Idenir Ramos
Sou um homem das letras, discípulo de sábios mortos.
Escrever é minha cura para qualquer tipo de doença.
A escritura rebenta os grilhões do silencio, das lacunas, não existe o indizível, pois o indizível também é palavra.
O tec tec tec do teclado me conforta...
Sozinho em casa,
Noite de densa escuridão lá fora,
Porque não libertar minha loucura,
Relaxar minha frágil razão?
Aforismos obscuros, sentenças repentinas
Kafka no templo, leopardos e cálices e rituais
Sonho ou literatura – chamem-me James Joyce por favor.
Não pode ser
Não pode ser
Por que eu
Assim desse jeito
Cantando choro
Chorando morro
Sem ter você
Sem ter você
No final
Eu já não estava mais
Escrevendo cartas a você
Eram minhas lágrimas
Falando por si mesmas
Era o silêncio
Transfigurando-se em palavras
E dizendo o que nunca tive coragem de dizer.
Quando o silêncio envolver-me
Como uma camisa-de-força
Sufocando minha voz
Não poderei mais dizer
"eu te amo"
Serei tão-somente, e para sempre;
“O poeta das palavras natimortas”.
Um dia, por mim, só por mim
Os sinos hão de dobrar
Depois deste dia glorioso
Nunca mais terei que chorar.
Meu pai era pobre,
Mas deixou-me como herança milhares de sonhos.
Então, coube a mim a parte difícil:
Torná-los realidade...
Tudo correu para aquela noite
Meus pés, meus pensamentos
Não sei por quê
Não havia mais esperança
Deste o primeiro dia eu soube
Que o medo de te perder
Já era a perda consumada
Apenas corri para aquela noite
A noite que selamos o último beijo
e despachamos nossos destinos para caminhos opostos.