Hell DeLarge.
Alguma vez na vida já se questionou qual o sentido dela? Há uma grande diferença entre o verbo "existir" e "viver" e viver ultimamente está completamente fora de questão.
Passo metade do tempo engolindo sapos da vida. Em cada esquina que me deparo, tropeço, dificilmente alguém está disposto a estender a mão. Na vida pouquíssimas pessoas fazem a diferença. Demorei pra entender que a maioria só estão alí de passagem. Pessoas iguais, atoladas em pessoas iguais, que se iguale entre elas.
Eu não tinha perspectiva de vida. Eu não tinha esperança em nada. Não fazia a miníma idéia de como iria levar os anos de vida que me restavam. Os outros, ao menos, tinham algum gosto pela vida. Faziam parecer que viver era algo magnífico e belo. Talvez eu fosse a excessão. Frequentemente me sentia inferior e me recusava a acreditar no melhor da vida. Queria apenas encontrar um jeito de me ausentar do mundo. Dormir era o que me restava, ou cavar um buraco e me enterrar por trinta anos.
Amar alguém foi a minha derrota. Como pode o ser humano acreditar que amar seja algo sólido? Amar é a soma de todos os erros possíveis. O que começa em amor, termina na terceira guerra mundial.
Deus é a fuga pros doentes emocionais acreditarem que é mais conviniente acreditar em algo, do que se encarar que de fato estamos todos sozinhos. Deus é a fuga, a razão é a arma.
Sei lá, só cansei dessa coisa patética de sentir e procurar. Parei pra pensar e esse negócio de sentimentos demostrados meio que estraga, é um problema interminável. Aos poucos estou aprendendo que nem todos dão valor ao que você pode oferecer, acabar demostrando afeto acaba enchendo o saco, e digo isso tudo da minha parte. Chega de sms, chega de mensagens no WhatsApp, chega de preocupações, declarações, sentimentos demostrados ao extremo. Vou aprender a largar o foda-se em relação a isso. Não quer falar? Não fala. Não quer sair? Também não vou ficar adulando e fazendo mil convites, mil vezes até você tiver disposição pra dizer sim. Não quer me ver? Não veja. É apenas um aviso básico e simples: Me procura você. O meu limite de paciência já se esgotou, entre milhares de vezes que fui atrás e não tive nenhuma correspondência da sua parte. E outro aviso que deixo também: Sei que sou trouxa, e isso tudo que escrevi não vou levar em prática. É mais fácil escrever essas baboseiras do que praticá-las.
Por que é tão difícil encontrar pessoas interessantes? Devo me acostumar a viver no meio dos idiotas? O problema é que pra não viver completamente só, o que resta é me relacionar entre eles. Preciso dos imprestáveis mesmo sem terem a menor utilidade. Na vida sempre iremos precisar de alguém, por mais miserável que possam ser. Nenhum alvo há de se mover sozinho.
Quando o meu relacionamento acabou, levou com ele toda a minha auto estima. Certa vez o cara que eu amava, demostrou interesse por outra pessoa. Me conformei. Como assim, Hell? Como diabos nos conformamos? Tudo que precisei foi olhar pra minha alma e me enxergar como eu sou. Sempre pequei em beleza, mas nunca falhei em caráter. Nunca deixei de cumprir nenhuma promessa, nunca frustrei nenhuma expectativa. A melhor hora de sair de cena, é quando reconhece que você fez o melhor que poderia ter feito.
Eu já me apaixonei. O amor me mostrou que é cruel, destrutível e completamente inútil. Nunca gostei de estar apaixonada. Odiava conviver sabendo que minha felicidade dependia de outra pessoa.
Quando a gente é criança, somos tão ingênuos a ponto de pensar que envelhecer é uma coisa legal. Fazemos algumas festinhas com brigadeiros, quebramos alguns brinquedos. Os anos passam, papéis se invertem e a única coisa que passamos a quebrar é a cara.
Eu disse: ― Que se foda! Ele respondeu: Da última vez que disse isso, também achei que fosse verdade. É isso que o amor faz, acabamos perdendo o senso de perspectiva, engolindo o orgulho e deixando que tomem partes das nossas fraquezas. Isso nunca me pareceu correto.
Percebi que não dava a mínima pra vida, quando sofri lesões no joelho e a medicina apontava que era possível perder os movimentos da perna. Conviver sabendo que poderia nunca mais por os pés no chão não me assustava. A minha alma estava corrompida por crises existenciais maiores.
Quando você quebra o joelho a dor é única. Quando você se queima no fogo a dor é única. Quando você quebra um braço a dor é única. Quando você se quebra emocionalmente a dor também é única. Cada dor é única a sua maneira. Não existe dores mais importantes e menos importantes. A dor é uma só, e cada pessoa se fere à sua maneira. A dor é inconsumível pra quem sente.
Agora sou eu que escolho, eu escolho deixar você partir, eu escolho não ter que toda vez quebrar pedaços de nós, escolho liberá-lo de forçar a ser o que você não é. Chega de fantasiar. Não vou mudar quem eu sou, mas também me nego a te mudar.
Eu nunca quis deixar que o destino destruísse a ideia de construir uma vida com você, porque você era a minha vida.
Sempre detestei caras românticos ou engraçados. Não gostava daqueles que estavam alí pra me fazer rir o tempo inteiro. Gostava daqueles completamente independentes, que não viviam pra suprir as necessidades de alguém. Sempre aplaudia de pé os sérios, durões, aqueles sem a mínima porcentagem de sensibilidade.
Quantas vezes já disse que acabou e fez daquilo um novo recomeço? Quantas vezes disse que cansou e persistiu alí? O segredo está na ausência das palavras.
Enquanto a minha boca parecer uma metralhadora na época de guerra, atirando palavras pra tudo que é lado, talvez não tenha com o que se preocupar. Se preocupe mesmo é com o meu silêncio. A minha ausência de palavras é o passaporte pro fim.
Eu estava longe de ser uma pessoa útil, eu era completamente desinteressante. Nunca quis forçar ser uma pessoa interessante, parecia cansativo. Eu queria mesmo era um momento de paz, um buraco obscuro pra viver a minha solidão insatisfatória; por outro lado, a depressão atacava, eu começava a distribuir patadas, eu estava desequilibrada, queria tudo, e nunca conseguia nada.
Cansei de longas filas de espera. Passam minutos, horas, dias, meses e anos, nada de novo acontece. Estou em um momento da minha vida que não sou mais surpreendida nem pelas decepções.