Gustavo Baraúna
Não se deve forçar um coração a amar, assim como não se deve forçar um filho a comer verduras. Acredito que seja até uma boa intenção, assim como querer amar e ser amado. Essa é uma das maiores necessidades do nosso complexo intelecto. E às vezes nos vemos fazendo a coisa certa pelo motivo errado, seguido sem direção nos caminhos dos prazeres rumo à felicidade, às vezes nos ferindo cada vez mais, e cada vez mais se afundando em uma areia movediça que nos prende mais um pouco a cada movimento nosso. Ao mesmo tempo em que nós ferimos as pessoas próximas, tentando nos proteger de algo que não se é possível ver, mas que muitos como eu conhecem bem, a solidão.
Pergunto-me às vezes até que limite é aceitável, se é que seja aceitável, ser egoísta a ponto de prender alguém a você só para que você não se sinta só no mundo. E se force a acreditar que é feliz assim. Criando uma prisão para si mesmo, se comportando como um parasita, que sobrevive do amor alheio, mantido a duras penas, a custa da sua própria vida. Para muitos é uma coisa inevitável, pois o seu estilo de vida os obriga a abrir mão de relacionamentos sinceros e duradouros, onde a amizade prevalecerá sobre a necessidade de estar juntos.
Eu já não sei mais o que pensar a respeito dos relacionamentos que tenho acompanhado, e a cada dia tenho me sentido mais feliz, por ter alguém especial ao meu lado, mas não escrevo hoje para falar de mim ou para falar de alguém em especifico, hoje eu reflito sobre os relacionamentos em geral, e sobre o que realmente devemos esperar de cada pessoa com a qual nos relacionamos, seja direta ou indiretamente. Até que ponto vale a pena se esforçar por eles, quando nos esforçamos, somos recompensados? Devemos ser recompensados? Acredito que não saiba as respostas para essas questões.
Acredito que não seja regra, mas que quando não somos de alguma forma, retribuídos por nossas “boas ações”, nós paramos de nos esforçar como antes. Mas então me vem à dúvida: Até que ponto deve-se recompensar quem nos agrada? Como descobrir quem nos agrada por interesse em nossas recompensas?
Eis a vida, em mais um dos seus mistérios inexplicáveis. Bela e única, muitas vezes mal aproveitada, algumas vezes até desperdiçada. Mas nunca vive-se em vão. Assim acredito que deve ser, para não enlouquecer, para evitar que a loucura domine a mente, e o caos tome o controle da vida. A ilusão de se acreditar em algo nos conforta, e nos dá forças, mantendo a mente em seu devido lugar, num grande circulo vicioso, entre loucura, reflexão e sanidade.
Cada vez mais me surpreendo com as minhas maluquices cotidianas, e tenho cada vez mais certeza que sou normal. Vivo me enrolando com ideias e pensamentos insensatos, onde nada do que se foi pensado pode ser aplicado à realidade vivida. Crio expectativas e logo me vejo em um turbilhão de coisas inúteis que me afundam aos poucos, mas eu finjo que não vejo e sigo em frente, construindo o meu castelo de areia sobre um castelo de cartas de baralho, quando menos espero, ou como era de se esperar, tudo vem abaixo, ruindo silenciosa e lentamente. Fico meio atordoado sentindo um frio na barriga inexplicável, e nesse momento eu me perco e deixo de lado as coisas que deveria fazer, me perco de novo, sento-me sobre os escombros assombrosos das minhas maluquices e reflito, mas o reflexo não é tão belo quanto eu espero, então eu me apavoro e acordo na minha cama sozinho e rindo de tudo que aconteceu. Uma piada sem graça que ninguém entende. Essa é a minha realidade, essa á a minha vida!
Sem sono de novo. Acordo no meio da noite. Penso e repenso tudo o que tenho feito. Penso principalmente no que tenho deixado de fazer. Não quero mais ter que me enganar, as promessas que me fiz já não podem ser deixadas de lado. As palavras fazem de mim um simples narrador das minhas vontades. Não posso concordar em ser apenas uma sombra do que posso ser.
Quem poderá dizer que nunca passou por momentos de duvida, de mudanças, de sofrimentos e de escolhas na vida?
Hoje eu sei que nada é para sempre, mas recomeçar do zero já não basta para mim. Faz tempo demais que tenho deixado as coisas de lado, e tenho me esquivado da responsabilidade de guiar a minha vida. Certas coisas não ainda fazem sentido. Os sentimentos vêm e vão como ondas, fecho os olhos e me sinto perto de você, me sinto aliviado e fortificado.
