Gustavo Lacombe
Uma pessoa não precisa passar muito tempo em sua vida para fazer diferença. Um dia apenas pode ser o bastante. Se vierem mais, lucro. Na maioria das vezes, ninguém pede para ser importante para alguém. Torna-se e pronto.
É quando um bom dia não salta na tela ou uma ligação não fecha a noite. É quando, sem se dar conta, três dias se passaram e não se ouviu notícias. É quando a saudade não incomoda mais, apenas existe e vai diminuindo - mesmo que seja mentira. Essa é a hora em que os caminhos descruzam e cada um vai viver sua vida, antes uma, agora aberta em duas.
- Você demorou! - disse, já querendo responder outra coisa.
- Muito?
- Estou a minha vida inteira esperando alguém como você. - pronto.
E sorriram. Bobos.
É quando um bom dia não salta na tela ou uma ligação não fecha a noite. É quando, sem se dar conta, três dias se passaram e não se ouviu notícias. É quando a saudade não incomoda mais, apenas existe e vai diminuindo - mesmo que seja mentira. Essa é a hora em que os caminhos descruzam e cada um vai viver sua vida, antes uma, agora aberta em duas.
Uma pessoa não precisa passar muito tempo em sua vida para fazer diferença. Um dia apenas pode ser o bastante. Se vierem mais, lucro. Na maioria das vezes, ninguém pede para ser importante para alguém. Torna-se e pronto.
Nem sempre eu acordo com o melhor dos humores. Normal, não? Essa coisa de levantar dando bom dia aos passarinhos, às plantinhas, ao Sol. Aliás, hoje amanheceu nublado. Tenho os meus dias para abrir os olhos e pôr dois pés esquerdos pra fora da cama. Todo mundo tem, só não tem o direito de descontar a própria irritação em alguém.
Eu preciso de você.
Preciso de você no meu dia, falando comigo o dia inteiro, trocando mensagem. Preciso daquele sinal de vida que uma carinha feita de pontos e parentêses faz arrancar um sorriso. Uma ligação surpresa dizendo que tá por perto. Preciso te ver. Preciso te ter na saudade, só pra matar depois. Dos meus dedos marcando suas costas, passando pelos segundos que a gente fica se olhando, preciso da tua respiração no meu ouvido perdendo o ar. Soltando um gemido. Preciso do teu corpo pesando no meu. Preciso de você dentro do meu abraço. E eu preciso dizer algumas coisas e ouvir outras. Digo que te adoro, que te quero. Preciso verbalizar minhas vontades. O seu também é preciso. No ponto. Isso quando não é o seu olhar me gritando que "sim".
- Como você prefere meu cabelo? Longo ou curto?
- Prefiro ele na minha mão, punho fechado e eu te puxando pra bem perto antes de te deixar um beijo. Gosto de você de qualquer jeito.
Toda pessoa que já amou sabe o que é se sentir sem uma parte, levada embora pelo chegar da saudade.
Eu deveria te proibir de entrar até nos detalhes do meu dia só pra me fazer te lembrar.
Amor, entre outras inseguranças bobas, é perguntar coisas à tôa se preocupando com a resposta da outra pessoa, que pode não ser tão boa, e ver que era apenas mais uma pessoa que não consegue nem ao menos suportar a idéia de perder por quem a alma voa.
Quando a gente não quer, um corte no dedo vira uma ferida mortal, uma unha encravada é o resumo de todo mal e as desculpas brotam em profusão. Seria tão mais fácil chegar e, simplesmente, ser sincero dizendo um "não".
Não me chama de "linda", por favor. Não me joga no mesmo saco que as suas amiguinhas. Se quiser me elogiar, tudo bem, mas como vocativo, não. Soa falso, soa pobre, sem criatividade, genérico demais pro meu gosto. Você não sabe meu nome? Então, inventa um apelido carinhoso, usa um diminutivo, mesmo que todo mundo me chame assim. Só não me vem com esse "linda". Você perde pontos cada vez que fala isso.
Não ligo para quem não me liga. Isso vale pra qualquer relação que mantenho. Ninguém é amigo sozinho, ninguém ama sozinho, ninguém merece dar atenção a alguém que simplesmente não a quer. Procurar é até válido, mas o interesse tem que ser recíproco.
