Na velha roseira,
entre as folhas e os espinhos,
uma aranha tece.
Começo de chuva...
A tempestade faz festa,
no meio da rua.
Os beijos da tarde
são feitos de mil fragrâncias
de velhas saudades.
Natal em festejo!
Os filhos não me visitam...
Papai sem presentes.
A noite flutua
e as rosas dormem mimosas
aos beijos da lua.
Longa chuvarada...
Nos matos e nas lagoas,
um canto de vida.
Seus cachos de seda
são borboletas douradas
brincando na brisa.
Sentei-me na praia
e quando dou pela coisa
o mar me beijava.
Ao primeiro susto,
os pombais, cheios de arrulhos,
ficaram vazios.
O céu, que é perfeito,
andou jogando em seus olhos
o dom do infinito.
A chuva tardia
deixou perfumes de terra
nas ruas molhadas.
é quase noitinha
o céu entorna no poente
um copo de vinho
A tarde é bem quente.
Cansada, boneca ao lado,
menina dormindo.
Doze anos em flor!
A linda menina ainda
não pensa no amor.
A lua, cansada,
adormeceu por instantes
no leito do rio.
Não tenho certeza,
mas acho que os grilos gostam
da minha janela.
Muita brisa à noite.
Dos jasmineiros da rua,
perfumes e flores.
Não é meia-noite
e as mariposas cansadas
já dormem nas praças.
A manhã recita um salmo,
passa o vento mais amigo,
e é nesse momento calmo
que Deus conversa comigo
A velhice não me assusta
quando aumenta a minha idade
porque nela se degusta
o bom vinho da saudade