Haricya Savannah
Primeiro vai chorar e o coração ficará bem apertadinho. Sentirá dor e então chorará novamente. Vai achar que o mundo não dá mais pra você. Sentirá muito a falta dele. Vai se sentir a pior mulher de todos os tempos, daí vai chorar de novo e de novo e de novo até perceber que não vale mais à pena se lamentar por um relacionamento que não deu muito certo. Vestirá uma roupa que a fará se sentir linda de novo. Então sairá de casa de cabeça erguida, vai encontrá-lo e ele perceberá que foi tonto demais a ponto de deixá-la ir embora.
E quando você pensa que já está no seu limite, percebe quão grande é o número de pessoas que te amam de verdade. Percebe ainda mais que não vale à pena chorar por motivos tão pequenos. E acaba mais uma vez tendo força suficiente para continuar de pé.
É preciso desprender as asas e ser firme ao andar no solo. Soltar as mãos das cordas e ter certeza que caminhará sem apoios. É preciso finalmente, fixar os olhos no infinito e seguir, sem receio, por todo além.
Opinião alheia é o que menos deve influenciar, mais vale é que sobreviverei às injúrias até quando meu Deus disser-me que não caibo mais nesse mundo.
Ela realmente estava um pouco acima do peso, mas não fazia diferença alguma. Melissa era linda, incrivelmente linda e se sentia completamente bem desde que João a conquistou. Mas antes disso ela já se valorizava. Melissa não se importava com o peso do seu corpo, pois sabia quão grande era o peso do seu coração.
Reze e ore, mesmo quando "não precisar". Porque essa oração servirá, com toda certeza, ao seu próximo. Deus é justo e sabe o que faz com cada oração que sai da sua boa.
Ela era feliz. Tinha tudo o que queria principalmente grande amor. Porém ela tinha um medo e era somente um, perder aquele amor. E foi exatamente essa rasteira que a vida lhe deu.
Eles eram como cão e gato. Os dois brigavam indispensavelmente todo dia, mas independente disso eles tinham um carinho diferente. Ele implicava com ela, ela brincava com ele, ele a visitava e vice-versa. Ele não passava mais um dia sem ela, mas ela não se imaginava sem ele. Ela tinha apenas cinco anos e ele sete. O tempo foi cruel, e a distancia mastigava ambos. Ele foi obrigado a ir embora, e ela impedida de viajar com ele. Ele não queria ir, e ela também não queria ficar. Muito tempo havia passado e as lembranças iam vagamente se sumindo. Não havia mais ressentimento quando ela terminou o último ano de faculdade. Ela mudou de cidade e preferiu não casar, e a única notícia que se tinha dele era que havia ido embora de vez para o exterior. Ela já tinha um filho e esse queria fazer novas amizades. A vizinhança havia se mudado e o garoto já houvera se enturmado com a nova coleguinha. Ela queria dar boas vindas aos novos vizinhos, mas tudo o que viu foi aquela mesma imagem de quando eram crianças e viviam felizes como cão e gato.
Quanto tempo falta para as águas do deserto
Tornarem-se completos a fim de resumir um destino em aberto.
E quantas gotas restarão pra completar esse catálogo
Em um dos nossos diálogos?
Fica difícil de saber que
Já faz tanto tempo que até não sei quantas luas eu contei
Já não sei se ainda me sobra tempo
Ou se me falta algum momento
Que por esses passatempos entupi e não vivi.
Ou será que estou errado
E minhas contas não falharam
Que as luas e os sóis se multiplicaram
Enquanto eu apenas dividi.
Corra atrás! Corra atrás mesmo do seu grande amor. Destino só existe para quem luta no presente. Acredite e vá em frente, mas tome bastante cuidado com o muro da dificuldade e do desespero, eles costumam aumentar de tamanho toda vez que alguém tenta saltá-los e geralmente as pessoas dão de cara com eles. Ai, meu amigo, a face fica toda partida mesmo, tanto quanto o coração e é exatamente essa a hora que se tem para concertar tudo. Pode por um ponto final e começar outra história, ou talvez uma vírgula, depende do que quiser, porque nunca se sabe quando vai conseguir ou simplesmente dar, de novo, com a cara no muro.
Era algumas vezes, louco, um casal que se conhecia há pouquíssimos dez dias. Ou talvez longos vinte anos. Ora umas vezes alucinados, ora apaixonados. Que de repente se licenciavam do amor, que se aposentavam do desespero, que se anulavam do total rastreamento. Talula ficava docilmente brava, enquanto Chilli bebia para se acalmar. Eles consideravam a própria vida uma historieta, um continho qualquer.