Não posso mais fazer isso. Não é que o problema seja você. Veja bem. De tantas com quem já me deitei, abracei e beijei, você, sem dúvida é a melhor. Aqui eu não quero comparar como cada uma fazia com o jeito tão bom que você tem. É que essa química toda que cresceu e tem pirado meus instintos, adicionado a toda física que nossos corpos produzem tem me feito mal. Eu, logo eu, que nunca fico assim.
Melhor dizer com todas as letras: não se apaixone. Eu não sou bom o suficiente pra você. A gente se conheceu não por acaso. Eu já sabia quem você era, já estava de olho e esperei o momento certo. Enquanto isso eu me divertia com outras. Só que não posso fazer isso contigo. Me trata tão bem, me dá tanto carinho que é inaceitável um homem com um histórico feito o meu partir seu coração. Para por aqui. Paremos antes que eu te machuque.
Pergunte a quem me conhece. Sou da pior espécie, conhecido por conquistar e depois ir embora. Eu sou isso. Isso é um aviso. Corre que ainda é tempo. Essa é a verdade. Vai existir uma hora que você precisará de mim e eu vou falhar. Não vou poder te ajudar, te dar apoio e isso vai acabar contigo. Com a gente. Aliás, eu receio que esse dia esteja perto. Eu tenho medo de faltar pra você.
É, você entendeu certo. Eu tô com medo. Repetindo, logo eu, tão seguro dos meus atos e com o currículo invejável, morro de medo de não ter mais seus olhos, seus carinhos. Seguir nessa estrada sozinho vai ser o castigo imposto a quem já tanto maltratou o sentimento que é dado de coração por alguém e não sabe cuidar. Se você ajeitar seu amor em minhas mãos, tenho medo de deixar cair, quebrar. O seu não. Eu não quero a responsabilidade de ter que lidar com essa culpa. Das ostras eu nem pena tive. De você, eu quero levar só as lembranças boas. Foge.
Fala pra mim que esse defeito meu tem cura? Você me salva? Talvez, a gente só precise de uma chance a mais. Uma chance para ser aproveitada devagar. A primeira vez que eu te vi abraçada com um amigo senti que tinha algo de diferente. Desde aquele dia eu venho ensaiando esse discurso e pensando na saída para isso tudo. E, realmente, pensando bem, eu não vou conseguir ficar longe de você. Sou egoísta, admito. Quero você só pra mim.
Mas foge, amor! Foge enquanto é tempo. Vai que eu não consigo te fazer bem? Vai que a minha insegurança em relação a nós se confirma? Logo eu, tão seguro das atitudes diante de uma mulher. Mal sei explicar o que é isso. Se você estiver disposta a ver até onde nosso caso pode ir, a gente tenta. Por favor, não se apaixone como eu já estou apaixonado.
Foto
Eu olhei uma foto sua hoje e uma coisa estranha percorreu meu corpo. Não foi um arrepio qualquer. Começou do lado direito do meu pé, subiu pelas pernas e fez estremecer o último fio de cabelo na nuca. Acompanhado de um sorriso, foi a prova de que a sua imagem mexe tanto comigo quanto à época em que nos conhecemos, começamos a ficar e iniciamos essa história.
Ficou um tempo. Durante alguns segundo, eu com o seu rosto na tela, fui me dando conta do que já sabia, mas reforçava em certeza. Gostar de alguém não é a coisa mais simples do mundo. Só que, ao mesmo tempo, é. Bater o olho e ficar mudo. Sentir que todo o peso do mundo se foi e nada importa agora entre eu e quem eu gosto. Queria entrar pela tela e estar ao seu lado na foto.
O coração bateu apertado, a alma se aninhou em algum lugar para tentar se esconder da dor que a sua falta me causa, e uma angústia de saber que não poderia te ter nos próximos dias me fez perder o fôlego por um instante. Aconteceu tão rápido e lento que duvido que o tempo não tenha se confundido. Meu medo era ficar preso naquela saudade.
Quando passei pra foto seguinte, já anuviada a tensão, relaxei no sofá. Permaneci ainda uns minutos olhando com cara de bobo para os olhos da menina que me fazia esquecer de qualquer coisa e viajar em pensamento para o lado dela. A verdade é que você vai estar sempre comigo, morando dentro de mim.
Ela se constrangeu.
