Hugo del Valle
Ora, a felicidade não é um propósito, mas consequência de uma vida com sentido, porque tem propósitos. E será tanto mais feliz e cheia de sentido a nossa vida quanto mais nossos propósitos coincidirem com os propósitos de Deus. Quando nossos propósitos são verdadeiros, o seu Espírito envolve todas as faculdades da nossa alma com seu amor e temos uma razão para viver, o que dá sentido à nossa vida.
Olhos bons não são aqueles que tornam bom aquilo que é mau, mas que encontram bondade onde os olhos maus sempre veem com maldade. Não que não vejam a maldade, claro que sim, porque ao discernir a maldade para que ela não entre no coração, isso também torna os olhos bons. Se os teus olhos forem bons teu coração se encherá de luz, mas se forem maus, a tua luz será escuridão. Por isso, cuida dos teus olhos!
Assim como a lente dos olhos projeta luz para fora da alma, pela lente dos olhos entra a luz refletida do mundo para imprimir no coração a percepção que temos de tudo o que vemos.
Para o nosso crescimento interior não está em jogo o valor das nossas ações, mas as motivações que levam a essas ações.
Há momentos na vida em que ficamos em dúvida sobre o que realmente queremos, por isso não conseguimos tomar uma decisão. Então, alguém diz: — se você não sabe o que deve fazer, siga o seu coração. Que perigoso isso! Não conhecemos todos os desejos e intenções do coração: hoje, ele diz sim, amanhã, sem nos dar nenhuma razão, ele apenas diz não. Como podemos confiar no coração e entregar o nosso destino em suas mãos?
Quando você tem propósitos, então você tem uma razão para viver, e esta razão passa a dar sentido à sua vida.
A razão é o princípio da verdade, não do amor, porém não há verdade sem amor nem amor sem verdade. Não amamos porque sentimos amor, amamos porque Cristo, que é a verdade, ensinou-nos a amar. Por isso, é preciso aprender a amar! Mesmo com um coração sem razão, ainda assim, é preciso aprender a amar!
Desejamos e, porque desejamos, olhamos demais para o amanhã. Corremos e corremos, ficamos intranquilos e, ao nos ocuparmos com tantas coisas que no futuro descobriremos não serem tão importantes, deixamos passar a alegria de viver. E esse homem sofre, perseguindo a felicidade, que não chega, e nem chegará, pois ele não a vê, visto que está muito ocupado correndo atrás dos seus objetos de desejo. Então, o que dizer? Apenas: Pare de correr!
Muitas vezes, nosso coração pressiona nossa consciência para nos acusar e condenar, por causa de algum sentimento de culpa que insiste em não ir embora. Podemos ficar presos para a vida, sem iniciativa e sem forças para seguir em frente, resignados com o julgamento da consciência. Não precisa ser assim! Lembre-se do que o apóstolo João disse: “pois, se o coração nos condena, Deus é maior que nosso coração”.
Deus quer o melhor para cada um de nós! Ele quer nos dar da sua alegria para que ela permaneça em nós em todos os momentos da nossa vida, em família, com amigos, no lazer, na escola, no trabalho, nos momentos bons e nos momentos ruins, enfim, para que a nossa vida seja completa e sejamos verdadeiramente felizes.
Quando temos um propósito em nossa vida, nossas forças não são desperdiçadas, ao contrário, são alimentadas para nos concentrarmos neste propósito e isso nos permite explorar mais intensamente a nossa sensibilidade para dar um valor real maior ao que normalmente passa despercebido diante de nós. Ora, nosso coração é insistente em nos fazer dirigir o olhar para tudo o que é moderno e grandioso, porém nunca podemos esquecer de que coisas simples também são carregadas de significados.
Você é feliz? Ou não é feliz porque tem muitos problemas para resolver e coisas para adquirir? Será que a felicidade depende disso? Ou será que você pode ser feliz mesmo quando o mundo não lhe dá aquilo que você espera? Sim, você pode! Você pode ser feliz mesmo com problemas, com desafios e até na dor! Porque toda a sua vida depende da direção que vem do interior do seu coração. Afinal, quem está cuidando do seu coração? É esse mundo aí fora?
Porém, nunca podemos nos esquecer de que um propósito só tem valor se ele é resultado de uma firme decisão. Durante a vida, podemos nos encontrar envolvidos em propósitos que não são nossos – são do pai, mas não do filho; são do marido, mas não da esposa; são da empresa em que você trabalha, mas não seu; são do mundo, mas não meu – e, em casos como esses, porque não houve um real compromisso, certamente se incorrerá em uma vida carente de significados.
Quando você tem propósitos definidos, tem uma razão para viver, e essa razão passa a dar sentido à sua vida. Ao viver uma vida com sentido, mesmo com todos os desafios que o mundo coloca à sua frente todos os dias, acredite, você vai encontrar satisfação e alegria, e seja lá o que se propuser a fazer de bom irá protagonizar retratos da felicidade.