Gregórian J.P
Anamnese
O corpo declara o que a boca não reclama
Expõe sua selvageria em gélida chama
A língua tremula entra lábios turbulentos
Nestes covardes atos falos, hipocrisias e tormentos
E eu aqui prostrado mendigando suas verdades
Cuspindo ilusões me rasgando em vaidade
Num último suspiro diabólico, gélido e calejante
Contentando-me com suas falácias num átimo
Híbrido
Ando entre multidões escutando enigmas e pensamentos
Num velho que me observa nas diagonais em estranhas separações
Aplicando doces doses de excrementos. Minha misantropia
Pisando em espinhos sou libertino, alcalino. Subtil abstração
O assombro no canto do quarto espantado com sua própria imagem
Refletido em calúnias, ontogenias e falsos milagres
Catatônico em inércias ouvindo The Great Jig In The Sky
Famigerado causando metástases em débeis corpos que caem
Não é o que é. Sempre existe uma forma diferente
Material, voluptuoso, vulgar e demente
Não cabe no tempo ou espaço. É espinho que já nasce com ponta
Prefere arrancar os olhos como sinal de afronta
O ontem e o póstumo regurgitando contratransferências
Acometido pelas maldições dos malditos
Esperando o soneto perfeito, a palavra que salva. O que não tem salvação
Seguindo minhas sombras nos escarros por dedução
E ele continua a me olhar numa nudez dissimulada
Sabe que me conhece, me faz silencio em agonias gritantes em minha psique
Acolho-me na criança perfeita bondades e maldades homeopatas
Sou mago, magoa, esperança tempestuosa seu animus anima
Rascunhos de sinônimos e rascunhos de rascunhos
Um rosto moldado no instante da respiração
Sofridamente maquiavélico preenchendo lacunas
Um feto, um velho, um cão leproso a pétala perfeita. Ilusão
Resultante de misturas para além. Sou Híbrido
Gente Boba
Tem gente que é boba
Tem gente que é ridícula
Tem gente boba que tem medo de ser ridícula
Tem gente ridícula com medo de parecer boba
Tem gente ridícula sendo ridículo sem esforço algum
Ser bobo é respirar em insights
O ridículo é a ausência da leveza
O ridículo por essência nunca será bobo em sua existência
Nós Poetas
Éis simples e imaculados em meros apanhados
De almas se encontrando em vômitos de sentimentos
Próprios, alheios e fatídicos colonizadores neste canibalismo
Esquecendo o sentido do que escreveu. Não importa não é mais seu
Homens, aberrações ou emoções?
Calejados e sensíveis de carne podre e alma nobre
A caneta nervosa e choramingona no entorno dos seus soluços
Revitalizando fragmentos e menções. Profundos sustos (...)
Confunde-se entre mágoas e enganos
Nestes olhares claustros e dantescos
Entre clássico e arcaicos neantropianos
Construindo ilusões nestes emaranhados grutescos
Somos mortos, vivos, híbridos, sínicos e famintos
Simplesmente frágeis e ilegais. Imortais
Prisioneiros usando mentes como selas
Sem travas, cadeados ou janelas
Nossos sentimentos são corpos estranhos em nossa essência
Nossas vontades apenas fragilidades
Num mundo sem molde, inerte em antevidências
Catando fragmentos de pessoas vazias e suas legalidades
Enxergamos em surrealismo as normalidades abstratas
Fitando pessoas andando umas sobre as outras
Com palavras originadas de suas quelíceras
Démodé, andrógenos, demônios de batina a pedra no lago. Somos poetas
Sereias Existem
Num mundo gélido e fatídico eu rastejava
Sofria na alma a não calma
Lagrimas eram maiores que sangue jorrava
Putrefações dos corpos pós traumas
Não deixe minha essência fenecer
Amordaçar a minha fúria antes do amanhecer
Coração batendo 4/4 até doer
Sonos atormentados são assim: Dormimos sem nos mexer
Noites? Dia? Não sei discernir
Tento encaixar as palavras para sentir
Agradeço a todos por me agredir
Arranco meus olhos e enxergo melhor, assim eu não consigo fingir
Poderia este, ser um poema de amor, de dor ou de alegria
Mas nenhuma palavra representaria a melancolia
Explode em ondas minhas reminiscências
De pensamentos indubitáveis, totalidades de sombras e aparências
Os queixos tremulam e mãos petrificadas materializam a dor
Fluidos, pensamentos sugestivos e horror
Destituído da essência comum e sem pudor
Neste turbilhão de exageros retrato a nuance do olor
Eu me pergunto sereias existe?