Um casal que vivia pro aqui e pro agora. Que dispensava o era uma vez por algumas ou muitas vezes. Conhecer-se era apenas uma questão de tempo. Uma questão de querer. Talula e ele desesperadamente se conheciam durante as idas ao refeitório em que Chilli bebia. Incrivelmente aquela havia sido, para eles, a primeira primavera juntos. É! Não para um casal normal. Talula e Chilli eram completamente desiguais que até a vizinhança reclamava. O casalzinho definitivamente precisava de conserto. Eles não queriam, não sentiam que precisam, mas era hora.
Chilli não queria mais atrapalhar, por esse motivo o fez as malas e foi embora. Talula ria como uma criança, agora estaria livre como um pássaro. Embora, cansado carregou as malas até o refeitório. Bebeu e bebeu. Então algum tempo se passou, coisa de cinco minutos, mas já era hora de procurar um novo amor. Talula estava em casa, reformava o quarto-forte que haviam comprado juntos. Era uma espécie de apartamento combinado com ala psiquiatra.
A parte masculina integrante daquele casal saiu de malas nas mãos, um litro, sabe lá do que, em baixo do braço e um chapéu de horas vagas. Uma roupa sócia visível, comumente dita: de boa aparência. Chilli andou por horas, dois metros, mas fez questão de parar. Parar ali, bem ali, onde pudera ver seu novo amor. Aquele integrante sabia que ela poderia completar aquela falta inesperada que o seu coração sentia. A antiga já não fazia falta. Queria conhecer aquele longo cabelo, aquela face cheia de modéstia.
A nova parte feminina do casal sorriu, um sorriso meio de canto que foi o suficiente para Chilli se atirar em busca de um abraço em outros abraços. É! Alguém havia perdido na história, ou talvez todos estivessem ganhando. A nova integrante, por incrível coincidência, ou empurrãozinho do destino, morava numa espécie de quarto-forte. Ela o apresentava a nova casa, enquanto ele se apressava em selar com um aperto de mão mais uma das algumas vezes que se conheceram, naquele mesmo refeitório, daquela mesma ala.
A vizinhança estava feliz um novo casal, naquele mesmo lugar. Um novo lugar para o mesmo casal. E a vida deles estaria ali pra sempre nesses autos e baixos de uma brincadeirinha de muitos era uma vez, completamente aprontada, com uma narração de apenas dois integrantes que, até o fim dos dias, viveram, um novo recomeço, felizes para sempre.
Uma canção
Um coração
Um sentimento qualquer.
Quase normal
Meio banal
Espere um pouco aqui
Sente-se ai
Comporte-se bem
Venha comigo cantar.
Sirva-se bem
Mas fique aqui
Pois quero-lhes mostrar
Minhas canções
Minhas razões
Os sentimentos banais
De qualquer forma
Vou-me embora
Pois eu preciso dançar
Tem dias que acordamos com vontade de sorrir, outros com vontade de voltar a dormir. Tem dias que a gente simplesmente não queria ter passado, ou não queríamos nem ter acordado como costumam dizer por ai. Desligar da tomada, desligar as correntes de energia, esquecer o que se passa. Não morrer, mas se desligar do mundo, se é me entende. Esquecer tecnologia, não se lembrar de checar os e-mails, não atender todas as ligações, simplesmente não atualizar o status.
Há dias em que queríamos apenas ouvir a voz de alguém e saber que ta tudo bem. Às vezes, o que queríamos mesmo era sentir um perfume que fosse bom, ou que pelo menos lembrasse alguém. Talvez a gente quisesse tomar um chá que não estivesse gelado, talvez quiséssemos uma vida que não estivesse como o chá gelado que de ora em quando a gente tem que tomar pra conseguir engolir os sapos que diariamente a gente come sem mastigar.
Talvez quiséssemos apenas mais inspiração, ou algo que nos desse entusiasmo criador. Quem sabe a gente só queira matar um bicho que nos assusta, ou talvez seja nós mesmo que deveríamos nos retirar daquele local, pois vai ver o bicho assustador só precise de um pouco mais de espaço.
Tem dias em que a gente acorda com vontade de pular da cama e agradecer ao Sol pela luz que nos cobre, mas há dias em que simplesmente queremos que o Sol demore a se levantar só para que a Lua permaneça linda onde está.
Tem dias que queremos ler um caminhão de livros e acabamos que não lemos nem a primeira página. Como também tem dias que achamos que não vamos dar conta de tantos afazeres e por fim fazemos até o que era de esperado para o dia seguinte. Não dá pra moldar, não tem como saber, somos nós mesmo que construímos minuto a minuto. Somos nós quem calculamos o resultado, brilhar ou não brilhar. Devemos apenas tranquilizarmos, e fazer por merecer, pois tem dias que o dia é grande, mas chega um dia que é o seu grande dia.