Guerreiro Tharley
A poesia não está nas palavras escritas por um poeta
Palavras escritas são apenas a vã tentativa do pobre poeta
De materializar um sentimento intraduzível;
Que nasce em sua alma,
Cresce no coração e explode no peito,
Deixando fragmentos em um pouco de tinta no papel.
Pode não parecer,
Mas sim, eu te vejo!
Fala, eu te escuto!
Mesmo que atônito,
Eu fique mudo;
Chora! não prometo te consolar,
Mas posso chorar com você!
Se cala, te sinto,
Se rir, me conforta,
Pois é o que mais importa.
Se sonhas, me transporta,
Ao mundo teu,
Habitado por um ser, eu.
A MOÇA LUAR
AINDA PENSO EM VOCÊ!
DESDE O AMANHECER,
AINDA SONOLENTO,
OLHOS SEMI-ABERTOS;
ANTES DE ME LEVANTAR
FAÇO UMA ORAÇÃO,
PENSO EM VOCÊ!
AO MEIO DIA (COMO É GRANDE O DIA), AINDA ESTOU PENSANDO EM VOCÊ!
AS HORAS NÃO PASSAM,
NOSSAS VIDAS PASSAM!
LONGE DE VOCÊ, OBSERVO O POR DO SOL, PENSO EM VOCÊ!
AÍ, VEM A LUA CHEIA,
POR DETRÁS DOS PRÉDIOS DE CONCRETO, ENTRE NUVENS RALAS...
LINDA, IMPONENTE...
DIZEM QUE NELA MORA UM GUERREIRO E UM TEMIDO DRAGÃO,
E AQUI DA TERRA PODEMOS VER SUAS SILHUETAS ENQUANTO BATALHAM ENTRE SI,
MAS ENQUANTO EU OBSERVO
SÓ CONSIGO VER TEU ROSTO DESENHADO NELA,
PASSO À SORRIR, POIS AGORA ESSA LUA É MAIS BELA
UMA BRISA DOCE E BREVE TOCA O MEU ROSTO
FECHO MEUS OLHOS E, É SUA MÃO QUE ME ACARICIA,
RESPIRO FUNDO E SINTO TEU CHEIRO
E A LUZ DO LUAR, COMO UM HOLOFOTE DE PRATA, TOCA MINHA PELE,
MEU CORPO ILUMINADO POR ELA
DEBRUÇADO NA SACADA, CHORA
NÃO HÁ SONS NEM PALAVRAS,
MESMO ASSIM, OUÇO UMA MÚSICA NO AR... MOVIMENTOS, ACORDES (SINFONIA)
AS FOLHAS DA LARANJEIRA COMEÇAM A BALANÇAR COMO SE PUDESSEM OUVIR A "MÚSICA", PARECEM DANÇAR
EM DEVANEIOS INSANOS "ABRAÇO" VOCÊ, DESPENCANDO NO VAZIO,
VOCÊ NÃO ESTÁ AQUI!
ABRO OS OLHOS, ENTRISTEÇO
SENTO-ME NO CHÃO FRIO E CHORO
VOCÊ NÃO ESTÁ AQUI
ESTO PENSANDO EM VOCÊ.
Quando a poesia habitava em mim > Eu, o rouxinol e a velha laranjeira
(...) Foi quando morei na casa do pé de laranjeira.
Onde em seus galhos um rouxinol cantava tímido e melancólico
À noite, a lua entrava lenta e cuidadosamente através da janela de ferro,
E como se compadecesse de mim, acariciava minha face com o seu brilho prateado.
Compartilhando um pouco da luz do sol que dele recebera
Ouvia - se musica no ar da noite,
Eu agarrava - me as suas notas,
E com um pouco te tinta num papel às materializava em poesia,
Uma sinfonia que só a laranjeira e eu podíamos ouvir... Ela dançava e eu voava.
Nesse momento já não era mais o rouxinol que cantava, mas acredito que repousado a cochilar nos galhos daquela velha laranjeira, ele também podia ouvir aquela música no ar.