Gustavo Miguel
não direi nada explicitamente pois digo que já,
explicitamente,
disse tudo que pude (ou tudo que consegui).
desejo a ti apenas sorte,
espero que quem você escolha amar,
escolha amar-te como amei (ainda que eu acredite ser impossível).
tenho certeza absoluta que,
se eu me reencontrar (e tenho certeza que vou),
absolutamente jamais decidirei te reencontrar,
e olha que nós nunca fomos bons com decisões,
mesmo eu sempre deixando claro que você era a minha.
eu me abri pra você,
não digo no sentido de sonhos, ambições e medos,
digo no sentido de ser.
eu me abri pra você,
enquanto, todo dia, seu silêncio me matava.
você poderia ter dito pra eu me fechar.
Agora me sinto sozinho,
mas com a consciência de que fui minha melhor versão,
não sei se isso me assusta ou me conforta.
se a vida não é irônica, em sua essência,preciso de respostas,
não entendo por que memórias felizes me deixam triste.
será que você já parou pra pensar, pelo menos por uma fração de segundo, em tudo o que poderíamos ter sido?
sinto saudade de nós,
sinto saudade do truco que jogávamos.
talvez nosso relacionamento foi um eterno, porém curto, truco.
onde eu olhava fixamente para seus lindos e claros olhos, num infinito silêncio, em busca de algum sinal (perdemos a partida porque eu exagerei nos sinais e você os economizou).
foi minha derrota mais bonita,
sinto saudade daquele truco.
mastigando milhares de poemas na tentativa de encontrar algum que não tenha o gosto da nossa história
nunca falei sobre ter algo sério mas sempre deixei claro que queria algo profundo. não teria sentido eu te querer só pra mim se nem pra mim eu te tinha. sem toque não há calor, sem abertura não há conexão de almas e eu felizmente ainda não aprendi a amar por telepatia. moça, eu te amava tanto com tão pouco de você pra mim, imagina se eu tivesse tanto de você o quão pouco seria o tanto que eu te amaria. (nunca pude usar o tempo verbal no presente pra falar de nós, pois, ou eu estava submerso na imensidão da sua presença, ou, em um mundo cheio de morfemas, eu tinha ar de sobra pra escrever esse poema)
a gente se foi. nos permitimos ir porque nos amávamos a ponto disso. a gente deu tão certo que acabou dando errado, mas, quem sabe, dar errado foi a coisa mais certa que poderia ter acontecido.
maldita saudade,
daquela maldita beldade.
aquele sorriso é maldade,
aquele beijo atrocidade.
falam muito sobre equidade, mas eu mataria, sem piedade, só pra vê-la pela cidade...
a gente fica nesse vai e vem,
cê sabe né amor isso machuca a gente,
mas vai que de repente numa dessas vindas,
você deita do meu lado e fica aqui pra sempre.