H. Dobal
Os Amantes
Eis-me de novo adolescente. Triste
vivo outra vez amor e solidão.
Canto em segredo palpitar macio
de pétala ou de asa abandonada.
Outro amor em silêncio e na incerteza
oprime o coração desalentado.
Ó lentidão dos dias brancos quando
a angústia os deseja breves como um sonho.
Insidioso amor em minha vida
reverte o tempo para o desespero,
a inquietação da adolescência
e o pensamento me tortura, prende
como se anunca houvesse outro consolo
que não é mais de amor. Porém de morte.
n Namorata
Vimos na tarde os peixes saltadores
e a morte da luz nas suas escamas.
Sonhamos o vôo das gaivotas
o silêncio da a´gua parada.
O sol o fogo o vento
os poderes da vida num momento
aceitos. E aceitamos a paz
das paisagens preparadas.
preparamos sem pressa o silêncio entre nós
sem saber ao certo o que devemos sentir:
pelo que não dizemos, nos perdoamos;
pelo que não nasceu, nos enterramos.
O nascer o morrer as dores
do fogo da vida. A vida na deriva do destino
segue o seu curso separado.