Helena Mantovani

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Nos últimos anos vinha dizendo que não sabia mais escrever sobre sentimentos, que não suportava ler uma palavra que se relacionasse a paixão e que dispensava todas as dicas de leitura que constassem histórias de casais apaixonados. Mas me deparei com uma situação que não tenho outra escolha a não ser escrever; ou ir me matando aos poucos.

Aprendi a guardar meus segredos, porém estão escondidos tão superficialmente, que revelo pelo olhar e pelo sorriso quando enxergo aquele homem. Queria que estivesse guardado a sete chaves.

É uma paixão nova, regada de admiração, respeito e acima de tudo uma vontade de tê-lo por perto sempre. Sabe quando uma pessoa te conquista sem querer, e você esquece os mil e um problemas que isso poderia vir a ter? Eu sei.

Ser independente de qualquer pessoa e sentimento são características fortes em mim, mas ele chegou, e sem nem saber, transformou-me em uma completa dependente de tudo que havia nele. Pela manhã, tarde, noite e madrugada fico involuntariamente refletindo cada palavra que me disse, por mais sem sentido que pareça. E quando deito a cabeça no travesseiro, sorrisos surgem.

Mas ele não pode saber... Ninguém pode. Há diversos fatores que nos impedem de sermos - nós -. Eu não sei onde quero chegar, mas quero. Ele é diferente de todos que já conheci, é como se qualquer coisa que eu fizesse, e se ele estivesse junto, valeria profundamente à pena. Como diria o brilhantíssimo Bukowski: Sentia-me como se estivesse apaixonado por algo que fosse muito bom, mas não sabia exatamente o quê, exceto que estava ali, bem perto.

Estou ciente que isso não vai ser para sempre, provavelmente daqui alguns anos não iremos nem mais nos veremos, mas eu vivo o momento e me entrego a ele. Esse homem é como uma onda de calor com tempo indeterminado para passar, que me aquece e me faz ter vontade de me apaixonar a cada dia.

Portanto, por mais que não pareça, estou sofrendo. Mas é um sofrimento bom... É uma mistura de – faz parte – com - caramba, estou me apaixonado -, e isso já é ótimo. Como novamente diria Charles, “O amor quebra meus ossos e eu rio”. E uma vez aprendi que se te arranca sorrisos, vale a pena.

20 de março de 2015 – Dia da felicidade.

A vida é feita de problemas e resolução. Alguns problemas são maiores que a solução para eles e então começa o desespero. O sofrimento, aquele que acaba com você aos poucos, torna-se seu pior inimigo.
Você sofre, mas quer sofrer calado e ao mesmo tempo gritar para o mundo inteiro que você não aguenta mais. Mas não pode, não quer que outras pessoas sofram junto. Seus pais.
Tudo que você sente está claro, mas você não tem palavras e nem força para relatar, porque a dor no estômago e enjôo aumenta na medida em que você pensa.
Você quer fugir, mas não quer sair de casa. E então começa a se afogar nas lágrimas que logo tornam o seu quarto o mais profundo oceano. Você quer ser salva, mas sabe que ninguém vê o que está acontecendo porque você já está muito fundo.
Você sabe que precisa subir, mas não consegue. Sabe que precisa sobreviver de alguma forma, nem que seja só fisicamente.
Quem te fazia feliz, não te faz mais. O que gostava antes, não gosta mais. As pessoas que te entendiam, não entendem mais. O que fazia sentido, não faz mais. Você simplesmente se sente perdido. Uma música ou outra te entende. Mas não totalmente, entende só uma parte porque parece que ninguém conseguiria sentir tudo que você está sentindo.
Então você decide dormir para fugir da dimensão atual, mas quando fecha os olhos não consegue mantê-los fechados.
O cérebro vira uma bomba explosiva. O escuro se torna claro e seus pensamentos ganham vida e não deixam você dormir. Você tenta se acalmar, mas seu pé não para de balançar. De repente, lágrimas caem e o mundo desabada. A tempestade não acontece fora da janela, e sim dentro. Dentro do quarto, dentro do eu.
E nessa tempestade não tem guarda chuva. Os raios estão fortes, você está fraca, mas tenta desviar deles. Depois de algum tempo de experiência, você percebe que a dor do amor não correspondido ou do abandono de quem amou, não era nada perto do que está sentindo.
Você pensa em amor e a boca do estômago dói novamente, lembra de todos que deixou para trás por não fazer mais sentido e por não ter paciência nem psicológico para conviver com outros problemas. Talvez, aquele último amor ainda esteja do seu lado. Mas você não quer preocupá-lo porque você tem esperanças que tudo volte a ser como antes, sem ter precisado contar o que está acontecendo.
A última coisa que quer, é que alguém te veja desse jeito porque você sabe que não vão entender e sim, sentir dó. E você não é uma coitada. Você é forte por mais que não veja.
A ansiedade toma conta por completo quando o pensamento é o futuro. O professor de matemática já disse isso. A psicóloga do DETRAN, quando você fez o teste psicológico para tirar a habilitação de motorista. O seu ex. Sua mãe. Você é ansiosa. Mas e daí? Detectar a ansiedade, não vai mudá-la.
Você não sabe de mais nada, só sabe que cada dia é um novo desafio de sobrevivência. Um “Jogos vorazes” interno. Mas dizem que se você vencer, ganha um prêmio. Seja lá o que for, espero que valha a pena. Matar um leão a cada dia, mesmo fraca, não é pra qualquer perdedor.

