Helenilson Persi
Perante isto tudo, deste universo terrestre suportado pelos tão frágeis alicerces da moralidade, me identifico com Nietzsche sobre como cada um de nós pode se deixar ser um produto adequado ao meio ao qual somos condicionados, ou partir para uma jornada de autodescoberta tão grandiosamente singular deslumbrante que o eu de hoje não pertencerá ao de amanhã, contradizendo-se, descentralizando-se, desprendendo-se do meio ao qual foi inserido e condicionado a inércia.
Penso que a mortalidade de nossos desejos, sonhos e aptidões, seja fundamental pra que façamos escolhas e sacrifícios em direção ao que mais queremos em vida. Para muitos, esta busca simplifica-se em felicidade ou legado. Queremos levar o melhor da vida e deixar o melhor de nós para o mundo, basicamente. A morte nos dá um prazo, uma condição. E nisto fundamos qualquer valor sobre a vida. Sobre nós.
Se tudo está intrinsecamente ligado, razão pela qual chamamos 'universo', então é fácil presumir que um dia, em algum ponto deste entrelaçamento, um evento singular irá acontecer no encontro entre nossa consciência e sua origem. A morte, por fim, terá seu significado resoluto.
O fato de não compreendermos com precisão o que acontece diante da interrupção da vida - biológica, mental e todas as energias - da mesma forma que entendemos o nascimento de um ser vivo, me leva a imaginar um universo ainda maior na totalidade de suas dimensões. Transcendemos a realidade conhecida? Mergulhamos num sono completamente escuro e sem sonhos do qual jamais despertaremos outra vez? Nossa matriz energética se dispersa e não se converte em mais nada, apodrecendo-se com a matéria de nossos corpos? Melhor, se almas ou espíritos existem, como um tipo de matéria ou energia, a morte seria um estágio natural do processo que nos leva a assumir sua verdadeira forma ou seu perfeito estado?! Uma possibilidade fascinante! Aterrorizante!
Sempre me lembro da maior dualidade da vida: força e fragilidade. Caio na resolução de que somos ingênuas criaturas desamparadas na imensidão do cosmos, seduzidos por sua mortal exuberância.
Apesar da minha ciência sobre causa e efeito, não penso que a vida seja resultado de bondade nem que a morte seja resultado de maldade, se levarmos em conta a possibilidade teísta das variáveis. Na terra, criamos um mundo no qual queremos exercer o máximo de controle, mas fora dele tudo mais é hostil, sombrio.
Recebemos muitos implantes mentais ao longo da vida e somos introduzidos a um senso de moralidade na infância que em parte nos liberta e em outra nos aprisiona ao longo de nossa formação.
Esperança é reconhecer no feitor a possibilidade de se refazer. Expectativa é projetar o feitor sem o reconhecer.
É uma ideia corruptiva ensinar uma criança a fazer algum bem por dinheiro ou premiação. Isso pode distorcer a percepção do indivíduo sobre o valor de suas ações, seus esforços e desenvolvimento e provavelmente formará um adulto interesseiro que dificilmente agirá sem que haja algo em troca, focando sempre na recompensa.
Quando os feitos de alguém superam sua condição humana, a noção de tempo para sua vida deixa de existir e sua existência se torna perpétua.
Questiono a superficialidade das coisas e, às vezes, além dos confins da imaginação, contemplo simples verdades.
Ler é uma experiência que, além de nutrir nosso intelecto e abrir nossas mentes a um universo tecido pelas palavras, também nos enche a imaginação com estímulos e percepções únicas.
Confesso, escrever é uma experiência formidável e que tem a prática subestimada pela maioria de nós. É um estado em que meus sentidos se elevam a capturar e o primor das coisas, por onde pensamentos abstratos/caóticos se equalizam a uma "frequência legível".
Dizem que fotografar é eternizar momentos, o que pra mim é um engano. Fotografar é internalizar momentos! Parabéns, verdadeiros amantes da fotografia!