Iasmim Chéquer
A organização:
entre andar de onibus e aviao
percebe-se a pequena distância
entre o ceú e o chão
entre quem tem e quem não
quem vive no ar e quem vive a andar
passear é artigo de luxo
no país colonial.
Entre os dias, que se foram
meu coração mal sabia
que estava ali firmando
mais uma posição
ficando ainda mais certa
sobre entregar meus olhos
minhas mãos
sorrisos e lágrimas
pra história
de nossa transformação.
Aquelas falas, aquele choro
leve e sincero
me tocaram como nada
pra dizer sobre o que carregamos
quando chegamos e partimos
dentro de nossas malas
são apertos, esperanças, e roupas por vezes
muito usadas, surradas, outras floridas, amadas
são medos, poesias, sorrisos, e vontades
adereços, enfeites e mistica em papeis
livros, lápis e fotografias, guardadas nas bolsas
dentro das mochilas tem também bandeiras
com as cores brasileiras, as cores do nosso projeto
é multicolor
carregamos em nós, a vontade do mundo virar
acompanhadas de desejos, de sonhos, de uteros que gemem
que querem ver a luz de outro ser, e por vezes tem medo,
que adiam esse momento, pois agora é outro tempo
desejos de amar, de encontrar amor pra além do que atravessa
as companhias e companheiros do partido
do movimento.
Espera eterna e profunda, de encontrar nos seres que carregam
mentes e corações na mesma direção
um amor, que seja o fundo protetor
pra aguentar fazer e seguir no caminho da coragem
sem exitar, sem nada deixar pra trás, de mãos dadas
pra fazer dos bons momentos, os melhores
pra fazer dos dias difíceis, pranto e conforto,
aguentar e apoiarmos uns nos outros
pra ficarmos de pé, e firmes
pra não cair.
A bandeira vermelha,
tão latente, e que dar cor ao nosso sonho
se pinta de verde, de esperança
de amarelo, do sol que nascerá
de azul, do céu e do mar, que nos faz aliviar
nossa cor é multicolor
em cada mala, uma parte do nosso amor
amar é verbo infinito
presente no elo
das bandeiras e dos seres desse partido
sigo, no meio de muitos
ainda que só, cheio de todos
e de nós.