Queria ludibria-me com um canto épico e sombrio
Jogar-me sem noção de dor atraído pelo doce sombrio assobio
Eu me pergunto sereias existe?
Raro Amor
Num universo abstrato Encontrei meu amor
Apareceu linda, porém tristonha tinha alguma dor
Eu logo me aproximei queria escutá-la
Sua essência entrou em mim, queria acalmá-la
Neste pequeno início algo já se manifestava
Com minhas palavras e meu carinho já a amava
Ela é perfeita foi toda talhada em prosa
Sentir-me um homem especial, descobri um diamante rosa
Este sentimento é nobre forjado no aço da sensibilidade
Amor que não acaba que só aumenta alimentado pela verdade
Mesmo que distante sentindo sua falta e essas dores
Mantenho-me inteiramente para teu corpo com cheiro de Flores
Amar-te já é natural na minha vida, como respirar
Mas sem você estou sufocado explodo de paixão, preciso me rasgar
Temos uma vida e ser vivida
Para construir grandes pedaços de felicidades e curar as feridas
Com você meu universo é concreto sou livre e aberto
Beijar-te, te amar de descobrir a todo o momento
Esta junto de você e acabar com este tormento
Estou triste sem você estou descoberto
Não preciso de palavras difíceis pra escrever nosso poema
Ele é simples, puro fala do nosso tema
Minha única certeza na vida é te amar
Acalma seu coração, que eu acalmo a minha alma, pois já vou lhe buscar
Pensamento
Pensamento me pega
Pensamento me Pede
Pensamento me repele daquilo que não quero perder
Pensamento em você
Pensamento me cega
Pensamentos me ensurdecem
Pensamento me deixa aguçado meu epiderme para ti
Pensamento que te traz pra dentro de mim
Pensamento me tira a razão
Pensamento me faz emoção
Pensamento me bate na cara
Pensamente martela e diz você é a emoção que traz razão
Pensamento no mundo
Pensamento no meu mundo
Pensamento meu mundo e você
Pensamento, pensamento, pensamento...
Pensamento logo penso, logo existo,
Pensamento errado
Pensamento em sua existência me faz pensar
Pensamentos constantes
Pensamento para te imaginar
Pensamento para te construir
Pensamento te traz tangível
Para você existir e me fazer parar de pensar, porque você estará perto eu poderei te tocar não precisando mais imaginar.
Bossa de Schopenhauer
De tudo nessa vida eu queria acreditar
Que a verdade não machuca eu queria acreditar
Dolo não é minha forma de agir
Estou afogado em meus pensamentos indubitáveis
Sentado em uma pedra lhe esperando pra tocar
Um metalzinho na viola eu quero só te impressionar
Além do amor
Além da morte
De todo o meu presente eu queria aproveitar
Do passado e do futuro não queria nem lembrar
Para dessa forma então evitar a dor
Realidade? Realidade?
De todas as “certezas” eu queria não acreditar
Que a morte não existe eu queria acreditar
A ponto de nem hesitar
Meu mundo é assim
Pura vontade de uma representação
Será que meu medo é da morte ou medo de não existir?