Chorei depois de meses, pela primeira vez. Chorei de tristeza por não poder abraçar-lo.

Fiz hidratação no cabelo ás cinco horas da manhã, arrumei a sobrancelha, coloquei unhas postiças vermelhas, separei a calça jeans que valorizava minhas curvas e a regata preta que favoreciam meus peitos. Fiz uma maquiagem leve, coloquei meu perfume favorito e esperei a hora que pudesse ver-lo.

Reza a lenda que ninguém vai a uma delegacia para dar um abraço em alguém, mas porra, eu iria.

No entanto, surgiu um caso e meu dia perfeito foi arrastado junto com os policiais para o lugar onde haveria uma investigação da perícia. Fiquei em casa roendo as unhas. Quis que ele me ensinasse como era a vida dentro de uma DP; poderia ter pegado leve. Quando eu for como o tal, já sei que não poderei marcar compromissos com cem por cento de garantia. Já é um belo aprendizado.

Recebi o telefonema anunciando o fato e um “combinamos para semana que vem”. Droga, minhas unhas, minha hidratação, ainda bem que meu bom humor e a minha dita inteligência não eram fakes, nem com prazo de validade.
Arranquei tudo de mim. Unhas, roupas, sapatos, brincos e por pouco, o coração. E me atirei na cama. Chorei pensando o quão perfeito ele era mim, e como eu precisava daquele abraço. Ou uma mensagem qualquer, naquele, e em todos os momentos. Bem aqueles pensamentinhos de menina apaixonada. Estava disposta a ler até um “Vai te catar” quando falei que tinha curtido a camisa rosa salmão dele, mas não leva o caso... Aliás, nem me fale em caso.

Chorei escutando músicas românticas em espanhol, criei monólogos ( chorando) em frente ao espelho que dispenso falar pessoalmente a ele. Pois irá fugir, ou me internar. Chorei fazendo simulações de foras e de despedidas. E refletindo agora, ás três e oito da manhã, sem dúvidas estou de TPM. Afinal, eu não choro.
Semana que vem quando estiver saindo de casa, aposto que vai acontecer um tsunami na minha cidade ( não tem mar), ou um vulcão em erupção ( não tem vulcão), ou um ataque de guerra do Irã ( não, não estamos em guerra).
No entanto, tudo que sei, é que preciso de unhas postiças novas e sorte. E quem sabe, um beijo dele. Opps.

Ele disse:

- Acordada até agora?

- Sim, estou. Afinal, é sábado. - Respondi com um sorriso no rosto por poder finalmente finalizar meu dia, depois daquelas palavras.

- Saiu hoje? Estás fazendo o que? Indagou-o, novamente.

- Não saí, mas estou sendo um pouco patética, ridícula, sonhadora, feliz e ao mesmo tempo triste. Estava pensando em você. Pensando nas histórias que nunca vivemos, nos sorrisos que nunca sorrimos juntos, nos olhares que falam por mil palavras que nunca trocamos, nos sussurros ao pé do ouvido que nunca aconteceram. Estava pensando no nunca, e doeu.

Foram alguns momentos de silêncio, porém eu não gostava do silêncio dele. Era como se estivesse me falando coisas que não gostaria de ouvir.

- Não posso te falar nada. Só depois de fevereiro... – Disse de uma maneira que não sabia ao certo se deveria ter dito. Pois ele sabia que se tratando de mim, eu cobraria a promessa.

Queria que ele falasse alguma coisa, mas não queria ao mesmo tempo. Pois foi esse jeitão dele que me fisgou, e me deu um novo sonho, um novo motivo para sorrir, um novo desejo.