Virou a cara, não sabia para onde olhar. Deveria existir um outro motivo, mas não aquele. Por que, Deus? Só pra sacanear? Só pra começar o dia com o pé esquerdo? Era castigo demais. Não podia ser verdade aquilo. Demorou uns segundos a mais ate conseguir encarar, mal acreditando que aquilo, logo aquilo, tinha acontecido com ela.
Quando finalmente conseguiu levantar, sentiu o peso no corpo e na consciência. Caminhou até o banheiro com um passo trôpego. Talvez fosse o resquício da noite anterior. Ainda tentava entender, e poderia adivinhar que isso duraria pelo menos uns três próximos dias, o porquê de ter cedido. Hoje ela seria culpa. Nada mais. Se vestiria de preto, num luto simbólico. Só porque cedeu.
Abriu o chuveiro, demorou mais que o habitual, ensaboou-se sem pressa, deixou que a água quente percorresse o seu corpo molhando cada parte. Parecia ainda estar em ebulição, mas sabia que era apenas reflexo do esforço final passado. Shampoo e condicionador para tirar os vestígios e dar vida a uma pessoa que tinha morrido e não sabia, que tinha se deixado abater e detestava o predador.
Saiu do box, se enrolou na toalha e o mundo pareceu desabar. Alguma coisa a abraçava além daquele tecido felpudo. O que era culpa se transformou em algo pior. Ela não sabia como sair dali e ao ver um sorriso refletido no espelho, soube que tinha ido longe demais ao se deixar levar pelas palavras dele.
Ex-namorados, por que existem?
Metáforas não me seduzem. Se um dia quiser dizer algo, dá na lata. Sinceridade sempre conta pontos.
(G. Lacombe)
É sorte do meu sorriso ter você como motivo.
(G. Lacombe)
Pra sempre? Se for bom já é um começo, se me fizer feliz é meio caminho andado e se durar o tempo necessário para marcar já vai ter valido a pena. Pra sempre.
(G. Lacombe)
Nunca quis nada fácil na vida. Mas se algo me vier por um acaso, destino ou sorte, eu não vou me incomodar.
(G. Lacombe)
Eu gostava quando você era só um sonho. Quando eu fechava os olhos e te via na minha frente. Pensava no que dizer, no que fazer. O que poderia te impressionar, te conquistar. No fundo, era usina de ideias para te trazer pra perto. Eu gostava. Curtia aquela coisa de te encontrar pelos corredores da vida e sentir o coração bater mais rápido, mais forte, como um soco no esterno que me forçava a aceitar: era paixão. Com o passar do tempo e as trocas de olhar com mais frequencia, algo mudou. A gente passou a se falar mais, eu passei a te mostrar tudo aquilo que guardava pra mim em pensamento. Você foi se deixando levar. Eu fui me deixado revelar. Quando os corpos pareciam ímãs e um beijo aconteceu, mais uma vez, algo mudou. Quando você era só um sonho, era diferente. Você lá, distante, longe, linda, impossível. Eu aqui, platônico, bobo, admirador. Agora, perto, tangível, palpável. Mudou. Eu gostava. Juro, gostava. Só que a vida me ensinou que tudo vindo antes de um “mas” pode ser cortado fora.
Então, deixa eu te dizer:
Eu gostava quando você era só um sonho, mas prefiro agora que é realidade na minha vida.
Se alguém o vir, me avise. Não é grande. Aliás, dizem que tem o tamanho de um punho fechado. Sei que está batendo porque sinto a pulsação de longe. A última vez que foi visto, encontrava-se alegre, sorridente. Temo que tenha feito alguma besteira. Tem mania de fazer qualquer coisa por impulso, principalmente se age motivado por uma paixão. Se alguém vir, por favor, me avise. Já foi tratado bem por algumas pessoas, mas agora resolveu se entregar – mesmo sendo avisado dos riscos. Talvez, pode ferir-se mortalmente. Talvez. Se alguém vir, me avise. Para maiores informações, pode ter sido levado por uma moça. Nem muito alta nem muito baixa. Nem magrela nem gorda. Nem de parar o trânsito nem de passar desapercebida. Poderia nem ser tudo isso, mas, pra ele, tem se tornado tudo isso. Se alguém vir meu coração por aí, por favor me avise. Diga a ele que eu também quero amar.
