Ida Lenir Gonçalves
Nunca, mas nunca mesmo, conte com a atitude, disposição e comportamento do outro para chegar lá, pois sobre estes não temos ingerência. Considerar os outros em nossas decisões, é essencial. Considerar e não contar “com” “para”. Nosso desejo e nossa vontade tem que estar voltados para o que EU posso fazer, quando e como, com os recursos que dispomos e mobilizamos.
Quando se valoriza todos os episódios e decisões que foram tomadas e se reconhece o empenho e a vontade durante a caminhada, esta fica menos difícil. Mesmo quando a linha de chegada for “apenas” superar a perda de um amor.
Há momentos em que é preciso se lambuzar de viver. Embeber-se, deleitar-se, extasiar-se. Mesmo que, depois, chegue a ressaca de felicidade.
Sim, felicidade também dá ressaca. Muita alegria, muita surpresa, muita emoção gastam energia demais, o corpo padece e a alma agradece.
Cada dia que passa mais me convenço de que dizer não ao prazer imediato fortalece o caráter. Cada não dito ao mal (que, na maioria das vezes, afigura-se encantador) abre possibilidades de fazer escolhas que me tornam uma pessoa melhor.
Sem fugir dos conflitos, sem me acomodar à maresia da omissão.
Ver a morte sem dor, sem medo, permite refletir sobre o que está-se fazendo com a própria vida e com a vida alheia. Porque a dor dilacera, revolta, paralisa, angustia, atordoa.
Talvez por isso, este esteja sendo um dia dos namorados especial:
o dia em que estou enamorada de mim!
É melhor ter seios flácidos do que personalidade flácida; melhor ter bumbum mole do que cabeça mole; melhor ter rugas no rosto do que no caráter.
No mundo social, há verdades pessoais, jamais verdades absolutas, ainda que estas existam (com todo direito) para cada ser. Não é direito obrigar o outro acreditar na sua fé, assim como não é direito desrespeitar a fé do outro.
A crítica sincera é bem vinda, sempre, quando feita para o bem daquele a quem é dirigida. Forma, conteúdo e intenção dirigidas para o bem.
Nesses casos, creiam, a intenção é fundamental.
Não corri riscos desnecessários. Talvez por ser muito contida, talvez para frear a atração mórbida por quem vive no limite ou o ultrapassa, talvez por não ter coragem nunca de enfrentar a pressão social, talvez pelo medo de me embriagar e não ter mais volta…
Quanto maior a compressão, maior a explosão.
O acostumar-se ao delito induz ao transpasse da tênue fronteira do ético e do não ético.
O bem só se constrói na relação do eu com o outro.
Quem, como eu, viveu a necessidade imperiosa de estar sempre envolvida romanticamente com alguém sabe o quanto é bom retomar as rédeas de si. Porque apaixonar-se se torna um vício, que nos leva a ter alguém ao lado – qualquer alguém – apenas para não ficar consigo mesma.
Ainda que eu não acredite em alma gêmea, ainda que eu não acredite em amor incondicional, ainda que eu não acredite na entidade Mãe, ainda que eu não acredite em deuses,
Creio na infinita capacidade de amar das pessoas.
Não é possível evitar o tombo de quem dança e requebra sobre a corda bamba e podre e sente orgasmos múltiplos com isso. Uma hora a dita arrebentará e não quero estar debaixo para ver o estrago. Muito menos ser obrigada a catar os caquinhos.
Só se aprende errando. As recaídas são humanas assim como o levantar. De novo, novamente, outra vez.
A decisão do que fazer e as consequências do seu ato são suas, de mais ninguém.
o único caminho para a real libertação do jugo do amor doentio é querer, com toda a alma e todo o ser, deixar de amar. Perseguir esse objetivo disciplinadamente, firmemente, pacientemente.
Mas, cá entre nós, sempre vai sobrar um cadinho de despeito… que não tem nada a ver com amor. Garanto.
O tempo, que se perde reconstruindo o passado ou planejando o futuro, é tempo perdido. O tempo, que se investe em quem não tem tempo pra gente, é tempo perdido. O tempo, que se gasta para acomodar as vaidades, ainda que sejam as nossas, é tempo perdido. O tempo deixado na amargura, no despeito, na vingança, na inveja, é tempo perdido.
O tempo usufruído é aquele em que a música ilumina a vida e a alma sorri.
Sem confiança e respeito, o amor é uma farsa, é mero instinto de posse. Não se engane não, pouco resistirá às intempéries da vida.
Para o amor, é “melhor” a tempestade permanente do que a calmaria da negação, porque esta última esconde tirania, opressão e frustração.
Por que retomo o assunto? Porque tudo me leva ao ponto nevrálgico do que não está curado, do que incomoda: como fugir das armadilhas que crio para mim?
Gostaria que a naturalidade da representação fosse resultado de real autoestima e não do treinamento feroz com o qual dissimulei minha fragilidade.
Quem se sente feio, nunca escolhe; contenta-se com quem te quer, quando ele quer e como quer. Submete-se ao outro, que, geralmente, reforça a inadequação para manter o controle.