Helma Aguiar
Nós, os superiores (líderes, chefes, políticos, palestrantes, professores, pastores, padres, 'príncipes', 'princesas' e por aí vai) no alto de uma montanha chamada certeza, inspiramos confiantes nossos pensamentos e ideais, confortáveis pelo prazer de calar o mundo ao sopro das nossas verdades. Um ar puxado de um nível acima, que devolvido ao ambiente, gera um mover de desafetos, desentendimentos e desencontros.
Nós fugimos pra torre mais alta, tentando esconder nossa culpa, nossa baixa auto-estima, insegurança, erros passados. De forma inconsciente, nos sentindo ameaçados, reagimos fugindo para este lugar intocável.
Atras da máscara da importância, da decisão e munidos de bons argumentos ou mergulhados em devaneios, nós os soberbos, tentamos dominar os inferiores, como num extinto de sobrevivência.
O que nos faria descer ou cair da torre?
Caí quando amei. Quando dei mais importância ao outro do que aos meus critérios, certezas e argumentos. Quando abri os olhos e vi a pessoa que amo, vi o que sempre considerei errado, inaceitável, intolerável e mesmo assim percebi que amava. Do lugar onde eu estava eu não podia ver ninguém além de mim. Meus medos, meus planos, minhas idéias, meu mundo.
Eu vi que estava perdendo muito com minha postura e que já não podia carregar o peso de transparecer a perfeição e a santidade. Por constatar meus erros e inseguranças escondidas, percebo que não sou imune, e estou aprendendo a permitir.
Gosto de pensar que em algum lugar Ele vigia, Ele me acompanha. Por vezes tão perto que posso sentir. Permite coisas que eu não entendo, mas está aqui, esteja eu sofrendo ou feliz, Ele está comigo. E eu mesmo sem entender Seu plano pra mim, vou vivendo em busca do melhor que posso ser e do melhor que posso dar. A Igreja e os bons amigos que fiz me sustentam nessa caminhada de altos e baixos.
Meus pensamentos me enganam.
São tantos.
Se contradizem.
Meus pensamentos me torturam.
Cochicham e gritam.
Não sabem fazer silêncio.
Meus pensamentos me sufocam.
Me amam e me odeiam.
Não me deixam.
Meus pensamentos me enlouquecem
Não conhecem as palavras
Não respeitam minhas escolhas
Calma coração! Não é só você quem manda aqui.
Depois de muitas frustrações amorosas, estou aprendendo a identificar o famoso apego, que difere muito de amar. Hoje eu sei o que é o amor, embora não tenha amado. Aprendi por conviver com o amor e com a falta dele também.
Se não há respeito mútuo, não há amor.
Se não tem tempo pra conviver, não tem como o amor sobreviver aí.
Assim, fui percebendo quão triste é o apego e quanto tempo perdi nesse estado de “sofrença”, podia estar feliz, mantendo meu coração e mente abertos.
Por isso instituí ao meu coração, a “lei do desapego”: “Onde não posso amar, não me demoro”.
E quando preciso desapegar, eu rezo. Em especial, este salmo: "O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã" (Sl 30:5). Não compensa perder a fé em Deus, em você ou na vida por uma decepção (ou por várias, no meu caso). Não tive “sorte no amor”, mas acredito nele e tenho esperança de vivê-lo um dia (que não delongue mais).
Enquanto esse dia milagroso não chega (rs), não me conformo com migalhas, com indecisões, com relacionamentos que tendem a ser abusivos, com falta de interesse, sumiços ou traições. Estou solteira, não por ser “exigente demais”, por “escolher muito”, mas por ter amor próprio (e por ter um dedo podre, se ágüem puder indicar-me um cirurgião para cortá-lo?).
Estou longe de dominar meus sentimentos, por ser ansiosa e uma romântica incurável (sou dessas que gostou de alguém já começo a olhar vestidos de noivas na busca do Pinterest), confio nas pessoas com facilidade até ocorrer algum fato contraditório. Então eu engulo meus sentimentos, regado a lágrimas, doces, um vinho barato e musica da Whitney Houston no ultimo volume. E ponto final nessa história.
Como dizia Vinícius (aquele de Morais), “paixão é fogo”, assim como o fogo não se sustenta sem a combinação de certos compostos com oxigênio, a paixão não se sustenta sem sintonia. Paixão passa. Não faz bem alimentar sentimentos e lamentações onde não há reciprocidade. Como minha amiga sempre diz: “Foi livramento divino”.
Permanecerei solteira, porque decidi que não vou seguir conceitos pré-definidos sobre quando, ou quem devo amar.
Não estou à espera do Príncipe. Estou aguardando “aquela pessoa” que será meu companheiro de aventuras e aflições, quem sabe possa encontrar com ele o amor que aspiro.
Não estou escolhendo, eu estou confiando que a pessoa certa vai aparecer, o tempo acontecer. E por enquanto, sigo solteira, porque acredito no amor.
Nós, os superiores, no alto de nossa montanha chamada certeza, inspiramos confiantes nossos pensamentos e ideais, confortáveis pelo prazer de calar o mundo ao sopro das nossas verdades. Um ar puxado de um nível acima, que devolvido ao ambiente, gera um mover de desafetos, desentendimentos e desencontros.
Atrás da máscara da certeza e munidos de bons argumentos ou mergulhados em devaneios, nós os soberbos, tentamos convencer os inferiores dos seus pensamentos pequenos. Este é nosso extinto de sobrevivência, para que nossa importância não morra com nosso discurso imperativo.
Como dizia Vinícius (aquele de Morais), “paixão é fogo”, assim como o fogo não se sustenta sem a combinação de certos compostos com oxigênio, a paixão não se sustenta sem sintonia. Paixão passa. Não faz bem alimentar sentimentos e lamentações onde não há reciprocidade.
O que nos derrubaria da "Torre" chamada "Superior"?
Eu caí quando vi o amor lá em baixo.
Quando dei mais importância a pessoa do que aos meus critérios, certezas e argumentos.
Próxima de quem amo, pude ver o que sempre considerei inaceitável, tornar-se insignificante.
Meu ego subiu ao topo dessa torre, onde não podia ver ninguém além de mim.
Descobri que não pode ser cego, nem o amor próprio e nem o amor ao próximo.