Que mais terrível ironia ter medo da vida
Em tudo nessa vida eu queria me desligar
Essa verdade não existe
Essa verdade é só uma herança
Maldito Platão
Maldito Cristão
Gostaria que minha razão fosse friável
Imploro minha libertação dessa podre erotomania
Não preciso dessas coisas presentes e aparentes
Terei um mundo melhor... Esse é descartável
Este eu descarto!
Louco Heavy Metal
Que força é esta que me arranca do chão
Um som vibrante na alma que me seca as veias
Você é verdade, vida nossa filosofia
Posso esta triste, alegre, com amor ou com ódio
Você é para todas as emoções
Louco Heavy Metal
Louco Heavy Metal
Possui várias vertentes, mas a essência é única
Nossas negras camisas perpetuam os grandes deuses que fizeram história
Não o escolhemos somos escolhidos por ele
Com os nossos punhos para cima declaramos em coro toda nossa agonia
Nosso grito, nossos sentidos como espartanos em batalha
Louco Heavy Metal
Louco Heavy Metal
Você será para todo o sempre
Sua nação esta espalhada pelos quatro cantos do mundo
Se existir um céu que os anjos estejam com guitarras e não harpas
Se existir o inferno lá estaremos em casa
Somos sua personificação, somos um exército composto por generais
Louco Heavy Metal
Louco Heavy Meta
Sozinha
Eu acordei assustada
Na vastidão do meu quarto eu escutava o eco dos meus batimentos cardíacos
Olhei para o teto e me vi flutuando
Eu só tinha olhos, não tinha boca e não tinha nariz
Não me tinha
Através dos meus olhos eu olhei pra dentro de mim
Um gosto de sorvete me veio à boca
Senti um olor de quando era criança! Era de mim mesma
Eu me ilhava aflita... Não tinha boca eu me olhava
Sozinha eu gemia
Sozinha eu ficava
Com os olhos gritava
Sozinha e frustrada... Gélida, pálida e inerte
Só
No abismo da minha cama diante de tal situação eu grito
Meu corpo inquieto. Não para
Estico-me
Me aperto me encolho
Escolho-me
Olhei para o teto e me vi flutuando
Do teto no fundo do olho me vi esticando
Flutuando eu deprecava não me ver acuada
Eu era a esquivança do eu a vir
Eu era uma borboleta nos ombros outrora no nariz
Fiquei de pé encima da cama
Estava meio tonta, mas a estese de me ver trouxe-me equilíbrio
Olhava meu corpo que flutuava
Meu corpo acalmava
Eu não me aceitava
Eu não sou eu
Eu era um estado, não era lesiva eu era nociva e ativa
Nutar não era de mim
Flutuando eu me olhava
Com semblantes pavidos
Eu me olhava naquilo que eu não precisava ser
Nem queria ser
Entendi porque ali presente eu flutuava
Esta era o que eu tirava de dentro de mim
Era a renuncia e não agüentava
Repudiava
O meu flutuar era salutar
Eu posso gritar
Eu quero gritar
Rasgar os pulmões
Chorar e expurgar
Reconhecer o que sou
Não é o que sou
Apenas um estado
Sozinha. Só
Dói
O mundo deu-me uma vida lacrimosa
Vagando e catando pedaços de sentimentos sem consonância
Minha falta de misericórdia tornou-se honrosa
É antídoto para almas fracas semelhantes aos medos de infância
Andando dentre multidões numa profunda melancolia Kafkaniana
Lembrando de todas as curas causadas mergulho em êxtase toda agonia
Todos estes atos me expurgam de tal nirvana
Meu corpo sofre cria por si só inevitável criogenia
Agora fadado á estar dentro de deferentes seres, porém só
Alimentando-me com fragmentos de sombras tortas
Plantando nessas covas rasa meus escárnios sem nenhum dó
Navegando a deriva, sem sentido e sem rota
Que estranheza um ser explodindo em vida amar a morte
Mais que esta vida em demasia não lhe cabe. Transborda.
