pressão para a estruturação.
E o currículo?
E o currículo?
E o currículo?
Quando ia a distribuição,
Recebi um decreto e não um apoio.
“Três meses senão...”
Que merda tentar!
Quando estava a gostar, a sonhar, a ver bem perto um plano de vida cumprido...
Me pus a chorar.
Um decreto.
Três meses sem ver a pessoa e um trabalho na mão.
“Senão...”
Que merda tentar!
Achei que o veria após uma semana cheia de entrega de currículos.
Achei que era o cara que encheria minha barriga de filhos e que chamaria de amor até o fim da vida.
Achei que dividiria novos sonhos, viagens, e histórias.
Mais uma vez.
Que merda tentar!
SEM LUGAR NO MUNDO
Sinto-me assim,
Sem lugar,
Sem encaixe.
Sem grupo,
Sem um copo de cerveja,
Sem Samba,
Sem Rock.
Sinto-me sem identidade,
Sinto-me assim.
Onde o som alto e música sem sentido parece levar-me a pular,
Entrar nas ondas sonoras,
Em nova frequência,
Em novo ritmo,
Em nova realidade sem mais companhia.
Não há lugar no mundo.
Ser mãe...
A mais bela capacidade da mulher é ser mãe.
Da implantação, germinação ao bebê completo.
Proteger, amamentar, educar... quem não tem essa visão?
A mais linda função e que gera tanta gratidão.
Uma semente que lá na frente pode gerar outra semente.
O ABRAÇO
Tem horas que o peito doi...
Não é dor física, que fique clario.
É abstrato, é saudade.
Saudade de um abraço único...
Intimo, quente, gostoso.
Daquele que parece um grito de...
"Te quero aqui!"
"Me aquece aqui."
"Me protege!"
"Fica?"
Isabela Guaranys
DEIXAMOS SEMENTES
Na vida não importa...
Lembre-se sempre!
Quando passamos deixamos sementes. O que fizemos ou deixamos de fazer, ou mesmo de dizer; brota.
Brota na própria vida,
Brota na vida de outrem.
Não sabemos a hora. Mas brota.
Seja amor ou ódio, desprezo ou compaixão, respeito ou desrespeito.
Na vida deixamos sementes.
LAÇO
A casa parece arrumada,
Mas o quarto...
O quarto "virado", bagunçado, zoneado.
Ninguém entende...
É culpa da mente.
Mente "virada", bagunçada, zoneada!
Se perde tudo...
Das coisas ao tempo;
Segundos, horas e anos,
Não se vê os dias passando.
No quarto;
Papéis, livros, roupas.
Na mente;
Sonhos, estudos, trabalho.
Tudo virado!
Que laço!
DONA ALDINA
Ela tinha noventa e dois...
Coração grande, física e poeticamente.
Tem quatro filhas, sete netos e três bisnetos.
Lutou para nada faltar as filhas, e conseguiu criá-las muito bem.
Os netos... sempre tiveram sua presença; Palmadas se necessário, bolos para as festas, agasalhos para os invernos, e o tempero de vó...
Na comida e no aconchego do abraço que só ela sabia dar.
Amava ter sempre todos ao seu redor.
Ah!!! E quando os bisnetos se achegavam espontaneamente a alegria transbordava em seu gargalhar.
Mas está lá; A idade a se apresentar, o equilíbrio a se ausentar, a visão a se escurecer, e o Alzheimer a nos aterrorizar!
Levou a mãe, a vó, bisa.
Embora seja difícil a travessia, a família reconhece os cuidados de Deus que sempre estiveram nos detalhes.
Dona Aldina Pereira Sampaio, uma mãe, vó ,bisa e tia honrada por Deus e por todos nós que a amamos cada um a seu modo, mas sim, amamos.