Iana Alexandrino
Eu não podia me apaixonar por você! Definitivamente eu não podia! Eu tinha que viver a vida, eu tinha que curtir com meus amigos. Porém não consegui resistir ao teu sorriso manso, aos teus aconchegantes abraços, a tua voz no meu ouvido. Foi aí que eu descobri que definitivamente eu não podia era ficar sem você.
Eu sou assim, se alguma coisa me machuca, me calo. Se alguma coisa me irrita, me calo. Guardo tudo pra mim, e ajo como se nada tivesse acontecido. Mas quando me canso e explodo, me afasto e continuo calado pois sei que se eu começar a falar, irei magoar as pessoas ao me redor, e magoar quem eu amo, nunca estive em opção.
Não há, nesse mundo, coisa melhor do que olhar pra trás e ver a quantidade de coisas pelas quais você passou e superou. É bom demais parar dez minutos pra pensar no quanto você evoluiu, o quanto você foi desapegando de coisas que dizia não viver sem. Ver o quanto você mudou de opinião, que coisas que você jurou jamais fazer, hoje você faz e nem percebe. É incrível notar que algumas pessoas que, anos atrás te juraram companhia, ainda estão do seu lado, e é incrivelmente estranho como outras saíram da sua vida e você nem viu. A gente vai desapegando tão lentamente de algumas coisas que quando ver, já era. É tarde demais. Quando ver, você já ama outra cor, outro cheiro, outras músicas. De repente seu filme favorito não é mais o mesmo, e se quer, do mesmo gênero. Quando você olha ao redor, tem gente de menos, e que aquelas que você julgava ‘amigos’, hoje, estão em caminhos totalmente diferentes do seu. Quando percebe, seu ‘bom dia’ pertence a outros. Percebe que está sobrando espaço para companhias e que seu coração ficou grande demais pra pequena quantidade de pessoas que restam na sua vida. Percebe que não importa o tempo, a distância ou o grau de importância que você dá para alguém, simplesmente, ela continua com você. Quando você para pra pensar, nota que qualquer motivo, por menor que seja, é sinônimo de juntar a turma e sair pra beber, na tentativa de preencher algum vazio aí dentro. Percebe que não importa quantas piadas você faz por dia pra tentar se alegrar ou se distrair, à noite, você continua sendo ridiculamente sozinha. Percebe também que o colo da sua mãe ficou pequeno demais pra te confortar, e que seus problemas, agora são ‘problemas de gente grande’ e que o pequeno agora é você. Você olha em volta e, por segundos, ver que quase tudo tomou outra forma, que muita coisa que era divertido, pra você, ficou chato. Mas ainda é gratificante comparar o ontem com o hoje e ver quanto cresceu e nem notou, o quanto o tempo fez bem para você e para tudo aquilo que está ao seu redor. E não tem outro jeito, o tempo vai continuar te fazendo bem, porque crescer é infinito. E que não importa se você é adepto ou não às mudanças, muita coisa vai mudar. Muita coisa já mudou.