A realidade ainda é outra.
Queria ir mais alem. Será que meu limite já chegou ao fim? Quero mostrar para todo mundo que não tenho nada a provar para ninguém. Essa noite tudo mudará. O tempo de errar já passou, agora é tempo de ganhar, eu vou ganhar. Mas ainda terei que abrir mão de muita coisa. Espero acertar as escolhas dessa vez e conseguir me manter focado até o fim. Avançando na escuridão da dúvida.
Agora futuro é mais brilhante em minha frente.
Está escrito em algum lugar que eu vou ser feliz. Tudo tem a sua hora e o seu lugar. Não posso mais perder horas, dias e meses tentando consertar os erros irreparáveis, com outros erros inexplicáveis. Todos os detalhes vividos e as pequenas coisas estão em mim.
Não posso mais correr ou me esconder atrás de desculpas. A vida não é uma completa falta de sintonia, baseada em encontros e desencontros. Cada um tem que ser o seu próprio sol. Ou você controla tudo ao seu redor ou elas vão atingir você o tempo todo. Serei forte para afastar sem perder? Serei capaz de atrair sem queimar tudo por perto? Quem sabe?
Acredito que vai ficar tudo bem!
Renovado!
As luzes me cegam na escuridão sem fim em meio a noite fria e solitária. Ao fundo uma música me traz boas lembranças, logo penso em te ligar, mas já são 4 horas da manhã. Me bate uma tristeza por saber que poderia estar com você agora. E tudo que tenho são latas e garrafas vazias ao redor. Os amigos não virão ao meu encontro, você se manterá longe de mim, não tenho como sair de onde me encontro, estou preso em uma situação que a cada dia me surpreende mais, de todas as formas possíveis. Muda a música, uma batida maneira eleva o astral, mas logo me lembro que você não está aqui comigo. Estou só me afundando em minhas memórias, pensamento perdido, assim como o olhar. Já ouvi coisas que não pretendia, já fiz coisas que não pretendo dizer. Nas sombras da noite levo a vida em silencio e só, tinha tanto pra fazer e pra falar, mas a vida me restringe muitas coisas boas, a vida que eu escolhi sem saber, anos atrás!
Eu já estive perdido, num oceano de dúvidas sem fim, onde tudo era fácil demais, e todos lhe sorriam a noite. Eu já fui ferido, por um coração frio, que me maltratava me amando, e que me sufocou tanto tempo. Eu já tive medo, no meio da noite, onde me pegava chorando sozinho, sem ter pra onde ir. Eu já voei por ai, sem destino, por lugares inimagináveis para muitos, que parecia um sonho. Eu já corri na chuva, como uma criança com uma bola nova, só pra renovar a alma, cansado de tanta dor. Eu já sorri por sorrir, só pra não ter que falar o que pensava, e me arrependi depois. Já pulei, nadei, caí em lugares que ninguém acreditaria, nem mesmo quem estava lá parecia acreditar que era eu. Eu já fui bom, já fui mau, já menti, já fui enganado por mim mesmo, várias e várias vezes, sem motivo aparente. Já fiz coisas que nunca poderei revelar, nem mesmo aos meus mais íntimos confidentes, que pelo mundo me acompanham. Já fui herói e vilão da minha vida, e hoje já nem sei o que eu sou. Eu já senti o peso do desprezo em um olhar, já vi a covardia de perto. Já fui pro outro lado do mundo sem sair do lugar, viajei meio mundo, numa vida curta. Eu já me encarei num espelho e não me reconheci. Aquele olhar não era meu. Eu já segui a vida que o meu coração quis viver, e agora nunca mais vou ser eu mesmo de novo. Eu já fui e já voltei no caminho da felicidade, tenho toda caminhada em minha mente. Agora só me resta deitar e dormir, para sonhar com tudo isso outra vez.
