Henri Nouwen
As verdadeiras amizades são duradouras, porque o verdadeiro amor é eterno. Uma amizade na qual o coração fala ao coração é um dom de Deus, e nenhum dom de Deus é temporário ou ocasional. Tudo o que vem de Deus participa da vida eterna de Deus.
O grande desafio espiritual é descobrir, com o passar do tempo, que o amor limitado, condicional e temporal que recebemos dos pais, cônjuges, filhos, professores, colegas e amigos, é um reflexo do amor ilimitado, incondicional e eterno de Deus.
A oração contemplativa aprofunda em nós o conhecimento de que já somos livres, que já encontramos um lugar para habitar, ainda que tudo e todos ao nosso redor digam o contrário (NOUWEN, Henri. O Perfil do Líder Cristão do Século XXI. São Paulo: Atos, 2000, p.32).
Mantenha seus olhos naquele que se recusa a transformar pedras em pão, que não pula de uma grande altura e abdica de governar com grande poder temporal. Mantenha seus olhos naquele que diz: Bem-aventurados são os pobres, os mansos, os que choram e aqueles que têm fome e sede de justiça; bem-aventurados são os misericordiosos, os pacificadores e aqueles que são perseguidos por causa da justiça. Mantenha seus olhos naquele que é pobre com os pobres, fraco com os fracos e rejeitado com os rejeitados. Aquele que fez essas coisas é a fonte de toda a paz.
“O que nos torna humanos não é a mente mas o coração, não é a habilidade de pensar, mas a capacidade de amar.”
Assim, estou orando, mesmo sem saber como orar. Descanso, mesmo quando me sinto impaciente; tenho paz quando estou sendo tentado; sinto-me seguro em meio à ansiedade; cercado de uma nuvem de luz, mesmo quando estou no meio das trevas; em amor, enquanto ainda tenho dúvidas.
Quando nos perguntamos honestamente quais pessoas em nossas vidas significam mais para nós, descobrimos que frequentemente que são os que, ao invés de dar conselhos, soluções ou curas, escolheram compartilhar a nossa dor e tocar nossas feridas com uma mão quente e gentil. O amigo que fica quieto conosco em um momento de desespero ou confusão, que pode ficar com a gente na hora do luto e da perda, que tolera não saber, não curar, e encara com a gente a realidade da nossa impotência, esse é um amigo que se importa.
Ao longo dos anos, vim a perceber que a maior armadilha na nossa vida não é sucesso, popularidade, ou poder, mas auto-rejeição. Sucesso, popularidade, e poder podem realmente apresentar uma grande tentação, mas a sua qualidade sedutora, muitas vezes, vem da forma como eles são parte de uma tentação muito maior de auto-rejeição. Quando começamos a acreditar nas vozes que nos chamam inúteis e indignos de ser amados, então sucesso, popularidade e poder são facilmente percebidos como soluções atraentes. A verdadeira armadilha, no entanto, é a auto-rejeição.