Acordei, bati a mão do outro lado da cama e encontrei o lençol embolado. Detestar acordar seria algo muito forte de dizer, mas o que senti se assemelhou a isso. Não gostei, não curti. Porque pior do que abrir os olhos no sentido denotativo é descobrir que se teve de fazer o mesmo no conotativo. E eu esperava que aquele sonho durasse mais do que o tempo que tinha me roubado.
Grande parte é minha culpa. Ainda que as palavras se ofereçam para entrar pelo ouvido e fazer a cabeça, só uma liberação expressa de nós mesmos dá o livre-trânsito para elas. Não há arrependimentos. Não há tristeza. Às vezes, é seguindo sem querer por uma contra-mão que se tem noção de qual caminho não seguir. Queria que ele tivesse seguido comigo. Ainda que gostasse da vista, eu ainda era uma contra-mão.
Todas as vezes que repeti aquela pequena palavra – três letra e um sentimento tão grande – eu tremi. Sabia que poderia acontecer o que aconteceu exatamente. Acordar. Ainda levantando da cama, sem peso no corpo e na consciência, balbuciava baixinho “meu, meu, meu”. Não foi de todo mentira. Não era, no entanto, tão verdade assim.
Pareci uma boba, mas quando se está apaixonado torna-se em parte assim. Deitei na cama de novo, fechei os olhos e, num instante de fé, pedi que quando abrisse os olhos o visse. Inútil. Já tinha acordado, já tinha visto. Mais: já tinha sentido que aquela era a saída que tínhamos encontrado. Ou que ele tinha me dado sem que eu quisesse.
Eu repetia – baixinho pra não despertar meu coração – “meu, meu, meu”. Queria ter acordado podendo repetir isso em voz alta. “Meu”.
Todo ciclo se encerra para que a vida possa dar mais uma de suas voltas.
Quando você me apareceu, eu não estava perdido. Seguia meu curso tranquilo e, ainda que não enxergasse direito meu caminho, ia em frente. Quando você me chegou, não estava procurando um novo amor, um novo alguém. Aconteceu. Tudo bem. Mas desde que você me veio, não sei por qual obra da vida, é inegável que tudo ao redor de mim mudou. Se hoje um sentimento é mais forte e uma emoção é mais sentida, é única e exclusivamente sua culpa, que me trouxe o lado bom do amor de novo. Obrigado, simplesmente, por ser assim. Por ser a mulher que sempre desperta o que há de melhor em mim.
Ainda lembro de você como se pudesse abrir a porta de casa e te ver deitada no sofá vendo sua novela favorita. Como se, toda vez que pensasse alto que vou tomar banho, você viesse atrás aceitando o "convite". Tão forte que parece que toda vez que me deito, bato a mão no outro lado da cama e sinto a quentura do teu corpo que estava ali há alguns minutos. Meu celular vibrando com alguma mensagem que mandou dizendo só que o dia foi bom, mas faltou me ver. Ainda lembro tanto da gente, que parece bobagem dizer, mas abro a janela e é como se o seu perfume entrasse. Deve ser miragem. Imagina só, eu consigo ouvir sua risada quando a casa fica em silêncio e te ouvir chamando meu nome, já não importando o barulho. Fato que é delírio. É saudade. É isso.
Joga pro alto o que você não quer mais e agarra a gente de vez.
O problema de alguns homens é achar que, depois que uma mulher abre as pernas, ele não precisa mais abrir as portas.
Nunca quis nada fácil na vida. Mas se algo me vier por um acaso, destino ou sorte, eu não vou me incomodar.
O mal dos amores que terminam sem uma briga é que ainda se ama mesmo já tendo cicatrizado o que não há de ferida.
É sorte do meu sorriso ter você como motivo.
Restos e sobras só interessam para aqueles que nunca provaram o gosto de algo por inteiro.
O problema de alguns homens é achar que, depois que uma mulher abre as pernas, ele não precisa mais abrir as portas.
Nunca quis nada fácil na vida. Mas se algo me vier por um acaso, destino ou sorte, eu não vou me incomodar.
O mal dos amores que terminam sem uma briga é que ainda se ama mesmo já tendo cicatrizado o que não há de ferida.
Amar não é caridade. Não fique com ninguém por pena.
Eu quero ser a melhor coisa que já aconteceu na sua vida. Antes dos nossos filhos, claro.
A pior distância que pode existir entre duas pessoas é aquela que a dúvida traz.
Um sorriso incomoda muita gente. Um casal sorrindo incomoda muito mais.