Perdido, só na escuridão fria. Calei-me diante das sombras, que insistiam em me perseguir. Lutei contra o que não podia ser tocado, e corri por um caminho que não poderia ter fim. Sentei-me ali, e pensei, esperei por uma fagulha de luz que nunca poderia ser vista. Olhei ao redor e tudo era preto, como uma cortina que tampava todas as luzes. Ouvia gritos, lamentos, ofensas e provocações, tudo era estranhamente familiar demais para mim. Desesperei-me não conseguia entender o que diziam, será que falam comigo? Pensei. Assustado gritava em resposta, e por um instante tudo foi silencio naquele lugar escuro e frio. Será que meus gritos os assustaram? Calei-me novamente. Senti então mãos me tocarem e me puxarem para algum lugar, mas eu nada pude ver. As sombras me guiavam, e eu sentia medo, pensei que não sairia dali nunca, não sabia o que fazer, nem onde estava indo. Foi então que percebi, as sombras pareciam comigo, o vulto escuro que me puxava para as profundezas das sombras era uma espécie de reflexo meu. E ela era real demais, para que eu achasse isso loucura demais. Então parei de me debater e logo vi que outras sombras estavam me puxando, algumas eu poderia jurar que conhecia, outras nem tanto, tinha uma especial e o seu cheiro me agradava. Logo os sentidos se aguçaram em busca de mais detalhes, e os gritos já pareciam mais com palavras, e algumas pareciam com meu nome, em pouco tempo percebi que os lamentos, as ofensas eram sobre mim, já não entendia mais nada. E sem forças apaguei. Por fim lembro-me de estar caindo, e era uma queda muito longa, tão longa que parecia estar voando, mas na verdade eu estava sendo carregado, eu podia sentir, apesar de nada conseguir ver. Então me concentrei, e forcei os olhos para tentar ver algo, mas nenhuma imagem poderia ser formada ali daquele jeito, eis que então eu a senti, me apertar à mão e falar coisas que não conseguia entender, as palavras não pareciam palavras, eu estava ali com medo. De longe pude ouvir uma risada, lembrei das que costumava compartilhar com os amigos, daqueles que amei, lembrei de tantas coisas boas que fiz, e entreguei-me aos prantos e mais uma vez para as sombras que me puxavam. Não sei quanto tempo levou para que eu pudesse voltar à consciência, se é que eu estava consciente em algum momento, mas a primeira coisa que me lembro depois disso foi daquele sorriso e daquele olhar, que me aguardava abrir os olhos, parecia muito feliz por estar ajudando a mim. Fiquei feliz em ver algo depois de tanto tempo no escuro, sendo levado por sombras de um lado para o outro, e por conseguir ver com clareza aquele rosto, com um sorriso marcante e um olhar inesquecivelmente lindo. Ainda ouço vozes e gritos, vejo sombras me perseguirem, e sinto o frio na noite escura sozinho, e tenho medo. Mas tento sempre me lembrar do rosto que me iluminou a alma para sempre e me deu um novo sentido a vida. Sinto-me bem como nunca e estou feliz com os novos planos e sonhos que construo agora. De volta da escuridão eu posso dizer uma coisa que aprendi, abra os olhos enquanto há tempo, não seja levado pelos outros e fique sempre próximo daqueles que te querem bem. Sonhe, mas acima de tudo faça os sonhos acontecerem. Seja Feliz.
Cansei. De ser certo ou errado. De ter que agradar sem querer. De julgar. De viver os sonhos dos outros. De sonhar acordado. De não ter tempo para ficar com os amigos. De nunca ir onde quero. De esperar quem não merece. De pagar pelos erros dos outros. Definitivamente cansei.
Esperando sempre que as pessoas se inspirem e cresçam, mesmo com o sofrimento do dia a dia. Mesmo com todos os nossos problemas. Mesmo com tanta gente contra a gente. E mesmo com tudo isso feliz.
Sem me irritar. Sem enlouquecer. Sem fazer tanta coisa errada. Sem sentir. Sem pensar demais. Sem agir de menos. Sem tomar decisões importantes precipitadamente. Sem falsidade. Sem mentiras. Apenas indo. Sem caminho certo. Sem rumo.
Querendo estar por perto. Querendo estar aqui e lá, ao mesmo tempo. Querendo ser o que se não se pode ser. Querendo não sofrer. Querendo dormir. Querendo sonhar. Querendo acordar. Querendo tanto te ver.
Se explicando demais. Se divertindo de menos. Se machucando atoa. Se esquecendo. Se entregando. Se esforçando por nada. Se cansando. Se frustrando. Se iludindo. Se maltratando. Se desvalorizando.
