Iris Figueiredo
O amor é paciente. Ele é feito de respeito e apoio mútuos. Ainda tenho medo do abandono, mas procuro pensar todos os dias que aqueles que importam estarão sempre comigo. Que uns chegam e outros vão, mas que não posso aceitar menos do que eu mereço.
E ela me lembrava que a vida podia ser um pouco mais que encontrar a galera no bar no meio da semana para uma conversa fiada. Que às vezes você tinha a sorte de encontrar alguém que era capaz de ouvir as questões existenciais que você tinha para compartilhar sem rir ou fazer pouco caso. Que amizade era muito mais que ir a festas – era arrombar portas por quem você se importava se fosse preciso.
Tinha dias em que não havia cores suficientes para expressar o que eu sentia. Em outros, eu não sabia o que estava criando, e as folhas iam parar na lata do lixo. Duvidava de tudo, especialmente de mim mesma. Me sentia uma farsa, como se até os desenhos que eu tanto amava fossem uma mentira.
Você não precisa entender as pessoas sempre. Ninguém consegue, por mais que tente. Mais do que compreensão, as pessoas buscam apoio, ou às vezes só alguém disposto a ouvir.
Eu costumava odiar mentiras. Com o tempo, no entanto, acabei precisando delas e me tornando uma especialista. Não me orgulhava disso, mas às vezes era tão espontâneo que mal percebia.
Não existe um céu sem estrelas (...). Mesmo quando estão cobertas pelas nuvens, ainda estão lá. A gente só não consegue enxergar.
E, sempre que vejo um fusca azul, lembro que dentro dele cabem pessoas o suficiente para me estender a mão se um dia eu precisar. Isso é força.