Não se assuste, é assim que a vida vai tratar qualquer coisa. Aliás, é como você enxergará as coisas sem que alguém venha te explicar. Não é preciso ir muito longe pra saber que o que é importante pra você pode não ter valor algum para outro. E haverá quem não compreenda como uma “besteira” pode ser tão fundamental assim para você. Não precisa ficar espantado. Podemos ir além de coisas ou fatos. Pessoas também terão importância variada. Às vezes, aquelas que mais admiramos e damos tal dimensão em nossos caminhos são as que provocam as maiores decepções.
E, talvez, a culpa não seja inteiramente delas. Metade disso, sem nem precisar pensar muito, é nossa por criar expectativas ante a importância que elas tinham. Ou ao que se esperava delas. Mesmo que fossem expectativas justificadas ou que já tivessem sido atendidas em algum outro ponto da história. Mesmo dada a esperança, toda expectativa merece um pé atrás. Não por medo, mas por simples resguardo. Você sabe quantas caras será preciso quebrar até que se aprenda isso?
Não existe número certo, acredite.
Pode ser que algo te entristeça porque se entregou demais, porque esperou demais, porque valorizou demais. Porque se importou demais. Inclusive, tudo que é demais é prejudicial. Não estou falando que é preciso ligar um “dane-se” para tudo. Não mesmo. Receio que, se nós não criássemos aquele frio na barriga esperando por algo bom, a vida perdesse muito mais da metade da graça que tem.
Enquanto corações, confianças e planos ainda são quebrados diariamente pelo anseio de ter uma coisa e a realidade mostrar outra, são as surpresas escondidas nos detalhes dos dias que ainda servem de motivos para acreditarmos que algo de bom pode acontecer – mesmo nas fases ruins. É aquilo de saber valorizar o que se tem e o que se pode agarrar quando aparece. Dar a importância certa para os momentos certos.
O que nos machuca hoje pode ser apenas o foco voltado para uma coisa que ainda é importante e não deveria ser. Só que não se aprende a conferir esse valor da noite para o dia. Custa. Antes de dizer que já viu de tudo, tenha certeza de que o Mundo é gigante e nada é impossível. Até mesmo encontrar alguém que entenda o valor que você dá a tudo que te cerca. Até encontrar quem, no jogo de pesar e medir, te equilibre.
Tudo depende do peso que você aceita carregar.
Pequena,
joga tudo pro alto. Acorda amanhã e faz uma mala, uma mochila. Ou, melhor, nem dorme essa noite. Espera a vizinhança se aquietar e sai de fininho. Deixa a porta encostada pra não fazer barulho com a chave nem com o trinco. Vem com seus pés de veludo até a esquina. Te espero. Carro ligado, motor funcionando e o ronco vai se confundir com o que deixou no quarto sozinho. Larga tudo.
Te peço isso num impulso louco apaixonado, mas com a frieza de quem pensou até não poder mais. Pesei muita coisa também. A sua, minha, nossa alegria. Coloquei do outro lado a tristeza que ele sentirá se acordar e encontrar o lado esquerdo vazio. Eu já sei faz tempo o lado que você gosta de dormir. Juro que me pus no lugar dele e não resisti ao fazer este pedido. Lutei muito contra o egoísmo de querer ter você só pra mim.
Mas não é desse jeito que funciona?
Eu sei que você não quer mais essa sua vida. Vive falando que agora o teu destino é comigo e que quer construir algo nosso. Deixa a janela entreaberta, faz uma corda fugitiva com lençóis amarrados. Escapada hollywoodiana em plena madrugada carioca. Rapel da janela do teu quarto pra escalada dos meus braços. E não esquece de deixar um bilhete pra ele. Joga tudo pro alto. Larga o que eu chamo aqui de “tudo”, mas você vive me repetindo que é nada. Que não há mais nada.
Se essa carta chegou até você é porque existe quem acredite e apóie essa nossa loucura. Esse nosso amor. Nascido do olhar, confirmado nos beijos. Talvez levando apenas a culpa de você já estar com alguém. Entretanto, há tempo para concretizar nós dois, Pequena. Quando se ama nunca é tarde. Vem, te peço, e me mostra que tudo aquilo que fala pra mim é verdade.
Essa não é nossa última chance, mas é a chance. Pra quê prolongar?
Joga pro alto o que você não quer mais e agarra a gente de vez.
