Guilherme Serafim
Acne
No queixo ou no nariz
Isso me deixa infeliz
Lá vou eu me embrabecer...
No advento
Que lamento!
Ela teima em doer
Quando madura
Que tortura!
Não me atenho sem espremer
Dizem que o mal é da idade,
Mas dessa mocidade
Eu não quero ascender.
Desígnios
Te quero intensamente,
Até os próximos mil anos
Pois tu estás presente,
Em todos os meus planos
Mesmo sem coreografia,
Ainda dançaremos na Lua
E o que hoje é teoria,
Será fato ou falcatrua
Junto a ti quero assistir,
O próximo conclave papal
E iremos resistir,
A Terceira Guerra Mundial,
Contigo quero comemorar,
O decacampeonato do Brasil
Ao teu lado presenciar,
Uma nova Chernobil
E na tua companhia,
O cometa Halley conhecer
Dedicando-te poesias,
Um best seller escrever
Tu estás presente,
Em todos os meus planos
Pois te quero intensamente,
Até os próximos mil anos.
Colégio Público
O cotidiano de um colégio público
É sempre igual
Repetitivo, monótono
Paradoxal
Aquela briga logo após o último sinal
Sempre se inicia por um motivo banal
A cobiça do namoradinho alheio
Ou uma desavença no futsal
É intervalo, e no saguão,
A galera se senta
É hora da refeição
Arroz com ovo ou polenta
O bom mesmo é mingau
Mas aí a fila é bem lenta
A cancha, pequena e ensolarada
É o palco do Show da molecada
Dribles, gols, arremessos e saques
É no esporte que surgem os destaques
Algumas meninas, ainda menores de idade
Logo cedo se deparam com a maternidade
Muitos, mal concluem o ensino médio
Saem por aí, pichando a parede dos prédios
Poucos sabem o nome da bibliotecária
Poucos pensam em seguir carreira universitária
O que fica é amizade
Aqueles que a gente nunca esquece
Algum ainda se vê, outro desaparece
O cotidiano de um colégio público
É sempre igual
Repetitivo, monótono e
Paradoxal.
O Xadrez para mim.
O Xadrez para mim é como
A lógica para a inteligência
A verdade para a coerência
O arco-íris que a chuva faz.
O Xadrez para mim é como
As cinzas onde a fênix renasce
Um creme hidratante para a face
É como o elixir para os imortais.
O Xadrez para mim é como
A aeronáutica para o brigadeiro
Os Estados Unidos para o mundo inteiro
Jóia rara, a qual não se fabrica mais.
O Xadrez para mim é como
O Ronaldo para o futebol
Bruno Souza para o Handebol
É como um filho para os seus pais.
O Xadrez para mim é como
A água para o copo
É a urna do meu voto
A carta que o mensageiro trás.
O Xadrez para mim é como
O Ash Ketchium para o Pikachu
É como Curitiba para a região Sul
O habitat dos animais.
O Xadrez para mim é como
A presidência para o Lula
A comida para a gula
O tempo para o fulgaz.
O Xadrez para mim é como
A inglesa para o Sunye
É como a Globo para a TV
A fotossíntese para os vegetais.
O Xadrez para mim é como
O grão que o agricultor semeia
O sangue que corre na veia
É como a pomba que simboliza a paz.
O Xadrez para mim é como
O amarelo para Van Gogh
É como você para o meu BLOG
É como a vida para os mortais.
O Xadrez para mim é como
O Xadrez para o Kasparov
É a arte que me envolve
É a luta que me satisfaz.
Epitáfio Heróico
Durante a minha jornada
Um super-herói quis ser
A Terra do mal livrar
Inocentes defender
Ser fugaz como o Flash
Guitarrista como o Slash
Escalar como o Homem Aranha
Que o bandido sempre apanha
Liderar como Mandela
Ser o príncipe da Cinderela
Te amar, te proteger
Ser tua espera na janela
Tudo o que almejei, não concretizei
O Super-man não superei
Fiz o bem, errei, amei
Meio às adversas situações, perdoei
Erros imperdoáveis, erros banais
Erros, sobretudo meus
Na busca insucedida pela perfeição
Encontrei-me com Deus.
Rádio Recordar
Tenho saudades...
Dos tempos que não voltam mais.
Nostalgias da minha infância,
Momentos simples, triviais.
Andar de bicicleta de madrugada
Não te oferecia tanto perigo.
O Rock era ideológico.
As pessoas tinham mais amigos.
Tubaína por cinquenta centavos,
Sodinha por vinte e cinco.
Roupas coloridas só no Carnaval,
E os meninos não usavam brinco.
Celular, tinha só a função telefônica,
E pra distrair, o jogo da cobrinha.
As crianças praticavam mais esportes,
E colecionavam figurinhas.
Orkut suportava doze fotos
E era só para convidado.
Não possuia jogos em Flash,
E não tinha álbum "tudojunto&misturado".
Tenhos saudades...
Lembranças conseguem me entreter,
Lembranças estão por toda parte,
Pois recordar é viver.
Compromisso do Arquiteto
Íngreme é o encargo
De ser um arquiteto.
Ultrapassa o que é visível
Nos traçados de um projeto.
E perspectivando formas,
Desperto emoções,
Provoco sentimentos,
Conforto corações.
Fantasiando a luz,
Junto à magia das cores,
Semeio o aconchego,
Aduzo paz e amores.
E arquitetando moradas,
Expresso identidades,
Sintetizo a cultura,
A história das cidades.
Traduzindo as peripécias,
Da nossa vida coetânea,
Sou um reflexo vivo,
Da preciosa arte humana.
Um texto clichê
Ah! Como estou farto destes clichês!
É assim todo mês
Estou cansado da mesmice
Parece até insensatez
Por que sempre no final o herói mata o vilão?
Pra que instigar-se entre a "razão e a emoção"?
Daquela casa onde ninguém podia fazer pipi
Jargões que circulam do "Oiapoque ao Chuí"
Dos clichês da hiprocrisia,
da campanha eleitoral
Da promessa de que tudo irá mudar
Chega! Isso é banal
Porém, existem clichês essenciais
Aqueles que não devemos esquecer jamais
Estes temos que repetir todos os dias
Eu te amo cada vez mais.
Reflitamos, ajamos, preocupemos, se quando nossa passagem pela Terra terminar, seremos àqueles que ficaram um ponto final ou reticências...
Máscaras caem a todo o momento, mas perspicaz é aquele que consegue esconder o que pensa, o que sente.
Vejo no olhar daquela senhora
Que fora criança outrora
A síntese de uma história
Perene em sua memória
O testemunho de uma geração
Narrado com o coração
Relato de uma cultura
Que hereditariamente perdura
Como se fosse um livro
De olhar tão expressivo
De contos tão interessantes
Que não se abandona na estante
Herói é o idoso
Ser digno de mérito honroso
Compartilha a todo o momento
Seu vasto conhecimento
Um com sentidos debilitados
Que necessita de cuidados
Outro com mobilidade reduzida
Daquele que é veterano da vida
O jovem é coitado
Com seu espírito ousado
E tamanha irreverência
Não conhece o preço da existência
Não sabe que no jogo da vida
O que vale é a experiência.
PENA DE MORTE
Tenho pena de morte,
De negro, de pobre,
De gente sofrida.
Daqueles que nasceram,
Cresceram e morreram
Sem uma sentença de vida.