Grada Kilomba
O branco de hoje não é mais o responsável pela escravidão, mas ele tem a responsabilidade de equilibrar a sociedade em que vive. Ninguém escapa do passado.
Trabalhar o seu próprio racismo é um processo psicológico e não está relacionado com moralidade. Ele começa com a recusa, passa pela culpa que se transforma em vergonha e segue até alcançar o reconhecimento. Uma vez que você tenha alcançado o reconhecimento, você pode começar a reparar estruturas, o estágio da reparação.
Racismo tem a ver não só com preconceito, mas também com a prática do preconceito, que só pode ser exercitada através do poder.
O feminismo é um movimento maravilhoso, mas excluiu muito a mulher não branca de todo o seu discurso. A mulher negra esteve muito ausente, como um tipo de vácuo entre discursos.
O feminismo mainstream falhou muito em não incluir a história colonial como parte da luta feminista.
Aqueles que propagam o racismo não experienciam o racismo. Pessoas que excluem, nominam e oprimem não podem ser, ao mesmo tempo, vítimas da opressão. Por outro lado, elas certamente podem desenvolver um senso de culpa que, às vezes, é confundido com ser vitimizada.
Branco não é uma cor. Branco é uma definição política que representa históricos privilégios sociais e políticos de certo grupo que tem acessos às estruturas dominantes e instituições da sociedade. Branquitude representa a realidade e história de certo grupo. Quando nós falamos sobre o que significa ser branco, então falamos sobre políticas e absolutamente não sobre biologia. Assim como Negro corresponde a uma identidade política que se refere à historicidade das relações políticas e sociais, não à biologia.
Eu acho que quando a história não é compreendida e quando a história não é contada devidamente, a barbaridade repete-se.
Eu acho que o verdadeiro empoderamento de qualquer pessoa negra ou de qualquer pessoa de uma diáspora ou de uma comunidade marginalizada é ter a liberdade de ser humana. Isso quer dizer que nós às sabemos, outras vezes choramos, outras vezes não sabemos, outras vezes não queremos saber.