São tantas as coisas, que já nem consigo elencar os fatos que de fato, sobre os caminhos percorridos nessa vida sem rumo, são inesquecíveis, insubstituíveis, indubitavelmente sem comparação. Não há nada que eu faça que me traga aquele sorriso de novo, que de tão velho, já amarela na boca. Que escondido sob a mascara, se transforma em prisioneiro, em nada mais que um simples sorriso apagado.
Tentando ver com olhos os fechados, proibidos de ser o que realmente são, proibidos de ver o que realmente importa. Tentando compreender o mundo, as pessoas e os demais. Sem motivos para tal, e com razão sem igual. Tentando sentir o sabor, e saber como seria se fosse tudo isso pra mim. Tentando definir limites para sentimentos ilimitadamente fúteis. Fáceis de perceber.
Só não posso dizer que não voltarei. Que estarei sempre feliz. Que jamais amarei de novo. Que não fiz amigos. Que não desfiz. E muito menos que eu saiba o que esse texto quer dizer. Mas uma coisa eu garanto. Ninguém poderá dizer que esse não sou eu.
Essa noite eu senti uma vontade de escrever, mas simplesmente não tinha idéia nenhuma, apenas me sentei aqui e comecei a procurar em minha mente por algo bom para contar, nada me veio à tona. Deu-me uma tristeza pensar que eu não conseguiria escrever hoje, logo hoje, que eu estava tão animado com uma idéia maluca que está dando certo. Sentei-me em minha cama pequena, e me pus a escrever, apagando e escrevendo de novo, por horas, sem conseguir alinhar nenhum pensamento, nenhuma ideiazinha, nada. Fechei os olhos por um tempo, e nada surgia. Desesperei-me com idéia de ter essa tela em branco na minha frente, onde apenas um cursor pulsava num ritmo constante. Pensei em ligar a televisão, mas pensei novamente e me segurei a tempo, não gostaria de ter idéias baseadas em uma programação mal feita, e nesse horário dificilmente passaria algo de bom, que me poderia ser útil no meu dilema de falta de assunto comigo mesmo. Como pode, eu, alguém que adora conversar, não ter assunto para conversar a sós comigo mesmo? Por um instante desisti. Olhei para o celular que não toca faz tempo. Suspirei, recomecei, ou tentei recomeçar, nessa altura já nem sei mais. Acalmo-me. De repente um lampejo surgiu, foi como se ouvisse a voz de um amigo, que de longe me pedia: “escreve uma musica”. Ri comigo mesmo, e com quem mais eu poderia rir? Que ironia, nunca me havia ocorrido isso, me peguei pensativo, sem inspiração, para onde fora o mar de idéias, será que a fonte secou? Era como se eu fosse aquele tipo de companhia que não gosto, um cara que não tem assunto e só fala besteira. Mas nem besteira eu estou pensando, falando ou escrevendo. O que teria acontecido comigo? Será que isso é alguma síndrome? Se fosse qual seria? A síndrome da madrugada mal acompanhado de si mesmo? Sei lá. Poderia ser a minha consciência me dando um aviso: “olha você está muito tempo sem ler” ou “você tem sido um menino mal e por isso vou te tirar todas as suas idéias”. E eu pensando (olha as coisas melhorando) que não estava nem com as besteiras na mente. É só dar uma forçada, que elas vêm. Mas eu estou aqui ainda, no meu dilema, simplesmente fazendo nada, sem conseguir escrever algo de útil ou de bonito, e muito menos a música, pedida por um amigo. É, parece que essa noite não vai ter nada de bom pra postar. Mas fazer o que? Já ta tarde e o sono me tira a pouca inspiração que já não me resta. Estico as pernas, busco uma água e volto aqui para me entregar ao sono, e quem sabe me inspirar amanhã. Escrevo mais algumas palavras sem importância, apago e vou me deitar. E assim a sós comigo mesmo adormeço num mundo solitário, onde a única saída é a imaginação...
"Sempre tive medo de amar, medo de me machucar, e por isso eu construí uma fortaleza, invisível, imperceptível, intocável, inacessível aos outros, e dentro dela, um local onde o meu eu verdadeiro ficava sempre escondido e protegido dos olhares e julgamentos alheios, um local sagrado, que não se abre facilmente aos curiosos de plantão. Mas que quando se abre, expõe todos os meus segredos e mostra quem verdadeiramente sou.