- Os outros desapareceram. Aqueles que possivelmente chamariam a minha atenção antigamente, não passam de mais um. Inclusive tenho nojo. Você me mostrou que o homem que eu sempre quis, imperfeito da maneira certa, existe. Parece fácil aguentar tudo isso, mas não é. Sinto-me uma idiota. Olha onde já se viu escrever sobre sentimentos pra alguém não pode corresponder, e muito menos responder? - Falei não me importando se ele me acharia uma louca. Pois eu estava totalmente em sã coincidência. E continuei, sem parar para respirar...

- Mas não importa... Só de pensar em você, minha vida já vale a pena. Ativar o foda-se, seria a melhor opção. Mas e se eu ativar o foda-me? - O vinho nem estava aberto ainda, mas se dependesse de mim já estaria abraçada nele.

- Para! Eu não posso. Helena, tu tens que entender que não podes fazer tudo que tu queres. Tu achas que sabes onde é o limite do outro, mas não é tão simples encontrar-lo. Não faça bobagem, te controle! Eu não posso ser pra ti, o que tu queres que eu seja. Vivemos em mundos diferentes, amores diferentes, ideais diferentes, somos totalmente diferentes. Por que eu? Tantos caras da tua idade, do teu mundo... Por que eu, droga?

Por que ele, porra? Eu que me perguntava. Não fui eu que escolhi, juro que não foi. Algo mais forte que eu, me faz ficar a noite inteira esperando ele aparecer até bater o desânimo e pensar: Pô, cadê você?!. Algo mais forte me faz chegar trinta e cinto minutos antes da minha aula começar só pra ver ele de longe. E daí, que acordo ás três da manhã pensando nele, sendo que tenho que levantar às seis horas? Não é minha culpa. Como diria a Sandy, grande filósofa moderna: Como cortar pela raiz, se já deu flor?

- Porque sempre foi você. Foi você desde quando me apaixonei pelo seu sorriso. Foi você desde quando comecei escutar suas músicas, como Carbernet, Manuel Moreira... Foi você desde quando comecei observar suas camisas. Foi você desde quando ouvi sua voz. Foi você desde quando me apaixonei pelo seu jeito de escrever. Foi você desde quando vi o quão inteligente e bem humorada uma pessoa pode ser. Foi você, é você, e sempre será. Entende?

- Entendo. Preciso sair agora. Boa noite e beijo.

Droga, eu não deveria ter dito nada daquilo. Estraguei mais uma vez tudo. Aliás, estraguei algo que nem existe ainda.

Ainda bem que não passava de mais um diálogo matinal, que nunca aconteceu.

Acordei de madrugada, já são três da manhã, o silêncio domina a todos, menos a mim. Em meio a tantos pensamentos tu és o que se destaca.

Tudo em mim grita pelo teu nome, estou suando frio e arrepiada ao mesmo tempo. Fecho meus olhos e te sinto em mim. É como se tu chegasses por trás de mim e me abraçasse, e afastando meu cabelo, falasse em meu ouvido: Estou aqui.

Tu me fazes estremecer, sentir o que nunca senti com ninguém. Fazes-me perder o controle e cair em um devaneio profundo.

Olhes no fundo dos meus olhos e decifre-os. Vais achar muito mais do que procuras e do que queres entender. É algo mais forte do que eu e mais forte do que tu.

Confio em ti, quero que confies em mim. Quero sorrir junto ao teu sorriso, e enxergar o meu reflexo nos teus olhos, junto a uma respiração ofegante cheia de segredos.

Fui presa, porém detida em cárcere privado. Por favor, não me deixes nele.

Não fugas de mim.

Tu és mais importante, do que pensas...

Espero-te, mesmo sabendo que não vais chegar... Eu sei que não me escutas, mas preciso dizer-te.

Teus olhos me dominam, teu sorriso me fascina, tua voz me enlouquece, tua inteligência me encanta, teu corpo me excita. Não sei mais olhar para frente sem querer te encontrar. Não faz mais sentido procurar em outros, tudo que encontrei em ti. Afinal, eles nunca conseguiram ser.

Tua forma de falar, teu jeito de escrever, tua maneira de agir e pensar faz-me desejar estar contigo em todos os momentos, para que dessa convivência tu possas me ensinar o melhor que posso ser, e eu, te oferecer o melhor de mim.

Nossa diferença etária não significada nada, nossos status de relacionamento distintos não me importam, eu só preciso de ti. Apenas isso.

Quando idealizei alguém, não sabia que poderia existir alguém ainda melhor, assim como tu. Parafraseando o que Bukowski disse: Esperamos e esperamos. Todos nós. Não saberia o analista que a espera é uma das coisas que faziam as pessoas ficarem loucas? Esperavam para viver, esperavam para morrer. Esperavam para amar, esperavam o melhor e o pior. E eu, espero por ti.