Algo grita dentro de mim esquizofrênico e forte
No fundo existem rejeições sombrias para tais hordas
Um dia os fantasmas abandaram este corpo introspectivo
Teremos vidas incríveis e tangíveis
Um corpo far-se-á feliz por não precisar se tal esfera receptiva
Amputando pernas e mãos levando clareza em atormentados níveis
Perdoe minha prolixidade temperada com surrealismo. Dói
Liberdade Vigiada
Vive a vida em companhias
Não importa as alegrias
Pelas noites as escuras
Não importa o que procura
Não suporta a palhaçada
Dessa liberdade
Vigiada, vigiada, vigiada
Só existe a justeza do olhar lançado
Liberdade vigiada é tudo aquilo que não quer
Arrepende-se todo dia pela sua simpatia
Vida latria e atrevida
Vida cheia de feriadas
Não se importa com as porradas
Amanhã é um outro dia
Não suporta a palhaçada
Dessa liberdade
Vigiada, vigiada, vigiada
Nunca deixará que alcancem tais desejos:
Animus rem sibi, habendi
Animus possidendi
Animus necandi
Alma Inteligível
No mundo em que vivemos essência como a sua é rara
Pra quem não tem sensibilidade é chocante, uma tapa na cara
Neste mundo de incoerência sente-se enfadada
O mundo não lhe cabe se sente erroneamente culpada
Sua beleza contrasta com implosões existencialistas
Somatiza toda assumpção de nobres sentimentos
Vai entender que gênios nascem póstumos será realista
Cada um tem sua velocidade, terá seu momento
Seus olhos ávidos se anunciam
Mostram forças incontroláveis
Outrora apenas a leveza de uma libélula
Em sua alma leva autoflagelação... É implacável
Um corpo frágil com espírito selvagem
Consegue ser bruta na aparência de bailarina flutuando no lago
Uma estrela contra o decadente
Oferecendo aos tolos tua simpatia execrável
Eis a figura que almeja felicidades atônitas
O tédio que digere a priori e mesmice
Perdida num louco labirinto humano
A frustração lhe perfura não aceita tais dementes
Os dias lhe darão perfeitas respostas
Um passo a frente nessa punição de ser atemporal
Mulher de cheiro doce com olhar eloqüente
Num mundo de plástico onde prevalece o banal
Débeis
Jogados do mundo
Jogados no fundo
Débeis imundos
Impuros do fundo
No fundo do ser... Escória dos seres
Angustias e traumas
De débeis a débeis
Inúteis na instancia do fracasso
Com características de inferioridade imanente
Débeis no fundo e no sumo
Débeis Lúgubres no abismo de suas consciências
Inconscientes e Inconseqüentes
Passeando entre si a realidade para ludibriar-se com fragmentos de felicidades
Débeis inférteis
Débeis imundos a serem ermos
Débeis impróprios
Próprios débeis
Débeis resultados de uma zoofilia
Débeis fingidos
Débeis unidos
Travestidos de seres ladinos mostrando os caninos
Arquétipo da dor
Pandos de futilidades
Débeis pandemônios que se afligem
Débeis fingidos dentro dessa santimônia
Débeis que me contam o que não querem ser
Débeis, débeis, débeis
Débeis que rastejam
Débeis que me suplicam asas, débeis que ganham asas.
Para que eu cinicamente os deixe cair
Débeis que caem, que se roem e se destroem
Débeis de alma morfética
Débeis insanos de corações férteis para cultivo de dor e cactos
Débeis que não possuem espelhos... A verdade perfura
Débil, débeis, débil, débeis...
Débeis que se ajoelham... Débeis que ajoelharão
Débeis!
Tem gente que se acha o último biscoitos da caixa... Um detalhe é que em muitas situações caixas com mais de cinco são descartadas e a gente nem se da conta que tinha esse RESTO.