(Gustavo Lacombe)
Quando você me apareceu, eu não estava perdido. Seguia meu curso tranquilo e, ainda que não enxergasse direito meu caminho, ia em frente. Quando você me chegou, não estava procurando um novo amor, um novo alguém. Aconteceu. Tudo bem. Mas desde que você me veio, não sei por qual obra da vida, é inegável que tudo ao redor de mim mudou. Se hoje um sentimento é mais forte e uma emoção é mais sentida, é única e exclusivamente sua culpa, que me trouxe o lado bom do amor de novo. Obrigado, simplesmente, por ser assim. Por ser a mulher que sempre desperta o que há de melhor em mim.
(Gustavo Lacombe)
Ela é comum e mais uma na multidão. Insegura, tem medo que seus sonhos não se realizem. Mas sua vontade de lutar é especial. Os amigos a adoram, só não gostam quando está carente. Fica mole e pedindo colo. Nada parecido com aquela menina cheia de si e segura assim que suas conquistas começam a figurar no horizonte. Complicada? Ela nunca quis ser fácil de entender. A não ser quando ela se descomplica pra alguém. Estar só, às vezes, é alívio. Encontrar um amor? Mais um sonho. Pode ser numa esquina, abrindo a porta, lendo um livro no parque, ou em qualquer uma das suas atividades de mulher independente e de casca grossa. Comum? Sim. Como ela existem milhares de mulheres, mas não é por causa disso ela não pode ser chamada de Notável. Pequena, cabe num abraço apertado, num sonho planejado, num salto bem alto, numa frase do Caio, num verso do Tom, num gesto raro, num livro bom, num diferente penteado, numa roupa provocante, numa única solidão, no fundo de uma taça de champagne. Só não consegue caber numa única definição.
Aos que olham de fora, não precisamos de aprovação. O amor, antes de exigir liberações de terceiros, apenas quer que nós mesmos o aceitemos e o vivamos. Sem culpas, sem amarras. Desprendidos das opiniões de quem não sabe o bem que nós nos fazemos.
Eu podia entrar no meu carro, ou pegar um táxi, ou mofar num ônibus, ou ser maluca o suficiente para ir a pé até a casa dele. Podia levar minhas malas com todas as minhas coisas, ou uma mochila com uma muda de roupa, ou uma bolsa pra ele me levar pra sair ou só minha carteira de identidade pra não andar desprevenida. Podia chegar lá e pular no colo dele, ou podia rasgar a camisa dele e jogá-lo na cama, ou podia dar um beijão gostoso, ou podia ir pra lá só pra ver um filme e ficar de conchinha na cama matando a minha carência.
Veja bem, meu bem, eu podia fazer tudo isso, mas não quero.
Eu. Não. Quero.
Ainda existe um carinho, claro. Eu o quero bem assim como ele também me quer bem. Ainda existe uma história, claro. Mesmo que tenha sido terminada, ela nunca vai deixar de ser a minha história com ele. Ainda existe um desejo da parte dele para que eu volte, claro. Ele faz questão de me mostrar isso e deixar a porta aberta. Mas aí, eu te pergunto: o que eu fiz com tudo isso? Nada.
Eu podia mentir pra você e ir lá passar uma noite com ele. Matava minha vontade que só aumenta porque você não apaga meu fogo. Enquanto você se decide se vai ficar de raivinha pelo meu passado ou se vai aproveitar o que tem nas mãos, minha carência aumenta (eu já falei que tô carente, né?). E sim, estou nas suas mãos. Por mais que diga que me dei pela metade, pese todas as possibilidades que eu te apresentei. Eu podia fazer tanta coisa que te magoasse e terminasse com as nossas chances…
Só que não existe mais possibilidade da minha vida amorosa não ser ao seu lado.
Estou, antes de tudo, dando uma chance para nós dois. Chance de me pegar pela mão e me fazer feliz. Chance de amarmos de novo. Chance de sermos mais do que uma história, mas o presente do outro. O que não deu certo, passou – mesmo você insistindo em olhar pra mim e enxergá-lo.
Aliás, já enjoei disso.
Eu podia ficar até amanhã aqui explicando o quanto eu quero ser feliz contigo. Eu podia, mas vou me calar. Abre os olhos. Eu estou aqui. É só você querer enxergar.
Eu. Quero. Nós. Dois.
(Gustavo Lacombe)