Uma pessoa que vive em contradição com o mundo interno e com o mundo ao redor. Já que mesmo cercado de amigos não consegue se abrir de verdade e nem deixa que os amigos se aproximem demais da entrada da fortaleza, e que por isso, vive só dentro de si mesmo. Enche-se de duvidas, de medos e de sentimentos, e guarda tudo pra si, e na angustia por algo novo, continua sempre absorvendo mais e mais. E que por agir assim, acumula muito sofrimento, muito medo e muita desconfiança, não consegue confiar nem mesmo nos mais próximos, não consegue sequer dizer quanto desprezo tem por alguns, mas que também, não consegue se desfazer deles, que são uma espécie de cordão umbilical, que nutre essa curiosidade sem fim, essa vontade de absorver tudo.
Eu sei que não posso manter isso por muito tempo, e que isso me envenena a cada minuto, cada vez mais. Nesse ritmo eu irei explodir, não há mais espaço pra tristeza, solidão e medos dentro dessa fortaleza. Mas não encontro uma maneira para bombear esse veneno para fora, e cada dia absorvo mais e mais, como se fosse a primeira vez que provasse o seu sabor doce. Sinto que eu vou entrar em colapso, tenho que agir rápido novamente. Mas não sei o que fazer. Essa sede, essa vontade de absorver tudo, é minha maior fraqueza e minha maior arma, quando usada no momento certo. Preciso de uma espécie de filtro, para evitar que eu absorva e acumule mais veneno a cada dia. Isso me faz forte e conseqüentemente me faz fraco. No fundo eu não quero que as pessoas olhem em meus olhos e vejam o que sinto. A minha fortaleza sempre teve boas janelas, com uma película que bloqueia tudo acontece dentro dela. Mas que capta tudo ao seu redor como um radar super avançado.
Hoje o meu medo não é me machucar, tenho medo que comece a fazer o que realmente eu quero, porque agora eu sei que posso falar o que penso sobre as pessoas, mas para a sorte delas essa minha fortaleza agora tem outro papel, de proteger quem está ao meu redor, de um monstro que tenho dentro de mim. Não sei quando me dei conta do que havia ocorrido comigo, tampouco sei se eu controlo o monstro ou se sou vitima de minha própria criação, um monstro. Monstro esse que atende pelo meu nome e que compartilha esse corpo comigo."
Fujo, corro e me escondo.
Olho ao redor e me sinto cada vez pior. Não há motivos para não fazer nada, mas ainda assim, me deixo em estado de total inércia. Me sinto cansado de tanta gente, de tantas coisas, de tantos planos. Preciso de um novo rumo, de um norte ou talvez precise apenas parar de pensar no que os outros vão achar disso ou daquilo. Devo parar de me importar com o que eu fiz, não há mais volta, nunca mais terá. Daqui pra frente só o amanhã importa, e onde você quer estar amanhã?
Sem mágoas ou ressentimentos, viverei um dia de cada vez. Serei uma pessoa feliz, sem criar expectativas, sem me deixar levar na onda da euforia. Tenho medo de ser um cara chato, tenho muitos medos que me deixam presos em minha mente sem limites. Entro em um modo onde na minha mente tudo realizo, mas na prática tenho deixado muitas delas mal acabadas. Não consigo por em prática meus sonhos mais simples, nem uma dieta eu sigo sem ter que me boicotar e me vejo alimentando um Eu que não quero ser.
Não deixo as pessoas boas se aproximarem, não me aproximo das ruins, e sigo a caminhar só e sem olhar pra trás. Cantarolando uma canção antiga, imagino tudo outra vez e me acalmo, entro novamente na minha mente e nela me perco, rodeado de pensamentos e sonhos, vivo num local que não existe para mais ninguém. Tenho o meu mundo, dele sobrevivo e nele não posso mais permanecer.
Mesmo depois de tantas frustrações eu sigo nesse ritmo manso, sem reclamar e sem querer ouvir reclamação de ninguém, fugindo das pessoas negativas, correndo sem rumo de olhos fechados, escondido na frente de todos que me vêem e não sabem quem sou. Aqui estou querendo ser normal, querendo não ser apenas mais um, ficando cada vez mais distante de todos que me desejam o bem. Sem rascunhos, sem reler o que escrevo, desabafo, e me sinto melhor sozinho... Eu e essa tela em branco. Olhando um para o outro até que o vazio seja preenchido por silêncio ou... Deixa pra lá.
Amanhã é tudo que importa. E onde você vai querer estar amanhã?