H Patria
Rosa Alegria, Alecrim.
"Arlequim está chorando pelo amor da Colombina, no meio da multidão..."
Alegria, Arlequim, alegria!
A tarde não é o fim;
Ainda é dia!
E a flor de fato existe...
Embora seja mero alecrim.
Não vale a pena ficar triste.
Viver é mesmo assim:
Quando se quer rosa,
Acha-se o alecrim...
Portanto, alegria, Arlequim, alegria,
Que um dia...
Tudo tem seu fim.
Quiçá o mundo nem seja ruim.
Pode-se até na vida,
Descobrir que a flor que mais era querida,
Nem mesmo era a rosa,
Mas sim,
Uma flor de alecrim.
Centro da Cidade
Caminham sérios como penitentes de batina,
Que tipo de grito espalha toda minha gente?
O mesmo do pedinte solitário seguindo sua sina?
Ou o choro lancinante de qualquer indigente?
Há um grande espaço vazio entre cada esquina,
Que se povoa de pedaços de ilusão ingenuamente,
Num doce olhar grisalho ou no sorriso da menina,
Que se aperta no trem lotado sofregamente.
Então, fatigada e inerme a cidade sua...
Passam-se as horas, o tempo, a vida e até a rua
Cujo nome se perdeu na ladeira da memória.
Prédios, sonhos, monumentos... tudo é história.
Quando o velho farol da praça se abre de repente,
Automóveis, motos, almas partem velozmente.
H Patria
1984 Janeiro.
Rico.
Dono da maior riqueza, nada no mundo tem dor.
Todo o tempo, todas as horas, dedicadas ao amor.
Ali tudo há a abundância e tudo se sacia.
Além do ouro, do amor e da alegria.
Nem se espera que venha o calor,
Pois sempre haverá um vasto cobertor,
Nem se espera que venha o dia.
Porque antes já nasce a harmonia.
Não se aguarda nada nem se prende,
Aos pequenos inusitados laços de toda gente.
Não se perde nem se arrepende.
Segue vivo pleno e indulgente.
m ser puro que não se vende.
Uma felicidade absoluta de estar contente.
Hpatria
Sorte na Vida...
Nem sabia bem o que era essa vida...
Fui me chegando, de canto para tentar sobreviver
Sem de fato saber se corria, saltava, ou fugia...
E foi assim, e foi assim, até eu entender...
Que se esperava, minha vez era esquecida.
Que se eu brigava, minha razão se partia.
Será que eu não tinha sorte na vida.
Será que viver era calar, beber e esquecer...
Será que não valia nada, tudo o que eu sentia.
Quanto mais eu chorava, mais me perdia.
Era como caminhar sem fim numa avenida,
Que somente sinalizava um triste viver...
Mergulhado na minha mágoa e agonia
Tive apenas vontade parar e desaparecer.
Por não conseguir entender essa vida...
Mas de repente, vindo do nada, a sorte surgia...
Veio sorrindo, serena, bela, a me enternecer,
Balançou a cabeça, com olhar de querida...
Disse: não chore mais pobre alma ferida...
Sempre estive contigo, mesmo quando não via.
Só precisava abrir teu puro coração para entender.